Venezuela declara embaixador brasileiro “persona non grata”
A Venezuela declarou 'personae non gratae' o embaixador do Brasil em Caracas, Ruy Pereira, e o encarregado de negócios do Canadá, Craib Kowalik - informou neste sábado (23) a presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Delcy Rodríguez.
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"No âmbito da competência da Assembleia Constituinte, decidimos declarar 'persona non grata' o embaixador do Brasil até que se restitua o fio constitucional que o governo de fato violou nesse país irmão", disse Rodríguez, em alusão ao governo do presidente Michel Temer.
Brasília se manifestou, assegurando que aplicará "medidas de reciprocidade", se a declaração se confirmar. "O governo brasileiro tomou conhecimento de declaração de ex-chanceler venezuelana de que o governo desse país teria decidido declarar o embaixador do Brasil em Caracas 'persona non grata'", afirma a diplomacia brasileira.
"Caso confirmada, essa decisão demonstra, uma vez mais, o caráter autoritário da administração Nicolás Maduro e sua falta de disposição para qualquer tipo de diálogo", afirma a nota divulgada pelo Itamaraty, acrescentando que "o Brasil aplicará as medidas de reciprocidade correspondentes". A presidente da Constituinte informou ainda que o encarregado de negócios do Canadá tem uma "permanente e insistente, grosseira e vulgar intromissão nos assuntos internos da Venezuela".
Revanche?
A decisão responde a pronunciamentos feitos contra decretos recentes da Constituinte, um dos quais obrigará os três partidos opositores que não disputaram as eleições municipais de 10 de dezembro a se reinscreverem para participar das presidenciais de 2018.
Na sexta-feira (22), a embaixada do Canadá em Caracas escreveu em sua conta no Twitter que esse decreto "é mais uma ameaça a direitos dos venezuelanos de eleger livremente seus líderes, inclusive seu próximo presidente".
O Brasil, que entregou na sexta-feira a presidência do Mercosul ao Paraguai, exigiu da Venezuela - suspensa do bloco - respeito aos direitos humanos. O presidente Temer reforçou que o bloco voltará a acolher a Venezuela, quando a "democracia" voltar.
As relações diplomáticas entre Brasil e Venezuela foram congeladas em agosto de 2016, como consequência das críticas de Caracas ao impeachment que destitui a presidente Dilma Rousseff (2011-2016) e levou Temer ao poder.
"Depois do golpe de Estado no Brasil, aprovou-se no Congresso uma cláusula de barreira que evitaria que partidos minoritários possam ter algum tipo de participação política", prosseguiu Rodríguez, ao justificar sua decisão.
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