Tchecos criticam governo nos 50 anos do fim da Primavera de Praga
Os tchecos e os eslovacos relembram nesta terça-feira (21) o 50º aniversário da ofensiva dos soviéticos contra a "Primavera de Praga". A data é marcada por vários protestos, inclusive contra o atual governo tcheco, acusado de proximidade com Moscou.
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Conhecido como uma tentativa de “socialismo com rosto humano”, a “Primavera de Praga” foi um movimento pró-democracia, precursor da perestroica, que se traduziu principalmente por uma reforma política e econômica, além da abolição da censura. Mas na madrugada de 20 a 21 de agosto de 1968, tanques soviéticos, apoiadas por unidades búlgaras, húngaras, polonesas e da Alemanha Oriental acabaram com este sonho efêmero. Cerca de quinze tchecos, em sua maioria jovens, morreram nesse dia em frente à Rádio Praga, quando tentavam impedir, desarmados, a tomada do prédio. Pelo menos 400 pessoas ficaram feridas.
Nesta terceira-feira, uma cerimônia em homenagem às vítimas da intervenção e da ocupação soviética foi organizada diante da sede da Rádio Praga. Várias cerimônias, shows e comícios acontecem em toda a República Tcheca.
Mas as manifestações logo se transformaram em protesto contra o atual governo tcheco, dirigido pelo milionário Andrej Babis. Composto pelo movimento populista ANO de Babis e pelo partido social-democrata CSSD, este governo só foi capaz de conquistar o voto de confiança graças ao apoio do partido comunista KSCM, nostálgico do antigo regime, o que suscita críticas. "Quem governa com os comunistas desonra as vítimas da ocupação de 1968!", reclamava o cartaz de um manifestante.
Gritos de "Vergonha!" e vaias ensurdecedoras de centenas de manifestantes acompanharam o discurso de Babis, cercado de guardas-costas e acompanhado pelo chefe da Câmara Baixa, Radek Vondracek, membro do ANO. Os opositores criticam o premiê por ter pertencido ao partido comunista e por supostamente ter colaborado com a polícia secreta StB, antes de 1989.
Presidente tcheco não se manifestou
Já o presidente tcheco, Milos Zeman, que é acusado por seus críticos de uma política pró-russa, preferiu se manter em silêncio durante as celebrações. A ausência de Zeman, um ex-comunista assim como Babis, foi muito criticada pelos partidos da oposição de direita. Segundo seu porta-voz, Jiri Ovcacek, o presidente "já provou sua coragem ao se opor publicamente à ocupação em 1968".
Na Eslováquia, que se separou da República Tcheca em 1993, a data também é lembrada. "Agosto de 1968 faz parte de um desses eventos que é preciso sempre recordar para as futuras gerações. Esses momentos marcaram cada família e continuam na memória de nossos familiares e avós", indicou o primeiro-ministro eslovaco Peter Pellegrini, nas colunas do jornal Hospodarske Noviny desta terça-feira.
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