Jonir Figueiredo expõe em Paris animais e mazelas do Pantanal: "a arte deve registrar o momento"

Há 50 anos o artista plástico Jonir Figueiredo, 71, dedica sua obra a retratar o seu Pantanal natal. Diante da superexploração e da destruição do bioma, Jonir usa sua arte para colocar em evidência a fauna e a flora ameaçada. Ao longo do mês de maio, parte dessa obra está em exposição em Paris.

O artista plástico Jonir Figueiredo expõe suas obres em Paris © Cristiane Capuchinho

Nascido em Corumbá (MS), ao longo da carreira, Jonir produziu um grande acervo de obras coloridas que colocam em evidência a paisagem alagada, os animais da região e as belezas naturais.

"É recorrente no meu trabalho um tom muito lúdico, com uma temática naïf, ingênua, em que eu me reporto à minha infância", conta o pintor, que tem entre suas memórias os banhos no rio Paraguai e a proximidade com animais silvestres.

Ao longo dos anos, a superexploração do bioma voltado à exportação passou a aparecer em sua obra, em coleções como "Mapas do Paraízo - Pantanal Brazil". "Este z é a minha denúncia sutil da depredação do Pantanal, que já vem há muito tempo", explica.

A temática aparece ainda mais forte em sua série mais recente de trabalhos: "SOS Pássaros para o Pantanal", gravuras e desenhos em preto e branco feitos a partir das queimadas que devastaram a região em 2020.

"Viajando entre Campo Grande e Corumbá, a queimada está do lado ali do asfalto. Eu peguei alguns galhos queimados e veio a primeira ideia de fazer meus desenhos a partir desse carvão", relata Jonir.

A ideia deu origem a uma centena de obras, em que o "preto é o negror das queimadas propositais. Muitas pessoas que estão se apossando ou comprando terras desmatam para plantar soja, grama para criação de gado e isso está trazendo um prejuízo muito grande para o Pantanal. Esquentando, secando as nascentes", denuncia o pintor.

O artista plástico Jonir Figueiredo expõe suas obres em Paris © Cristiane Capuchinho

O assunto vem à tona, em suas palavras, porque "o papel da arte é registrar o momento".

Após ter exposto no Japão, na Rússia, em Portugal, na Alemanha e nos Estados Unidos ao longo da carreira, Jonir comemora seus cinquenta anos de trabalho em uma série de vernissagens em Paris, até o dia 31 de maio.