Partido islamita no poder sofre derrota histórica em eleições legislativas no Marrocos
O partido islamita que governa o Marrocos há uma década sofreu uma contundente derrota para os partidos liberais nas eleições legislativas de quarta-feira (8), de acordo com os resultados preliminares divulgados na manhã desta quinta-feira (9).
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O Partido da Justiça e do Desenvolvimento (PJD, islamita moderado) passou de 125 cadeiras para 12, do total de 395 deputados, segundo dados divulgados pelo ministro do Interior, Abdelouafi Laftit.
Com isso, o “partido da lâmpada”, como é conhecido, ficou longe de seus principais rivais, o Grupo Nacional Independente (RNI), o Partido Autenticidade e Modernidade (PAM), ambos liberais, e o Partido do Istiqlal, de centro-direita.
O RNI ganhou 97 assentos, seguido pelo PAM com 82 e o Istiqlal com 78. O RNI, que faz parte da coalizão governamental, é liderado pelo rico empresário Aziz Akhannouch, identificado como próximo ao palácio.
Já o PAM, principal partido da oposição, foi fundado em 2008 pelo atual conselheiro real, Fouad Ali El Himma. O Istiqlal (Independência) é o partido mais antigo do Marrocos.
A magnitude da derrota dos islamitas era inesperada no país. Apesar da ausência de pesquisas, a imprensa e vários analistas esperavam que o PJD conseguiria permanecer entre os primeiros lugares. O partido almejava um terceiro mandato consecutivo à frente do governo marroquino.
O rei Mohamed VI terá que nomear um chefe de governo do partido que vencer a eleição, que comandará o Executivo por um período de cinco anos em substituição de Saad-Eddine El Othmani. Os resultados definitivos devem ser conhecidos ainda nesta quinta-feira (9).
Participação
A taxa de participação na eleição atingiu 50,35%, segundo o ministro do Interior, superior ao índice de 43% das eleições de 2016.
Esta foi a primeira vez que cerca de 18 milhões de eleitores escolhem seus 395 deputados ao mesmo tempo que seus representantes distritais e regionais, o que ajudou a reduzir a taxa de abstenção.
Os islamitas denunciaram "graves irregularidades" no processo, incluindo a "distribuição obscena de dinheiro" perto das seções eleitorais e "confusão" em algumas listas eleitorais onde as pessoas não conseguiram encontrar seus nomes.
No entanto, Laftit disse que as eleições aconteceram "em circunstâncias normais", apesar de alguns "casos isolados".
Em 2011, o Marrocos adotou uma nova Constituição que deu grandes prerrogativas ao Parlamento e ao governo. Ainda assim, as decisões e orientações em setores-chave continuam a emanar das iniciativas do rei Mohamed VI.
(Com informações da AFP)
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