Acessar o conteúdo principal

Mali pede à França que retire seus soldados do país “sem demora”

As autoridades de transição do Mali pediram à França, nesta sexta-feira (18), para "retirar sem demora" os soldados das operações Barkhane e Takuba do país, um dia após o anúncio do presidente francês Emmanuel Macron e de seus parceiros militares de uma retirada coordenada, nos próximos meses.

Soldado francês da operação Barkhane no Mali.
Soldado francês da operação Barkhane no Mali. AFP - PHILIPPE DESMAZES
Publicidade

O Mali "toma conhecimento" do anúncio da retirada militar anunciado na quinta-feira (17) e pede à França que remova os seus soldados "sem demora" do Mali, segundo comunicado de imprensa.

Durante a declaração, o porta-voz do governo de transição, coronel Abdoulaye Maïga, classificou o anúncio “unilateral” da retirada francesa como uma “violação flagrante” dos acordos entre os dois países. Ele observou que os resultados de nove anos de envolvimento francês no Mali “não foram satisfatórios”.

“Perante estas repetidas violações dos acordos de defesa, o governo convida as autoridades francesas a retirarem, sem demora, as forças de Barkhane e Takuba do território nacional, sob a supervisão das autoridades malianas”, afirmou o Coronel Maïga.

O porta-voz contestou a declaração do presidente francês que, na quinta-feira, classificou a intervenção no Mali como um sucesso. Para a junta no poder, a intervenção da Otan na Líbia, em 2011, "na qual a França desempenhou um papel ativo [...] está na raiz dos problemas de segurança no Mali e no Sahel, em geral".

Por fim, o governo de transição reafirmou “sua disponibilidade para fortalecer mais o diálogo e a cooperação com os parceiros preocupados em levar em conta os interesses vitais do Mali, respeitando a soberania nacional e a dignidade do povo maliano”.

Ordem e segurança

O presidente Emmanuel Macron respondeu durante a conferência de imprensa do encerramento da cúpula União Europeia - União Africana. "A decisão de retirada será aplicada com boa ordem e com segurança. Nosso sistema será rearticulado na fronteira do Níger", afirmou o presidente francês.

Atualmente, vários milhares de soldados franceses estão presentes no Mali e a retirada das tropas representa um projeto que durará de 4 a 6 meses, como explicou o chefe de Estado francês, na quinta-feira.

Sem condições políticas

A decisão tomada pela França e seus parceiros envolvidos no Sahel de retirar as forças militares do Mali foi confirmada na quinta-feira, em uma entrevista coletiva, no dia seguinte a um jantar organizado no Palácio do Eliseu, em Paris, com os parceiros da França. Eles denunciaram "múltiplas obstruções por parte das autoridades de transição malianas" e a presença de paramilitares russos do grupo Wagner - informação sempre negada por Bamako.

Os soldados franceses passaram a ser hostilizados no Mali, morreram em emboscadas e foram comparados a uma força de ocupação, embora o pedido de ajuda para lutar contra os extremistas islâmicos tenha partido, inicialmente, de ex-dirigentes do país africano.

Após quase uma década de presença no Mali, a retirada da operação francesa que luta contra os grupos jihadistas não quer dizer, no entanto, o fim do combate ao terrorismo. Paris prometeu prosseguir com a luta na região do Sahel, ao lado de seus aliados.

"Não existem mais as condições políticas, operacionais e jurídicas para continuar de forma efetiva com o atual compromisso militar na luta contra o terrorismo no Mali e, portanto, decidimos iniciar a retirada coordenada", afirma o comunicado oficial francês. A declaração, assinada pela França, seus aliados europeus, Canadá e os sócios africanos no Sahel e no golfo da Guiné, destaca a "vontade" de seguir com a luta na região, em "estreita coordenação com os países vizinhos" do Mali.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.