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Escalada de violência e tiros em mais um dia de protestos contra o regime no Sudão

Milhares de opositores seguem protestando nesta terça-feira (9) em frente à sede do Estado Maior das forças Armadas do Sudão pedindo a demissão do presidente Omar al-Béchir, no poder há 30 anos.  

Milhares de manifestantes exigem a saída do presidente Omar al-Béchir, em Cartum, em 9 abril de 2019.
Milhares de manifestantes exigem a saída do presidente Omar al-Béchir, em Cartum, em 9 abril de 2019. Sudan Congress Party/via REUTERS
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As forças de segurança lançaram bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes na capital Cartum. Segundo testemunhas, houve disparos de armas de fogo. "Posso ver muitas pessoas tossindo e cobrindo o rosto com as mãos ou máscaras médicas", disse uma testemunha. "Também é possível escutar muitos tiros, mas não está claro quem está disparando", confirmou.

Milhares de homens e mulheres estão reunidos desde sábado (6) diante do complexo que abriga a sede do Exército e do Ministério da Defesa, perto da residência do presidente. Eles pedem o apoio dos soldados e gritam frases contra o governo.

A polícia sudanesa ordenou que as forças "não interviessem" contra os milhares de manifestantes reunidos pelo quarto dia consecutivo e pediu uma "transferência pacífica de poder", junto com vários países ocidentais.

Conjuntamente, as embaixadas em Cartum dos Estados Unidos, Reino Unido e Noruega exigem "um plano de transição política credível".

Os protestos começaram há quatro meses, inicialmente dirigidos contra um aumento no preço do pão, em um país afetado pela crise econômica. Depois se transformaram em um desafio ao regime de Omar al-Bashir, que governa o país desde um golpe de Estado, em 1989.

Proteção do Exército

Desde o início dos protestos, em 19 de dezembro, o Exército não participou da repressão, que foi liderada pelo influente serviço de Inteligência (NISS) e do Batalhão de Choque. Segundo o ministério do Interior sudanês, desde sábado sete manifestantes morreram em ações para a dispersão dos protestos contra o governo.

Na segunda-feira (8), os soldados montaram barricadas nas ruas próximas ao complexo militar para evitar a aproximação de veículos, mas não fizeram nada para conter os manifestantes. "Quando o Exército está aqui, não temos medo", gritava o grupo diante do quartel.

Algumas horas antes, veículos com integrantes do NISS e do Batalhão de Choque foram posicionados nas proximidades do QG.

"As forças de segurança do regime tentam dispersar o protesto pela força", afirmou a Aliança para a Mudança e a Liberdade em um comunicado, numa referência à polícia antidistúrbio e ao serviço de Inteligência.

Os organizadores dos protestos pediram a adesão dos moradores da capital e dos arredores. E anunciaram o desejo de que o Exército "se posicionasse ao lado do povo".

A aliança de partidos da oposição também pediu ao Exército para proteger os manifestantes de ações violentas do NISS e da polícia. "Queremos que vocês, jovens oficiais e soldados, se comprometam a cumprir o papel de um Exército nacional, que é proteger o povo", afirma o comunicado.

Segundo as autoridades, desde o início da mobilização, 32 pessoas morreram. A organização Human Rights Watch (HRW) conta 51 vítimas.

O conselho de segurança sudanês, órgão presidido por Bashir e que reúne os principais comandantes do Exército e das forças de segurança, afirmou, no domingo, que as demandas dos manifestantes "têm que ser ouvidas".

Bashir, que enfrenta a maior rejeição desde que chegou ao poder, recusa-se a deixar o cargo. Depois de tentar reprimir com violência as manifestações, o líder sudanês decretou, em 22 de fevereiro, estado de emergência durante um ano em todo país.

 

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