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Com presença de Kamala Harris, nova presidente de Honduras toma posse pressionada por rivais

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A esquerdista Xiomara Castro tomou posse nesta quinta-feira (27) na presidência de Honduras. Mas antes mesmo de assumir o poder sua liderança foi contestada por um grupo de deputados dissidentes de seu partido, o Liberdade e Refundação (Libre), abrindo uma crise política no país. O professor da UnB, Roberto Goulart Menezes, avalia que essa pressão visa “emparedar” Castro e frear alguns de seus planos de governo.

Xiomara Castro assume presidência de Honduras e busca saída para crise política
Xiomara Castro assume presidência de Honduras e busca saída para crise política AP - Moises Castillo
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Xiomara Castro, de 62 anos, será a primeira mulher a governar o país da América Central. Ela prestou juramento diante de 29.000 pessoas no Estádio Nacional. A cerimônia contou com a presença da vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, do rei da Espanha, Felipe VI, entre outros convidados, como a ex-presidente brasileiro Dilma Rousseff. A posse marca a volta da esquerda a Honduras.

Esposa do ex-presidente Manuel Zelaya, deposto por um golpe em 2009, a esquerdista venceu as eleições de 28 de novembro de 2021 com uma coalizão liderada pelo Libre Ela derrotou o direitista Partido Nacional, do presidente Juan Orlando Hernández, com uma margem pequena de votos.

Para concretizar seus planos de combate à corrupção, ao tráfico de drogas e à pobreza, o novo governo precisa do apoio do Parlamento, onde não tem maioria. Para complicar ainda mais a situação, dissidentes do 'Libre', insatisfeitos com o nome indicado por Xiomara Castro para liderar o Congresso do país, organizaram uma votação paralela com o apoio dos partidos da oposição de direita e elegeram o deputado Jorge Cálix. O candidato da nova presidente, Luis Redondo, também foi eleito e duas legislaturas paralelas e concorrente foram instaladas no país.

Para o professor Roberto Goulart Menezes, coordenador do Núcleo de Estudos Latino-Americanos do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), essa crise é ainda reflexo do resultado das urnas.

“Tanto os dissidentes do partido Libre quanto os integrantes do derrotado Partido Nacional de Honduras estão arrastando a derrota, procurando questionar a vitória da Xiomara de outra forma. Eles estão forçando a presidente e seu grupo no início do mandato.” Menezes diz que eles indicam à nova dirigente que ela não “terá vida fácil para levar adiante os seus projetos e aprovar as medidas que ela precisa no Congresso”.

O professor Roberto Goulart Menezes
O professor Roberto Goulart Menezes © Arquivo pessoal

Instabilidade política

O professor da UnB lembra que para superar as rivalidades, Xiomara Castro “vem dando declarações de que quer fazer um governo para restaurar a democracia no país”, que desde o golpe de 2009 contra Zelaya passou “a viver uma turbulência política que levou a uma instabilidade institucional muito grande”.

“Neste momento, parte dessas forças políticas que participaram do golpe em 2009 e que estiveram presentes nos últimos três governos, tentam digamos, de certa forma emparedar o governo Xiomara Castro de tal forma que as medidas que ela pretende fazer, sobretudo combatendo a violência urbana associada ao tráfico de drogas e também a questão da corrupção, sejam mais brandas no início de seu governo”, indica o coordenador do Núcleo de Estudos Latino-Americanos.

A solução para essa crise seria uma terceira via, com a indicação para a presidência do Congresso de um terceiro nome “menos identificado” com os dois grupos, que já estaria sendo negociada.

Extradição e migração

Segundo o professor da UnB, um dos pontos-chaves do novo governo “é a legislação sobre a extradição de traficantes de Honduras para os Estados Unidos”. O outro, é a questão da migração. A pobreza e a violência levam milhares de hondurenhos a deixar o país e a tentar migrar para os Estados Unidos.

“A migração é um tema fulcral para o governo Biden com Honduras”, aponta Roberto Goulart Menezes. Ele acredita que o país sofrerá “pressão dos Estados Unidos” para enfrentar essa questão. Ele lembra que Biden adotou um plano migratório e “está em contato com os países do chamado triângulo do norte - El Salvador, Honduras e Guatemala - para tentar financiar projetos sociais, políticas públicas para tentar manter uma parte da população em seus respectivos países”.

Honduras tem 71% de seus quase 10 milhões de habitantes vivendo na pobreza, segundo a ONG Fórum Social da Dívida Externa e Desenvolvimento de Honduras (Fosdeh). O país também registra uma alta taxa de homicídios - quase 40 por 100.000 habitantes - provocada por cartéis de drogas e gangues.

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