Acessar o conteúdo principal

Brasil marca presença no festival de fotografia Encontros de Arles, no sul da França

Começa nesta segunda-feira (3) em Arles, no ensolarado sul da França, a 54ª edição do principal festival de fotografia do calendário internacional. O Brasil marca presença este ano, com um prêmio para Rosângela Rennó e várias exposições, debates, projeções e encontros.

Foto de autoria desconhecida durante evento na Casa Susanna (EUA). Cortesia Art Gallery of Ontario.
Foto de autoria desconhecida durante evento na Casa Susanna (EUA). Cortesia Art Gallery of Ontario. © AGO.
Publicidade

Patricia Moribe, enviada especial da RFI a Arles

Restrições da Covid-19 são coisas do passado. Os turistas estão de volta à França, o verão bate recordes de temperatura e o mundo da fotografia tem mais um encontro marcado para os Encontros de Arles. Os eventos “OFF”, ou seja, paralelos à programação oficial estão novamente acontecendo por todos os cantos.

Durante a primeira semana do evento, profissionais se reúnem para fazer um balanço da fotografia, atraindo fotógrafos, editores e amadores de todos os níveis. Os influentes editores e fotógrafos asiáticos, sumidos durante a pandemia, também estão de volta.

Há cinco anos, o festival vem dando um apoio extra ao trabalho de fotógrafas com o prêmio Women in Motion. Depois das gigantes Susan Meiselas, Sabine Weiss, Liz Johnson Artur e Babette Mangolte, agora é a vez da mineira Rosângela Rennó. Artífice da memória, a artista busca em arquivos desconhecidos, banais ou anônimos, uma leitura diferente da imagem. O prêmio será entregue em uma noite especial no Teatro Antigo romano de Arles, na terça-feira (4).

Ainda no programa oficial, João Kulcsar, organizador do festival de fotografia de Paranapiacaba, em São Paulo, é um dos especialistas convidados para a concorrida leitura de portfólios. Este ano são mais de 160 profissionais da fotografia que vão opinar e orientar fotógrafos do mundo todo.

O carioca José Diniz participa da coletiva “Grow Up”, em um casarão ocupado pela Fundação Manuel Rivera-Ortiz, cujo tema este ano foi observar os movimentos das plantas através do mundo. Há alguns anos Diniz vem pesquisando e experimentando o pau-brasil. O resultado é uma reflexão sobre o poder e a opressão, sobre a imposição cultural e o descaso em relação ao meio ambiente.

Outra iniciativa importante no OFF, é o chamado “Brasil Imprevisto”. O laboratório profissional Initial LABO, com a colaboração de associações como a Iandé, agita um espaço central da cidade com projeções todas as noites e mesas-redondas com profissionais.

Casa Susanna

O projeto “Casa Susanna”, na programação oficial, resgata a história de um local mítico, mas até então pouco conhecido publicamente, sobre um espaço de abrigo e incentivo para homens que apreciavam o “cross-dressing” na América puritana dos anos 1950 e 1960. Fotografias encontradas em um mercado de pulgas em Nova York em 2004 revelaram ao mundo a Casa Susanna, onde, durante um final de semana ou temporadas mais longas, homens podiam se vestir e viver como mulheres.

Cinema e fotografia

Os Encontros de Arles também destacam o cruzamento do cinema com a fotografia. O americano Gregory Crewdson apresenta seu trabalho, que parece um flagrante de um momento, um inesperado que, no entanto, é cuidadosamente preparado e encenado.

O alemão Wim Wenders mostra as fotos Polaroid de bastidores das filmagens de "O Amigo Americano", com os atores Dennis Hopper e Bruno Ganz.

Trabalho de Rosângela Rennó, vencedora do prêmio Women in Motion, dos Encontros de Arles.
Trabalho de Rosângela Rennó, vencedora do prêmio Women in Motion, dos Encontros de Arles. © Rosangêla Rennó

A cineasta belga Agnès Varda é outra contemplada nessa categoria, com suas imagens do final dos anos 1940 de um bairro popular em Sète, também no sul da França, uma premissa para o seu primeiro longa-metragem, “La Pointe Courte", realizado alguns anos depois.

 Luto

A venezuelana Oleñka Carrasco, baseada em Paris, exibe "Patria", um projeto iniciado com a morte do pai e que foi tomando grandes proporções poéticas sobre a perda e a memória, mas também trágicas, quando a artista discorre sobre o momento quando isso ocorreu, ou seja, numa Venezuela pauperizada e cotada a dólares.  

Da série "Casa emprestada para um luto".
Da série "Casa emprestada para um luto". © Oleñka Carrasco

Outra atração paralela ao festival é um passeio à torre da Fundação Luma, criada pelo arquiteto americano Frank Gehry há dez anos. O destaque vai para um dos maiores nomes da fotografia contemporânea – Diane Arbus. A americana, morta em 1971, é autora de retratos que entraram para o léxico da fotografia, como o de duas gêmeas idênticas, imagem que inspirou o genial cineasta Stanley Kubrick para criar suas gêmeas do filme “O Iluminado”. Outra foto conhecida, fruto de suas andanças por Nova York, é a de um menino segurando uma granada de brinquedo em um Central Park ensolarado.

Os Encontros de Arles, que vão até 24 de setembro, convidam os passantes, não necessariamente envolvidos com a fotografia, a explorar suas ruelas romanas e descobrir infinitas imagens através do ponto de vista de artistas do mundo todo. 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.