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Diáspora judaica libanesa no Brasil é destaque em exposição sobre “Judeus do Oriente” em Paris

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A exposição “Judeus do Oriente” está em cartaz atualmente no Instituto do Mundo Árabe de Paris. Um dos últimos painéis da mostra aborda a diáspora de judeus libaneses de Beirute para o Brasil e foi elaborado pelo brasileiro João Luis Koifman, pesquisador em arquitetura e urbanismo.

A exposição "Judeus do Oriente" fica em cartaz no Instituto do Mundo Árabe de Paris até 13 de março de 2022.
A exposição "Judeus do Oriente" fica em cartaz no Instituto do Mundo Árabe de Paris até 13 de março de 2022. © RFI/Adriana Brandão
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A mostra “Judeus do Oriente” encerra uma trilogia elaborada pelo Instituto do Mundo Árabe sobre as religiões monoteístas no Oriente Médio: a muçulmana, a cristã e a judaica. A exposição faz um apanhando histórico e cronológico da presença milenar de comunidades judaicas na região, e da coabitação prolífera ou tumultuosa entre judeus e árabes.

Ela aborda desde a relação entre as tribos judaicas e o profeta Maomé até a criação do estado de Israel e o êxodo dos judeus do Oriente Médio.

Pesquisador brasileiro João Koifman.
Pesquisador brasileiro João Koifman. © arquivo pessoal

O painel “Cartografia afetiva”, sobre a diáspora judaica libanesa no Brasil, é resultado da monografia de conclusão do curso de arquitetura e urbanismo de João Luis Koifman na UFF (Universidade Federal Fluminense). Com entrevistas em vídeo de imigrantes, fotografias e desenhos, o pesquisador tenta reconstituir a vida do bairro judeu de Beirute Wadi Abu Jamil, antes da Guerra Civil libanesa.

“É importante falar que a grande maioria dos judeus libaneses tem uma nostalgia muito grande, um sentimento de pertencimento ao país, ao bairro, ao quarteirão, muito forte. Essa memória está viva na cabeça deles até hoje. Quando você conversa com judeus libaneses da diáspora, eles contam com muito carinho, muita paixão sobre a vida que eles tiveram 50, 60, 70 anos atrás”, relata João Koifman.

O pesquisador conversou com imigrantes que saíram do Líbano quando tinham entre 7 e pouco mais de 20 anos. “Cada um tinha uma impressão diferente do lugar vivido, muitas vezes complementares, mas na maioria das vezes um discurso muito rico de uma vida, um quarteirão que hoje foi totalmente modificado, descaracterizado, em relação a antes da Guerra Civil no Líbano.”

Parte do painel "Cartografia afetiva" sobre a diáspora judaica libanesa no Brasil, realizado pelo pesquisador brasileiro João Koifman.
Parte do painel "Cartografia afetiva" sobre a diáspora judaica libanesa no Brasil, realizado pelo pesquisador brasileiro João Koifman. © RFI/Adriana Brandão

João Koifman lembra que a maior diáspora libanesa, não só judaica, mas também cristã e muçulmana, está no Brasil. Ele explica que muitos judeus em vez de irem para o vizinho Israel escolheram o Brasil “porque não tinham interesse de migrar para um lugar que também tinha conflito. Queriam um lugar mais tranquilo, onde podiam prosperar”.

Desmistificar imagem de árabes e judeus

Por causa da pandemia, João Koifman não pôde vir a Paris participar da montagem da exposição “Judeus do Oriente”. Ele enviou todo o material de sua pesquisa e se sente “honrado” de participar da mostra que considera fundamental para “diversificar e desmistificar essa ideia de árabes e judeus”.

Durante mais de 15 séculos, havia comunidades judaicas em quase todos os países do Norte da África e do Oriente Médio. Hoje, o número de judeus em nações árabes é muito pequeno.

“É uma tristeza porque na verdade é muito rica essa história, essa cultura, a culinária. Todos esses fatores enriquecem bastante a memória judaica. É triste, mas é importante resgatar esse passado, registrar e documentar essa memória. Deixar isso de lado é justamente o que os fanáticos e os fundamentalistas querem: apagar isso e falar que existe só uma narrativa”, avalia Koifman.

Ele ressalta que abordar a diversidade religiosa e étnica abre pontes e que neste sentido o Brasil, “onde os judeus prosperaram é um exemplo da questão da diversidade, igualdade e tolerância que poderia se exportar para outros países”.

A exposição “Judeus do Oriente” fica em cartaz no Instituto do Mundo Árabe, em Paris, até 13 de março de 2022.

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