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Saúde em dia

Como proteger a microbiota urinária, pouco conhecida, mas essencial para a saúde

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Nosso corpo é formado por bactérias, fungos e vírus que vivem em diversos órgãos. Hoje já se sabe que esses microrganismos, conhecidos como microbiotas, povoam o intestino, mas também o trato urinário. O papel exercido por essas “bactérias do bem” presentes na bexiga ainda é pouco conhecido, mas preservar seu equilíbrio é essencial para evitar infecções.

Como o desequilíbrio da microbiota urinária afeta o organismo?
Como o desequilíbrio da microbiota urinária afeta o organismo? © Getty Images/iStockphoto - Vonschonertagen
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Segundo a urologista francesa Sabrina Benbouzid, a comunidade científica descobriu apenas em 2012 que a urina também continha sua flora, que vive na parede da bexiga, formada por várias camadas. Antes, acreditava-se que o trato urinário, formado pelos rins, ureteres (tubos que transportam urina dos rins para a bexiga), bexiga e uretra eram estéreis e resistiam à invasão bacteriana.

“Os microrganismos constituirão uma barreira de proteção para a região. Nós já conhecíamos a flora intestinal, mas ignorávamos que as paredes da bexiga, ou em outras mucosas do corpo, também possuíssem uma microbiota”, explicou a especialista francesa ao programa da RFI Priorité Santé.

Os microrganismos intestinais e do trato urinário exercem a mesma função no corpo? Segundo a urologista, eles atuam da mesma maneira, mas as bactérias presentes no intestino são diferentes daquelas que vivem na mucosa da bexiga. “Sabemos, entretanto, que se a microbiota intestinal funciona direito, influenciará positivamente a microbiota urinária. Temos várias bactérias no ânus que podem invadir e desequilibrar a flora urogenital. Se são benignas, pelo contrário, terão um papel benéfico e por isso a sinergia entre as duas é importante”, explica a médica francesa.

Há maneiras de melhorar o "desempenho" da microbiota urinária? A urologista francesa sugere o consumo de probióticos intestinais, disponíveis nas farmácias, ou cápsulas de lactobacilos de diferentes cepas, concebidas especialmente para restaurar a flora vaginal feminina e prevenir infecções urinárias e genitais. “A microbiota das mulheres e dos homens não é a mesma e vão evoluir em função da idade e de certas patologias. Os hormônios também vão influenciar a microbiota urinária da mulher. Na menopausa, a flora se modifica”, explica Sabrina Benbouzid.

Segundo ela, com a interrupção da secreção de estrogênio, o hormônio feminino, aumentam também as infecções na região. A menstruação ou a gravidez também afetam e alteram a flora urinária.

 

A bexiga vista por dentro: as bactérias da microbiota urinária vivem na parede do órgão.
A bexiga vista por dentro: as bactérias da microbiota urinária vivem na parede do órgão. © Wikipedia

 

Primeiros sinais

Quais são então os primeiros sinais de um possível desequilíbrio? “Quando a flora se desestabiliza, haverá sinais de inflamação. O paciente terá mais vontade de urinar, terá dores ao redor da bexiga, uma sensação de queimação, e esse desequilíbrio naturalmente favorecerá um aumento das infecções. Quando elas se repetem, é sinal de que há um problema na flora”, ressalta Sabrina.

A urologista esclarece que nem sempre uma inflamação envolve um quadro infeccioso. Quando não há necessidade de tratamento antibiótico, o objetivo será reequilibrar a flora com probióticos e a diminuição da acidez da urina.

Um dos conselhos caseiros sugeridos pela urologista é colocar limão na água, tomar água mineral mais alcalina e consumir alimentos como a amora, diz a especialista, que pode ser um aliado importante para a saúde. Beber muita água é outra medida simples, mas essencial para diminuir a inflamação na mucosa.

Os antibióticos, apesar de muitas vezes necessários, também podem alterar a microbiota urinária. Por isso a urologista lembra que, em casos de infecções repetitivas, uma molécula específica, que respeite a flora vaginal, intestinal e urinária será proposta ao paciente. “Os antibióticos devem ser usados, claro, mas é preciso saber exatamente qual deve ser utilizado em cada caso. Infelizmente há um uso abusivo às vezes e isso trará consequências para a flora”, resume.

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