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Boxe Boxe Brasil com 9 bailarinos brasileiros em cena lota Filarmônica de Paris

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O espetáculo é uma criação do conceituado coreógrafo francês Mourad Merzouki. Os ingressos para assistir a Boxe Boxe Brasil, de 29/01 a 1° de fevereiro, esgotaram há vários meses. O espetáculo integra a programação em torno da mostra Hip-Hop 360, atualmente em cartaz na Filarmônica de Paris.

Boxe Boxe Brasil
Boxe Boxe Brasil © Michel Cavalca
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Os nove bailarinos brasileiros que atuam em Boxe Boxe Brasil trabalham com Mourad Merzouki desde 2008. O coreógrafo francês conheceu o trabalho deles pelo então diretor da Bienal da Dança de Lyon, Guy Darmet, e ficou encantado com o talento dos jovens originários de bairros pobres do Rio de Janeiro, adeptos da dança de rua e da cultura urbana.

Boxe Boxe Brasil é a terceira colaboração dos bailarinos brasileiros com o coreógrafo francês, diretor da companhia de hip-hop Käfig. As primeiras foram Agwa e Correria. O novo espetáculo é uma versão de uma coreografia de sucesso de Merzouki, recriada 10 anos depois só com os brasileiros.

da esquerda para a direita: Diego Leitão, o White, Hélio Cavalcanti, Alexsandro Da Silva, o Pitt, e Diego Dos Santos, Dieguinho.
da esquerda para a direita: Diego Leitão, o White, Hélio Cavalcanti, Alexsandro Da Silva, o Pitt, e Diego Dos Santos, Dieguinho. © A. Brandão/ RFI

Em cena, Alexsandro Soares Campanha da Silva (Pitt), Cleiton Luiz Caetano de Oliveira, Diego Alves dos Santos (Dieguinho), Diego Gonçalves do Nascimento Leitão (White), Geovane Fidelis da Conceição, Hélio Robson dos Anjos Cavalcanti, Jose Amilton Rodrigues Junior (Zé), Leonardo Alves Moreira (Leo) e Wanderlino Martins Neves (Sorriso). Todos moram no Brasil e só vêm à França na época das apresentações, como agora.

Hip-hop e música clássica

Como no outros outros trabalhos de Merzouki, Boxe Boxe expande a linguagem do hip-hop, incluindo elementos de outras disciplinas, como o circo, dança contemporânea, artes marciais, no caso o boxe que Merzouki praticou quando jovem. Para a nova versão, o francês incorporou a capoeira e outras pitadas da cultura brasileira.

Os bailarinos dividem o palco, ou melhor o ringue, com os músicos do quarteto francês Debussy. O espetáculo propõe uma “confrontação” entre cultura popular e erudita, visando quebrar barreiras e superar estereótipos.

 

“O Mourad sempre propõe diversificar essa cultura hip-hop. Ele faz esse ‘mix’ de ter a movimentação das danças urbanas junto com a música clássica e abrange vários públicos”, conta Alexsandro da Silva, mais conhecido como Pitt, para quem contracenar com os músicos do Quarteto Debussy é “um encontro magnifico, um privilégio, um presente”.

O coletivo de bailarinos brasileiros já fez várias turnês com as duas outras coreografias de Merzouki. Já percorreu com sucesso 23 países, mas essa primeira apresentação na Filarmônica de Paris é especial. “Eu e os outros meninos estamos morrendo de felicidade. É a primeira vez que estamos pisando em uma Filarmônica (...) poder colocar a nossa arte junto com o quarteto (mostra) a esse público muita força de vontade de querer dançar, apesar de a gente estar vindo de um momento muito pandêmico e muito difícil”, diz Pitt.

 

O bailarinho Alexsandro Da Silva
O bailarinho Alexsandro Da Silva © A. Brandão/ RFI

 

 

Falta de apoio no Brasil

O bailarino ressalta a importância dessa colaboração para a divulgação da arte brasileira, mas também para a “sobrevivência” dos profissionais. “Dentro do nosso país é muito difícil você viver ou sobreviver da arte e quando a grande tem a oportunidade de vir para a Europa a gente mostra para o que veio”.

Para Pitt, falta apoio no Brasil para o setor artístico e pergunta que não cala é: “Por que um francês atravessou o oceano, recrutou bailarinos brasileiros e fez uma turnê na França e em 23 países? Por que isso não aconteceu com um coreógrafo brasileiro? Nós somos provas de que é possível viver de dança, mas não pelo querer de um coreógrafo brasileiro. (...) O Brasil não dá apoio para expor seu próprio trabalho dentro do país”, critica, que sonha em poder voltar a apresentar os espetáculos com a Cia Käfig no Teatro Municipal do Rio ou em outros teatros brasileiros. Em 13 anos de colaboração com Merzouki, eles fizeram uma única turnê no Brasil.

Depois da Filarmônica de Paris, e antes dos bailarinos voltarem para casa, Boxe Boxe Brasil será apresentado em duas cidades da periferia de Paris e no Luxemburgo, entre os dias 4 e 10 de fevereiro.

 

 

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