Maduro é “gorila da narcoditadura”, diz ex-prefeito de Caracas, que recebe prêmio Sakharov
O ex-prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, disse nesta terça-feira (12) que o prêmio Sakharov, concedido à oposição na Venezuela, reforça sua luta pela libertação dos "presos políticos" venezuelanos e se destina a virar a página de uma "história escrita com sangue".
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Segundo Ledezma, o prêmio seria um "reconhecimento aos testemunhos de bravura, dignidade, coragem" do povo venezuelano e, por sua vez, um "compromisso" pela "paz, pelo progresso e pelos direitos humanos".
A Eurocâmara de Estrasburgo decidiu conceder em outubro à "oposição democrática venezuelana", encarnada por seu Parlamento e pelos "presos políticos", o prêmio Sakharov 2017 para “apoiar a luta de um povo por sua liberdade", nas palavras de seu presidente, Antonio Tajani.
O nome de Ledezma destacava-se entre os presos citados pela Eurocâmara, mas sua fuga do país latino-americano dias depois rumo à Colômbia e, posteriormente, à Espanha, lhe permitirá receber o prêmio junto ao presidente do Parlamento venezuelano, Julio Borges.
"Eu não fugi, eu me libertei, me libertei de um sequestro". "Não há provas para justificar a minha prisão", disse o líder opositor, que se vê "mais útil fora da Venezuela" e que advertiu em sua chegada a Madri que se dedicaria a "percorrer o mundo" para dar voz à oposição.
“Narcoditadura”
Diante das bandeiras dos países europeus na sede francesa da Eurocâmara, Antonio Ledezma não poupou críticas contra o que chama de "narcoditadura" do presidente venezuelano Nicolás Maduro, mas também falou sobre as divisões internas na oposição.
As forças de oposição "desmobilizaram a rua" depois dos protestos que deixaram 125 mortos entre abril e julho, e "não defenderam a tese do referendo revogatório", "continuando dentro da armadilha de um diálogo falso, no qual o governo levou todos os troféus", advertiu Ledezma.
Segundo ele, as recentes eleições de prefeitos são "nulas" e a presidencial prevista em 2018, que pode ser antecipada, será "outra fraude" do "regime" venezuelano, pelo qual advoga por "uma transição" prévia a um processo eleitoral "livre de suspeitas".
Fortalecido pela vitória nas eleições de prefeitos, Maduro quer a sua reeleição em 2018 com o caminho livre, depois de ameaçar no mesmo dia os principais partidos opositores, que não disputaram as municipais, de excluí-los das presidenciais.
"Quem faz isso é um gorila, alguém que desempenha o papel de ditador", assegurou o ex-prefeito da capital venezuelana, que foi detido em fevereiro de 2015, acusado de conspiração e associação criminosa.
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