Acessar o conteúdo principal
RFI Convida

Pandemia representou virada na obra de Carolina Martinez, que expõe pela primeira vez em Paris

Publicado em:

Ela é arquiteta e pintora. A dupla formação é evidente nos trabalhos de Carolina Martinez, artista brasileira que faz a sua primeira exposição individual em Paris. Nesta entrevista à RFI, ela conta sobre uma virada na carreira e a alegria de apresentar seu trabalho na capital francesa.

Carolina Martinez, pintora.
Carolina Martinez, pintora. © RFI
Publicidade

“Esta é a minha primeira exposição individual na Europa, acontece aqui em Paris, na galeria Ilian Rebei, no bairro do Marais, até o dia 28 de março, e nesta exposição eu apresento dez novas obras, que representam uma mudança grande no meu trabalho”, explica. “Não na questão conceitual, pois eu sempre tratei na minha carreira da arquitetura, de espaços vazios e locais que nos passam desapercebidos no dia a dia. Porém, anteriormente, as minhas pinturas eram muito mais sóbrias, sem muito contraste de cor”, completa a artista.

A exposição intitulada "Alvorada", ou "L’Aube", em francês, é composta por dez telas de diferentes formatos, uma produção inédita, ainda que seja resultado de uma década de trabalho. “É uma reinvenção da minha própria trajetória”, observa ela, citando a preferência, nesse momento, por cores, no lugar dos tons neutros, uma escolha imposta pela pandeia de Covid-19.

“Dada a questão da pandemia e da restrição de material, foi um desafio, tanto interno de lidar com estes espaços vazios e transitar menos pela cidade, quanto um desafio em termos de matéria. Eu comecei a fazer minhas próprias cores e combiná-las de formas inusitadas até então para mim”, diz.

Carolina trabalha a noção do espaço, das superfícies urbanas, enquadramentos, um trabalho que, como ela mesmo explica, se aproxima muito da arquitetura. “Eu tenho graduação em arquitetura e cursei a Escola de Artes Visuais do Parque Laje. Acredito que esta dupla formação é evidente no meu trabalho. E a arquitetura permeia todos os aspectos da minha obra.”

“Aqui em Paris, eu apresento pinturas, mas eu trabalho, também, com instalações, colagens de fotografias, pintura em papel e basicamente com a madeira como suporte. Eu escolho a madeira por ela ser um elemento presente no tridimensional, presente na arquitetura. Até a espessura da tela de madeira faz diferença”, explica.

Uma das obras de Carolina Martinez em exposição em Paris.
Uma das obras de Carolina Martinez em exposição em Paris. © arquivo pessoal

Perspectivas

Embora não haja corpos ou pessoas, o trabalho da artista explora a noção do olhar, do ponto de vista de quem vê e os ângulos mais inusitados. “São arquiteturas vazias, não mais melancólicas como as minhas obras anteriores, mas continua sem a figura humana, a não ser pelo olhar. São perspectivas que somente um olho humano poderia retratar e observar, e estes espaços me remetem a imagens oníricas e à memória de lugares que passamos”, completa.

“É um convite para o espectador presenciar estes espaços vazios que eu retratei, mas cada um tem um olhar sobre as obras e as cores e elas funcionam de forma diferente para cada pessoa”, afirma. “Toda obra parte do olhar do artista e o espectador tem um papel fundamental, como um terceiro elemento que vai passar adiante alguma mensagem ou um sentimento que a obra ressaltou para ele”, completa.

Os interessados podem conhecer o trabalho de Carolina Martinez na galeria Ilian Rebei. O endereço é 50 Rue Chapon, no bairro do Marais, em Paris.  

Os trabalhos de Carolina Martinez expostos na galeria Ilian Rebei. 50 Rue Chapon, no bairro do Marais, em Paris.
Os trabalhos de Carolina Martinez expostos na galeria Ilian Rebei. 50 Rue Chapon, no bairro do Marais, em Paris. © arquivo pessoal

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.