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Saúde em dia

Passaporte vacinal é visto como saída para "vida normal" na Europa

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A ideia, no início vista com ceticismo na França e outros países, começa a ser considerada na Europa como a única maneira de liberar viagens ou reabrir estabelecimentos que favorecem a contaminação pelo SARS-Cov-2.

A ideia de um documento que comprove a imunidade começa a ganhar força na Europa
A ideia de um documento que comprove a imunidade começa a ganhar força na Europa © AFP
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O passaporte vacinal aos poucos se impõe diante da gravidade da epidemia que há um ano paralisa o mundo. A Suécia e a Dinamarca, por exemplo, já estão criando um certificado digital que permitirá verificar se um indivíduo foi vacinado ou não.

O partido francês UDI (União dos Democratas e Independentes) também propôs em dezembro, na Assembleia Nacional, um documento “verde” para vacinados, que autorizaria o acesso a teatros, cinemas, bares e restaurantes, inspirados na iniciativa israelense. O país, com a maioria da população imunizada, introduziu o “tav yarok”, um selo que traz um número de identificação que pode ser baixado no celular.

A União Europeia não descarta a adoção de um documento similar antes das férias de verão no hemisfério norte para facilitar a circulação dos turistas. O projeto propõe a criação de um documento com informações que vão mostrar se uma pessoa foi vacinada contra a Covid-19 ou se curou da doença. Ele poderá ser eletrônico ou impresso, para respeitar a escolha de internautas reticentes em armazenar a informação em seus smartphones.

Para Roland Sicard, diretor do Instituto de Cancerologia Sainte Catherine, em Avignon, no sul da França, o documento só será aceito pelos franceses quando todas as pessoas puderem ser vacinadas. “A partir do momento em que a vacina estiver acessível a toda a população, será difícil de dizer que não é justo, porque todo mundo poderá ter seu documento”, diz.

Ele lembra que as crianças francesas quando devem se inscrever em creches ou escolas devem apresentar o certificado de vacinação contra o sarampo. “Isso já existe na França e não representa um problema”, lembra. De acordo com ele, o calendário dependerá da capacidade de cada país em vacinar toda a população.

Na França, o objetivo é vacinar a maior parte dos franceses até setembro de 2021. “Penso que, antes disso, serão principalmente as companhias aéreas ou relações internacionais que vão tomar a iniciativa. É lógico que antes de pegar um avião, é melhor ter um passaporte em dia do que pedir um teste PCR ou às pessoas que fiquem isoladas”, declara.

O representante do Instituto do Câncer de Avignon diz que os pacientes com quem ele convive no dia a dia são, na maior parte do tempo, favoráveis ao dispositivo. Ele reconhece, entretanto, que parte dos franceses é reticente à vacinação. Mas, com a introdução de um passaporte, essas pessoas serão obrigadas a se imunizarem para evitar restrições.

“É verdade que há uma corrente de pensamento na França que é contrária à iniciativa”, diz. De toda maneira, como mostra o caso de Israel, vacinar rapidamente e o maior número de pessoas possível é uma estratégia eficaz, lembra.

Proteção de dados?

A proteção dos dados é uma preocupação legítima dos internautas franceses que se questionam de que forma o passaporte vacinal será incorporado ao cotidiano. O datacientista Arnold Zephir explica que a melhor maneira de proteger os dados é não os deixar disponíveis em rede.

 “Por exemplo, se eu tenho um computador em casa com minhas fotos de família, esse computador não deve estar conectado à internet e pronto”, explica.

Outra alternativa para proteger as informações é a conexão a redes privadas, que dificilmente podem ser invadidas. “O problema que pode existir com o passaporte vacinal é que existe um servidor que deverá sair dessa rede segura e se tornar público, de uma certa forma. Haverá sempre uma proteção, mas já deixa margem para um possível hackeamento”, detalha.

O risco existe principalmente se o governo francês, por exemplo, decidisse incluir esse passaporte no aplicativo StopCovid, que em princípio é usado para que os doentes declarem a contaminação e previnam as pessoas com quem estiveram em contato.

Para o datacientista francês, o avanço das discussões indica que o dispositivo será bem trabalhado antes de ser colocado em prática. “Tecnicamente há métodos de criptografia que protegem os dados, fazendo com que não circulem muito e sejam inacessíveis. ”

 

 

 

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