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O músico brasileiro João Selva traz seu ritmo vibrante e ensolarado para show em Paris

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Radicado na França desde 2010, o músico carioca João Selva apresenta o seu novo álbum "Passarinho" em um show no Café de la Danse em Paris nesta sexta-feira (12) a partir das 19h30. Nesta entrevista à RFI, Selva conta como saiu de uma comunidade alternativa cristã no Rio de Janeiro para Lyon, na França, com giros pelo Nordeste do Brasil, América Latina, Caribe e África e como essas andanças influenciam a sua música de arranjos ensolarados que misturam samba, soul, jazz, funk e outros ritmos. 

O músico brasileiro João Selva nos estúdios da RFI em janeiro de 2024.
O músico brasileiro João Selva nos estúdios da RFI em janeiro de 2024. © Paloma Varón/RFI
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Paloma Varón, da RFI

Chamado pela crítica musical francesa de "O Trovador de Ipanema", João Selva conta que o seu disco mais recente, "Passarinho", começou a ser gestado durante a pandemia. "Da janela do meu estúdio eu ouvia um passarinho cantar e eu tinha o sentimento que as pessoas não estavam conseguindo respirar por causa da Covid, mas também por conta do planeta. Esta música é muito inspirada nisso e também no livro do Aílton Krenak, 'Ideias para adiar o fim do mundo', que diz que a gente tem que continuar sonhando com um futuro agradável". 

João Selva, que já lançou os álbuns "Natureza" (2017) e "Navegar" (2021) já fez música de protesto, revisitou o tropicalismo e agora lançou seu terceiro álbum, com uma pegada ecológica, sempre misturando ritmos e estilos. "A música brasileira é muito rica e abrangente. O Hermeto Pascoal diz que é uma música universal e eu acredito muito nisso. Na minha vivência, por ter viajado muito, ter passado um tempo na África e no Caribe, eu vejo que a gente tem essa coisa universal e que dialoga com a música africana, caribenha, europeia... eu defino a minha música como uma música do Atlântico negro, vendo este espaço como algo que nos une mais do que nos separa", conta. 

Filho de um pastor de uma comunidade alternativa cristã frequentada por artistas, no Rio de Janeiro, ele o fez se abrir para o mundo das artes desde pequeno. "Tinha teatro, dança, música. Eu passava muito tempo na igreja, por causa do meu pai, e ficava ali perto dos músicos, com uma fascinação pelos instrumentos, pela banda e também pela parte técnica. Isso me abriu ao universo da música e também para ver esta força da música, que cria um elo entre as pessoas e também com o mundo invisível", diz ele, sobre a potência da música. 

Andanças pelo Atlântico negro

"Eu sempre compus, mas não me imaginava vivendo da música. Era uma coisa muito íntima e eu não me imaginava tendo que negociar isso, entrar numa lógica mercadológica com a minha arte. Então eu primeiro estudei teatro e acabei entrando numa companhia que fazia music hall, ou seja, espetáculos de teatro com música, dança e canções. Eu também compunha para esses espetáculos", conta ele, que também atuou e cantou em diversos espetáculos infantis, passando pela África do Oeste, América Latina e Caribe. 

Sua trupe também fazia apresentações para crianças desfavorecidas e em áreas mais distantes dos centros urbanos. "No Brasil, a gente tocou em quilombos, em comunidades indígenas, e toda esta vivência desses anos de turnê alimentou a minha visão de mundo, de cultura, e acho que isso está bem presente na minha música". 

Sobre a sua relação com a  França, João Selva diz que o país que o acolheu tem uma abertura para o resto do mundo. "Acho que esta coisa de pensar global mas viver local é muito concreta para mim aqui na França. Com certeza, é uma das coisas que me fez ficar aqui", relata.

O próximo projeto de João Selva é fazer um espetáculo musical para crianças, com "uma leitura mais ecológica do 'Auto do Boi'". "Eu sou muito inspirado pela cultura popular, eu sempre digo que a minha primeira escola de arte é a capoeira, foi isso que me abriu os olhos para a riqueza da música popular brasileira", revela ele, que ganhou uma bolsa para este projeto, que deve ser apresentado em um festival no verão europeu deste ano. 

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