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"A mesma luta": Rosa Gauditano apresenta em Arles fotolivro sobre a luta feminina durante ditadura

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A fotógrafa brasileira Rosa Gauditano apresentou durante o festival Encontros de Arles, no sul da França, o fotolivro “A Mesma Luta”, um recorte de seu extenso trabalho sobre os movimentos sociais durante a ditadura.

Mulher faz "V" da vitória durante II Congresso da Mulher Paulista, em 1980.
Mulher faz "V" da vitória durante II Congresso da Mulher Paulista, em 1980. © Rosa Gauditano/StudioR - Rosa Gauditano/StudioR@
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Patrícia Moribe, enviada especial a Arles

O fotolivro “A Mesma Luta” se concentra na participação das mulheres nos movimentos sociais, de 1974 a 1984. “É um recorte de um trabalho maior que eu tenho nesses anos que trabalhei para um jornal da imprensa ‘nanica’ [independente], o jornal Versos", relata Rosa Gauditano

 

3° Congresso da Mulher Paulista, 1981.
3° Congresso da Mulher Paulista, 1981. © Rosa Gauditano/StudioR - Rosa Gauditano/StudioR@

 

Essa releitura sobre a ação feminina foi feita no meio da pandemia, em 2021. “Ele foi impresso em São Paulo, numa pequena gráfica, em autoedição. O Instituto Moreira Salles selecionou como um dos melhores livros do ano, em São Paulo e, no ano passado, ele ganhou o primeiro prêmio de livros autoeditados no Photo España, em Madri.”

Mundo gay paralelo

Ainda este ano, Rosa Gauditano participa da Bienal de São Paulo com o trabalho sobre o universo lésbico da capital paulistana em 1979. Feita para a revista Veja, a reportagem nunca foi publicada.

 

Boate lésbica no centro de São Paulo, em 1979.
Boate lésbica no centro de São Paulo, em 1979. © Rosa Gauditano/StudioRstudior@studiorimagens.com.br Tel : 11999047643

 

Durante um mês, Rosa frequentou dois lugares míticos de encontros de lésbicas, numa época em que os espaços LGBT ainda eram quase clandestinos, o Ferru’s bar e a boate Dinossauro. Ela pediu a permissão para as frequentadoras e só registrou as mulheres que concordaram. “Elas era muito perseguidas, ainda mais que hoje”, conta Rosa. “Aos poucos, cada dia que eu ia lá, encontrava uma, elas me apresentavam para outras e eu fui montando esse trabalho.”

 

Momento de descontração no mítico Ferru's bar, em São Paulo.
Momento de descontração no mítico Ferru's bar, em São Paulo. Rosa Gauditano/StudioRstudior@studiorimagens.com.br Tel : 11999047643

 

Rosa Gauditano também é conhecida por ter acompanhado por mais de 30 anos os povos tradicionais no Brasil. “Comecei em 1989, quando eu fui fotografar o encontro de Altamira, no sul do Pará, que foi um encontro realizado por várias ONGs com os índios Kayapó do sul do Pará, que estavam protestando contra a Usina de Carajás, que nada mais era do que a usina de Belo Monte, que depois foi construída”, relata.

 

Menino Yanomami com beija-flor.
Menino Yanomami com beija-flor. Rosa Gauditano/ Studio R - Rosa Gauditano

 

“Eu me dei conta de que eu não conhecia nada sobre os indígenas no Brasil e que a imprensa brasileira não publicava quase nada sobre os indígenas do Brasil. Era como se eles não existissem”.

O encontro motivou Rosa a fazer várias viagens e reportagens sobre os Yanomami e os Xavante, entre outros. Ela foi a primeira fotografa a registrar todos os rituais dos Xavante, que resultou no livro “Raizes do Povo Xavante”.

Ela fotografou ainda a posse do presidente Lula. “Eu acompanho os indígenas há mais de 30 anos e eles sempre foram colocados à margem em todos os governos brasileiros. E agora, com a mudança de governo, temos uma ministra indígena, Sônia Guajajara, que é uma mulher muito guerreira, que foi diretora da Associação dos Povos Indígenas do Brasil”.

 

Lula sobe a rampa do Planalto com o líder Raoni.
Lula sobe a rampa do Planalto com o líder Raoni. © Rosa Gauditano.

 

“Foi a maior emoção da minha vida”, conta, sobre o momento em que o novo presidente subiu a rampa “de braço dado com o povo brasileiro, e especialmente com o grande líder, Raoni, que conheci no encontro de Altamira, em 1989”.

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