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“Ameaça aos direitos humanos é latente no mundo inteiro”, diz Ruth Manus ao lançar guia antimachismo na França

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A advogada e escritora Ruth Manus percorreu as cidades francesas de Paris e Lyon, além de fazer uma visita à Genebra, para o lançamento em francês de seu "Guia Prático do Antimachismo". A obra procura tratar do machismo na sociedade com pedagogia e, ao mesmo tempo, com ativismo e combatividade. 

A advogada e escritora Ruth Manus, em Paris.
A advogada e escritora Ruth Manus, em Paris. © Elcio Ramalho / RFI
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“Adoraria que fosse um tema fora de moda, que já ficou no passado, mas não é. E não é só no Brasil, em Portugal e na França. Imagino que isso se estenda a outros países. Fico feliz por ter oportunidade de publicar [o livro] aqui, e, ao mesmo tempo, triste de ver que num país desenvolvido como a França, isso também seja necessário”, afirma Ruth Manus sobre seu "Guide Pratique Antimachisme", publicado no país pela editora Anacaona.

 A especialista em direito pesquisou muito os temas do feminismo, da diversidade e da violência contra mulheres antes de lançar a versão original do texto em 2019 no Brasil.

“Eu percebi que nada é óbvio. Às vezes a gente está em certas bolhas de discussão, enquanto lá fora o mundo está acabando, com movimentos de extrema direita se fortificando. A ideia não é esgotar o tema, é um guia prático que vai te dar elementos para tentar visitar o machismo que existe dentro de você e tentar combater”, explica.  

Na tentativa de abordar o tema de maneira ampla e acessível, Ruth Manus aborda clichês, comportamentos sociais e até denuncia uma falsa percepção, segundo ela, de que a luta pelos direitos das mulheres, das comunidades LGBTQIAP+ e de outros grupos considerados vulneráveis avança na sociedade.

“As coisas não estão melhorando. A gente sabe o que aconteceu no Brasil nos últimos quatro anos, as ameaças que existem na França, nos Estados Unidos. Tinha uma fachada que as coisas estavam melhorando, mas não. As ameaças em relação aos direitos humanos, aos direitos fundamentais são latentes no mundo inteiro”, diz, convicta. 

“É uma forma muito traiçoeira de dizer que a discussão é inútil e que esses grupos vulneráveis estão fazendo discussões chatas, fazendo o famoso ‘mi-mi-mi’, como dizemos no Brasil. Quando, na verdade, a gente continua morrendo, vivendo com violência e com medo em muitas camadas e grupos que de alguma maneira são vulneráveis”, acrescenta.

Combate diário ao machismo

Ruth Manus, que também é professora universitária e palestrante, observa que o machismo também se manifesta quando há resistências até na compreensão de conceitos como a sigla do movimento LBGTQIAP+, que agrega diversas “camadas de pessoas” e seus diferentes desafios.

“Há questões biológicas, de identidade de gênero, de orientação sexual. Então o machismo fecha os olhos para tudo que é diversidade”, afirma. “Enquanto você não entender o que é uma pessoa transexual, uma mulher travesti, e não respeitar isso, não entender a luta das mulheres negras, das mulheres muçulmanas e fingir que não vê isso, não dá para dizer que você vive uma vida antimachista”, alerta.  

Em pouco mais de 130 páginas, Ruth Manus propõe com linguagem didática diversas reflexões sobre a estrutura machista ancorada historicamente e sugestões para romper a ideia de que o homem ocupa naturalmente uma posição superior na sociedade.

Para avançar na igualdade de direitos, ela compara o esforço a ser feito com a ginástica, que não pode ser apenas pontual para atingir seu resultado e mantê-lo.  

“O combate ao machismo, ao racismo, à homofobia, à xenofobia, à gordofobia tem que ser diário. Porque o inconsciente coletivo e o senso comum ficam o tempo todo bombardeando a gente para regredir o nosso pensamento”, justifica.

Para ouvir e ver a entrevista completa, clique na imagem acima.

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