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ONU denuncia estupros por soldados na República Centro-Africana

A ONU denunciou nesta sexta-feira (29), em Genebra, um novo escândalo de abusos sexuais cometidos por soldados estrangeiros contra crianças na República Centro-Africana, onde opera uma missão de paz internacional desde 2014. Uma das vítimas indicou que soldados franceses estão envolvidos nas agressões.

Um soldado da força da União Europeia (Eufor-RCA) na República Centro-Africana.
Um soldado da força da União Europeia (Eufor-RCA) na República Centro-Africana. AFP PHOTO / ISSOUF SANOGO
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Os supostos delitos teriam ocorrido principalmente em 2014, mas não se tinha noção deles até as últimas semanas, explicou o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, que se declarou alarmado pelas acusações.

Uma equipe da ONU na República Centro-Africana conversou com várias crianças e adolescentes que declararam ter sofrido abusos sexuais ou exploração de parte de soldados estrangeiros. Segundo quatro meninas, com idades entre 14 e os 16 anos no momento dos fatos, os agressores pertenciam a contingentes da força da União Europeia (Eufor-RCA). Três delas acreditam terem sido abusadas por membros das tropas georgianas.

Também há suspeitas sobre soldados de "outro país" que operam na Eufor-RCA, mas a ONU não quis fornecer mais informações antes de obter alguma comprovação. "Os soldados não foram identificados" no momento, informou uma fonte europeia, que disse que as acusações envolvem "pelo menos dez soldados". No entanto, uma das meninas entrevistadas afirmou ter praticado sexo oral com militares franceses em troca de uma garrafa de água ou de um pacote de biscoitos.

ONU abriu investigação sobre as agressões

A ONU anunciou a abertura de uma investigação sobre as novas acusações de abusos sexuais por soldados da Missão da ONU na República Centro-africana (Minusca). A UE, que leva estas acusações "muito a sério", prometeu fornecer todas as informações "potencialmente relevantes" sobre o caso.

Já o Ministério da Defesa da Geórgia declarou que vai "fazer o possível para assegurar que aqueles que cometeram esses crimes sejam responsabilizados". Cerca de 150 soldados georgianos participaram da Eufor-RCA, que contava com cerca de 700 homens entre fevereiro de 2014 e março 2015, com a missão de restaurar a segurança em Bangui.

Soldados franceses abusaram de crianças

Segundo a ONU, dois irmãos, uma menina e um menino que tinham 7 e 9 anos, respectivamente, na época dos fatos denunciados, relataram terem sido vítimas de abuso sexual em 2014, supostamente cometidos por membros das tropas francesas Sangaris. O ministro da Defesa francês, Jean Yves Le Drian, anunciou que apresentou à justiça as novas acusações.

Em 2014, um primeiro escândalo envolvendo soldados franceses veio à tona. Os incidentes ocorreram na região de um campo de refugiados em M'Poko, perto do aeroporto de Bangui, sob a proteção da Eufor e das Sangaris. Essas forças europeias não pertenciam ao contingente sob o comando da ONU.

No início de janeiro, o escândalo atingiu soldados que faziam parte da Minusca. Estes soldados pertencem a cinco países, segundo a investigação. As vítimas seriam cinco meninas.

O chefe da Minusca, o gabonês Parfait Onanga-Anyanga, prometeu "sanções duras", depois de considerar como "absolutamente inaceitável que um soldado de manutenção da paz esteja envolvido nestes atos horríveis".

Nenhum soldado francês foi formalmente acusado

Na França, cinco soldados tiveram de depor na justiça em dezembro por outros casos de supostos abusos que ocorreram entre dezembro de 2013 e janeiro de 2014. Uma funcionária francesa da ONU foi quem fez as denúncias.

Durante os interrogatórios, os soldados apenas disseram ter entregue rações alimentares às crianças sem pedir nada em troca. Mas nenhum dos militares foi formalmente acusado e as audiências não contribuíram para o avanço da investigação

Outra investigação está em curso na França sobre o suposto estupro de uma mulher centro-africana no verão de 2014 por um soldado francês.

(Com informações da AFP)

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