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Pelé sonhava em ver um país da África campeão do mundo de futebol

Pelé partiu neste 29 de dezembro de 2022 aos 82 anos, poucos dias após o fim da Copa do Mundo no Catar e de celebrar a atuação de uma seleção africana no Mundial. Desta vez, o Marrocos chegou o mais perto que uma equipe da África jamais avançou, ao conquistar o quarto lugar. Em sua carreira, o “Rei" manteve um misto de respeito e admiração pelo futebol africano.

Pelé e o craque de Camarões Eto'o, em uma campanha da Fifa contra o racismo em 2007, em Cidade do Cabo.
Pelé e o craque de Camarões Eto'o, em uma campanha da Fifa contra o racismo em 2007, em Cidade do Cabo. AFP - GIANLUIGI GUERCIA
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David Kalfa, da RFI

"Não poderia deixar de parabenizar o Marrocos pela campanha incrível. É muito bom ver a África brilhar”, escreveu o craque dos craques, no dia da final, 18 de dezembro, em sua conta no Instagram, em uma de suas últimas postagens. Em julho passado, o brasileiro havia homenageado o senegalês Sadio Mané, após o título de Jogador Africano do Ano: “[Ele] já conquistou torcedores do mundo todo com seu belo futebol. E eu sou um deles”, afirmou Pelé. 

Visitas triunfais à África

Ao longo da carreira, o ex-campeão já enfrentou diversas seleções africanas, em amistosos. Teve a série de três jogos do Brasil no Egito contra a República Árabe Unida em 1960, na qual fez um hat-trick em Alexandria, por 3 a 1. E há ainda a chegada triunfal à Argélia em 1965, com um gol na vitória por 3 a 0, a dois dias da derrubada do presidente argelino Ahmed Ben Bella.

Pelé nunca enfrentou um time da África Subsaariana com a Seleção, mas teve vários embates graças ao Santos. Em 1967, seu clube de longa data enfrentou seleções como as do Senegal, Gabão, Congo-Brazzaville e Costa do Marfim. “Foi uma experiência que mudou não só a minha visão de mundo, mas também a forma como o mundo me via”, disse ele em 'Pelé: A Autobiografia', publicado em 2006.

Em 1969, o craque jogou na Nigéria. Reza a lenda que a terrível guerra de Biafra, que resultou na morte de mais de um milhão de pessoas entre 1967 e 1970, foi interrompida durante 48 horas para este encontro em que o “Rei” marcou dois (2x2).

Admiração pelo marroquino Larbi Benbarek

Dessas experiências, Pelé extraiu uma admiração pelo continente africano e alguns de seus jogadores. Em 1976, durante uma estadia em Marrocos, declarou, por exemplo: “Se eu sou o rei do futebol, Benbarek é o deus”, dirigindo-se a Larbi Benbarek, craque marroquino de Casablanca que vestiu a camisa da seleção francesa entre 1938 e 1954.

Durante uma visita ao Marrocos, em 1975, Pelé condecora o jogador Mohammed Mahroufi.
Durante uma visita ao Marrocos, em 1975, Pelé condecora o jogador Mohammed Mahroufi. AFP - -

Pelé viu o futuro do futebol africano em grande estilo. Em várias ocasiões, ele afirmou que uma nação iria ganhar a Copa do Mundo. "Não seria uma surpresa se a Copa do Mundo de 2006 fosse vencida por uma seleção africana", avaliou, em sua autobiografia.

O rei do futebol, que legou seu sobrenome a gerações de jogadores, entre eles o ganês Abédi Pelé, nunca terá tido o prazer de ver sua profecia se tornar realidade.

Pelé, o rei coroado pelo futebol
Pelé, o eterno rei do futebol
Pelé, o eterno rei do futebol AP - Eraldo Peres

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