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ÁFRICA

Zimbábue: Vice de Mugabe deixa exílio para assumir como presidente interino

Após o pedido de demissão do presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, nessa terça-feira (21), o porta-voz de seu partido Zanu-PF afirmou que o ex-vice-presidente do país, Emmerson Mnangagwa, será nomeado como interino pelo parlamento nesta quarta-feira (22). O juramento pode ocorrer dentro de 48 horas. Já a radio estatal do país, informou que a posse será nesta sexta-feira (24). Mnangagwa ocupará o cargo por 90 dias, caso novas eleições sejam convocadas.

Emmerson Mnangagwa é acusado de ter contribuido no massacre de 20 mil civis
Emmerson Mnangagwa é acusado de ter contribuido no massacre de 20 mil civis REUTERS/Philimon Bulawayo
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O homem que tirou Robert Mugabe do poder deixou a África do Sul na manhã dessa quarta-feira em um jato privado. No exílio desde a sua demissão, ele havia assegurado na terça-feira de manhã que não voltaria ao Zimbábue, temendo por sua segurança.

Presidente do partido e candidato presidencial em 2018, Emmerson Mnangagwa tem como desafio provar que apesar de sua proximidade durante 50 anos com Robert Mugabe ele poderá propor mudanças para o país.

Entretanto, ele estaria atuando nos bastidores como presidente interino. Em uma declaração divulgada pela agência de notícias Reuters, ele afirmou na terça-feira (21) que estava interessado em reunir todos os zimbabuenses para a reconstrução do país.

Um implacável "crocodilo"

Com 75 anos, Emmerson Mnangagwa era um dos associados mais próximos de Robert Mugabe e fortemente ligado aos militares. Ele acabou sendo apelidado de "o crocodilo", por ser considerado rápido, discreto e implacável, como o animal.

Mas a sua história é marcada por atrocidades. Em meados da década de 1980, foi responsável pela segurança interna durante os massacres contra a etnia de Ndebele, reduto da oposição. De acordo com organizações de direitos humanos, 20 mil civis foram mortos.

O jornalista e autor zimbabuense Peter Godwin publicou em 2011 um livro intitulado "The Fear" (O medo), sobre a repressão no Zimbábue. Para ele, "Emmerson Mnangagwa é alguém horrível, que se banha no sangue. É ele quem implementou a política repressiva de Robert Mugabe. É bastante claro que ele é tão moralmente responsável pelo que aconteceu no Zimbábue como seu ex-chefe. Mas acho que o que ele tentará fazer agora é apresentar-se como um reformista", afirma o autor.

Em 2008, sua aliança com o presidente zimbabuense para a reeleição acelerou sua carreira. Emmerson Mnangagwa acabou se tornando vice-presidente de Mugabe e presumido herdeiro. Mas a sua nomeação é questionada por causa das ambições políticas da primeira-dama, Grace Mugabe, que levaram à queda do antigo presidente. Tudo foi apressado após 6 de novembro, quando Robert Mugabe demitiu Mnangagwa.

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