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Saúde em dia

Nova onda de casos leva França a adiantar campanha de vacinação contra Covid-19

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O aumento do número de casos de Covid-19 no país já leva a um aumento das hospitalizações, de acordo com o infectologista francês Benjamin Davido, que atua no hospital Raymond Poincaré, em Garches, perto de Paris. Por precaução, o governo francês decidiu antecipar o início da campanha de vacinação, prevista para o dia 17 de outubro, para o próximo dia 2.

A nova vacina da Pfizer/BioNTech, que já está disponível na França e será oferecida à população a partir do próximo dia 2
A nova vacina da Pfizer/BioNTech, que já está disponível na França e será oferecida à população a partir do próximo dia 2 AP - Joe Burbank
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Taíssa Stivanin, da RFI

Os hospitais do país registram há pelo menos duas semanas um aumento de cerca de 30% de pacientes positivos para o vírus Sars-CoV-2 atendidos em pronto-socorro, segundo a agência nacional de saúde pública (Santé Publique France). Segundo a rede francesa SOS Médécins, que atende pacientes em casa, entre 4 e 10 de setembro a alta foi de cerca de 17% de infecções em todas as faixas etárias, e de 58% entre as crianças.

No início da campanha de vacinação, o primeiro imunizante disponível para a população será o da BioNTech-Pfizer, a base de RNA mensageiro e eficaz contra a subvariante XBB.1.5, da ômicron. A vacina da Moderna, que utiliza a mesma tecnologia, também já foi aprovada para uso no país, assim como a Novavax, que ainda aguarda uma autorização final para ser comercializada.

O infectologista francês Benjamin Davido, que atua no hospital Raymond Poincaré, nos arredores de Paris, vive no dia a dia os efeitos da alta do número de casos de Covid-19. Ele lembra que, atualmente, não há modelização matemática ou monitoramento que indiquem, com precisão, qual é a dimensão da atual onda de casos.

Além disso, observa, os franceses simplesmente não se testam mais. “Nas ondas anteriores, as pessoas já chegavam ao hospital com o diagnóstico. Hoje, os pacientes vêm ao pronto-socorro porque passaram mal ou não estão se sentindo bem, têm dor de cabeça ou falta de ar. O diagnóstico é feito no atendimento de emergência.”

De acordo com ele, de cada três pacientes que chegam ao pronto-socorro, um será hospitalizado. Para o infectologista, isso é surpreendente, já que a taxa de internação por Covid, desde o início da epidemia, oscila entre 10 e 15%.

“A epidemia está acelerando com novas variantes que são mais contagiosas. O risco, se não aceleramos também a campanha de vacinação, é acabar com pacientes em macas nos corredores, e com dificuldade para organizar a hospitalização”, alerta.

Medidas de proteção agora são inexistentes

Segundo ele, atualmente também há um risco mais elevado de contaminação dentro do hospital, onde as medidas de proteção, como o uso de máscaras, por exemplo, foram deixadas de lado. Com a chegada do inverno no hemisfério norte, outros vírus, como o da gripe e o da bronquiolite, vão se somar ao da Covid-19, o que pode complicar ainda mais a situação nos hospitais.

Na França, a cepa predominante é a EG.5.1, que representa pelo menos 35% das contaminações, mas cerca de 1% dos casos envolvem a subvariante BA.2.86, considerada mais "preocupante" pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Elas são mais contagiosas e têm capacidade para driblar a imunidade adquirida pela população ao longo do tempo, o que preocupa as autoridades francesas.

"A Covid-19 não é um resfriado"

"É necessário parar de banalizar a Covid-19 e de associar casos graves e mortes apenas à população idosa e com comorbidades", frisa o infectologista francês. A ômicron, lembra, foi responsável pela morte de pelo menos 30 mil pessoas no país em 2022.

“Infelizmente, todos os dias pessoas morrem depois de terem sido contaminadas. Não é um resfriado”, reitera. “Hoje, as pessoas que chegam ao hospital são idosas e têm outras patologias. Não quero ser dramático, mas a má notícia é que a epidemia sempre começa assim e depois os pacientes são cada vez mais jovens. Quanto mais o vírus circula, terão mais casos graves.”

Outro problema é a falta de informação. A população, diz, não sabe da existência de uma vacina atualizada e também não interiorizou o fato de que as doses de reforço, assim como no caso da gripe, devem ser frequentes – entre seis meses e um ano, em função dos riscos.

"É preciso parar de contar as doses. A vacinação no caso da Covid deve ser feita periodicamente", lembra. Seis meses depois da vacina ou de uma infecção natural, não há mais proteção contra as novas subvariantes. Este é o caso hoje de uma grande parte dos franceses, ressalta, e por isso a dose de reforço é essencial.

O desafio agora é lidar com o ceticismo de uma boa parte da população francesa. “De uma certa forma, há urgência. Essas pessoas, nos próximos dias, podem ser contaminadas. Então, neste contexto, avançar a campanha em 15 dias faz muita diferença. Mas esse tempo deve servir para convencer os franceses a se vacinarem.”

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