Retoma das negociações em Moçambique com um novo ataque em pano de fundo
Foram retomadas as negociações entre a Renamo e o governo da Frelimo esta segunda-feira no Centro de Conferências Joaquim Chissano em Maputo, um novo encontro para as duas partes discutirem essencialmente sobre a alteração à lei eleitoral, numa altura em que tem vindo a aumentar a tensão entre o partido no poder e o principal movimento da oposição.
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Uma semana depois de um ataque a um paiol em Savane na zona centro do país, deram-se esta segunda-feira novos ataques desta vez perto de Muxúngue, igualmente na região de Sofala. Homens armados atacaram viaturas, numa coluna escoltada pelo exército moçambicano, este assalto atribuído pelas autoridades à Renamo não tendo causado vítimas. Mais pormenores com Orfeu Lisboa.
Orfeu Lisboa, correspondente da RFI em Moçambique
No final da tarde, na sequência desta nova ronda negocial com a Renamo, o governo reconheceu pela primeira vez como sendo "legítimas e pertinentes" as reivindicações da Renamo no respeitante à lei eleitoral. Contudo, a delegação governamental também referiu que se mantém o impasse quanto ao pacote eleitoral, a Renamo devendo, do seu ponto de vista, submeter as suas propostas de alteração ao parlamento. Eis as declarações de José Pacheco, Ministro Moçambicano da Agricultura e chefe da delegação governamental.
José Pacheco, chefe de delegação governamental, em declarações recolhidas por Orfeu Lisboa
Por seu turno, o chefe da delegação da Renamo, Solomone Macuiana, declarou que o seu partido está disposto a submeter propostas de alteração à lei eleitoral no Parlamento, este responsável expressando por outro lado o desejo de que estas conversações desemboquem num processo eleitoral transparente.
Solomone Macuiana, chefe da delegação da Renamo, em declarações recolhidas por Orfeu Lisboa
Paralelamente ao frente-a-frente do governo com a Renamo, a actualidade Moçambicana deste início de semana também ficou marcada pela espectacular evasão este Domingo de cerca de 63 reclusos da Cadeia Provincial de Inhambane durante a qual duas pessoas morreram e quatro ficaram gravemente feridas.
Segundo o jornal "Notícias de Moçambique" que cita o director da Cadeia Provincial, Mário Malige, um dos mortos, seria um funcionário da procuradoria local atingido por bala durante um tiroteio e a segunda vítima seria um prisioneiro que também morreu baleado. Pelo menos 23 dos indivíduos em fuga já teriam sido recapturados, os restantes continuando a monte.
Ao comentar este caso, Henrique Viola, director do CEMO, Centro de Estudos Moçambicanos e Internacionais, entidade que publicou em Agosto do ano passado um relatório sobre o estado das cadeias Moçambicanas, começa por sublinhar o quanto esses estabelecimentos são obsoletos.
Henrique Viola, presidente do CEMO, entrevistado por Liliana Henriques
Noutro aspecto, ao estabelecer uma relação entre esta evasão e a tensão política que se vive actualmente no país, Henrique Viola alerta para as possíveis consequências económicas da falta de segurança numa região turística como Inhambane.
Henrique Viola, presidente do CEMO, entrevistado por Liliana Henriques
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