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Ex-presidente do Burkina Faso é condenado à prisão perpétua em julgamento histórico

O ex-presidente do Burkina Faso, Blaise Compaoré, foi condenado, à revelia, nesta quarta-feira (6) à prisão perpétua pela sua participação no assassinato do seu antecessor, o ex-chefe de Estado Thomas Sankara. O comandante da sua guarda pessoal, Hyacinthe Kafando, e o general Gilbert Diendéré, um dos líderes das Forças Armadas na época do golpe de 1987, receberam a mesma pena.

Membros da polícia do Burkina Faso na sala de audiência antes do início do processo de Thomas Sankara,  em Ouagadougou no Burkina Faso
Membros da polícia do Burkina Faso na sala de audiência antes do início do processo de Thomas Sankara, em Ouagadougou no Burkina Faso AFP - GUY PETERSON
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Yaya Boudani et Gaëlle Laleix, enviadas especiais da RFI a Ouagadougou

Durante o processo pelo assassinato de Thomas Sankara há 34 anos, que teve início em outubro de 2021, foram ouvidas mais de 110 testemunhas, durante seis meses de audiência. Os três acusados não beneficiaram de nenhuma circunstância atenuante. Eles foram considerados culpados por "cumplicidade em assassinato", "ocultação de cadáver" e "violação da segurança do Estado" e perderam todas as suas condecorações militares.

A Justiça militar havia pedido 30 anos de prisão em regime fechado para Blaise Compaoré e o comandante da sua guarda, Hyacinthe Kafando, e vinte anos para o general Gilbert Diendéré, que foi apresentado durante as audiências como o "supervisor" dos assassinatos. Diendéré foi único dos três que esteve presente no processo. Ele está preso desde 2015 por tentativa de golpe de Estado

Comparoé está exilado na Costa do Marfim e Kafando está foragido desde 2016. Os dois foram julgados à revelia. Outros oito acusados foram condenados com penas que vão de oito a vinte anos de prisão. Três acusados foram inocentados.

O ex-presidente Blaise Campaoré foi condenado à prisão perpétua
O ex-presidente Blaise Campaoré foi condenado à prisão perpétua © Muigwithania/Wikimedia, CC BY-NC

"Uma página da história do Burkina acabou de ser virada"

O veredito suscitou diversas reações na sala de audiência e foi recebido com alívio pelas famílias das vítimas. "É uma página da história do Burkina que acaba de ser virada", disse um ex-ministro de Thomas Sankara. Alguns partidários do ex-presidente aplaudiram, outros lembraram o lema do ex-chefe de Estado, "A pátria ou a morte, nós venceremos".

O rapper Serge Bambara, conhecido como Smokey e militante no país, lembrou que houve muitas tentativas para impedir o processo.  "Penso na família das vítimas, que esperam há 35 anos por esse julgamento. O mais importante é que esse processo acontecesse", disse.

Os partidários de Diendéré não esconderam a decepção. "Precisamos de um general como Diendéré", gritaram na sala de audiência. Os advogados de Blaise Compaoré denunciaram, inúmeras vezes, o fato do processo ser político. Eles estimam que o julgamento não tem nenhum valor. 

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