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Tunísia

Em plena crise oito anos após Primavera Árabe, Tunísia enfrenta greve geral

A central sindical tunisiana UGTT convocou uma greve geral no país nesta quinta-feira (17). A paralisação, que atinge principalmente os funcionários públicos, acontece oito anos após a “Revolução do Jasmim”. Os grevistas, que contestam o alto do custo de vida e os baixos salários, consideram que a situação econômica da Tunísia não melhorou desde a mobilização popular, que deu início à Primavera Árabe em 2011.

Milhares de pessoas foram às ruas durante esse dia de greve geral na Tunísia.
Milhares de pessoas foram às ruas durante esse dia de greve geral na Tunísia. REUTERS/Zoubeir Souissi
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Com informações de Aabla Jounaïdi

Em dezembro de 2010, o vendedor ambulante de 26 anos, Mohamed Bouazizi, acuado pela corrupção da polícia local, colocou fogo no próprio corpo diante da sede do governo em Sid Bouzid. O suicídio desencadeou uma onda de protestos que derrubou o presidente tunisiano Ben Ali e lançou um movimento de revolta em vários países da região.

Pouco mais de oito anos depois, a Tunísia vive uma situação econômica cada vez mais difícil. O país enfrenta uma inflação de quase 8%, e o dinar, a moeda local, perdeu metade de seu valor em quatro anos e o desemprego atinge 15% da população.

Paradoxalmente, o Banco Mundial aposta em 2,9% de crescimento esse ano, uma estimativa adubada por setores como o turismo, financiados em partes pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). No entanto, o Fundo impõe uma série de medidas de austeridade, entre elas a obrigação de reduzir a massa salarial do Estado tunisiano, que representa 40% do orçamento do país. A pressão imposta pelo FMI é uma das principais razões da greve desta quinta-feira.

Milhares de pessoas saíram às ruas e os efeitos da mobilização foram sentidos em vários setores. O aeroporto de Tunis praticamente não funcionou nesta quinta-feira, deixando milhares de passageiros bloqueados. Escolas e repartições públicas também não funcionaram.

Jornalista colocou fogo no próprio corpo em dezembro

Há meses os tunisianos se manifestam, tentando chamar a atenção da comunidade internacional sobre a situação do país, que apesar das mudanças políticas, não consegue se erguer economicamente. Vários protestos foram registrados, alguns inclusive marcados por confrontos entre manifestantes e a polícia. No dia 24 de dezembro, o jornalista Abderrazak Zorgui colocou fogo no seu próprio corpo em Kasserine, repetindo o gesto desesperado do vendedor ambulante, há oito anos.

Os protestos não têm despertado a atenção da comunidade internacional, como em 2010. Mas o descontentamento dos tunisianos deve continuar a se exprimir nos próximos meses. Principalmente porque o país se prepara para eleições presidenciais e legislativas em novembro deste ano.

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