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Saiba por que o brasileiro consome muito pouco vinho, ao contrário dos vizinhos e de outros países

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Por que o brasileiro bebe tão pouco vinho, apesar de produzir a bebida? Quem e por que consome o vinho no Brasil? Essas questões motivaram o professor e pesquisador Felipe Koch a realizar uma ampla pesquisa sobre o tema para sua tese de doutorado na universidade Paul Valéry III em Montpellier, no sul da França, como ele conta nessa entrevista à RFI, revelando algumas motivações dos hábitos de consumo brasileiros.

O pesquisador Felipe Koch
O pesquisador Felipe Koch © Arquivo pessoal
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Para assistir a entrevista na íntegra, clique no vídeo na imagem principal

"O brasileiro consome em média menos de dois litros de vinho por ano", antecipa o pesquisador Felipe Koch. "Essa é uma média que continua estável há quase 20 anos. A interpretação que tirei da minha pesquisa é que, na verdade, nós temos uma imagem do vinho diferente e muitas vezes tentamos imitar uma imagem europeia que não se adapta ao modelo brasileiro. O que se percebe é que o vinho no Brasil não é uma bebida para a comida, para o restaurante ou para a festa. O vinho no Brasil é uma bebida para se tomar em casa, entre casais", revela.

Uma bebida "erótica"?

"Percebi, entrevistando consumidores [no Brasil], uma noção compartilhada por produtores e por profissionais ligados ao marketing, que o vinho é aquela bebida que vem depois do jantar, quando as crianças já estão dormindo, para assistir uma série, esperar o sono chegar", diz. "Aquele momento em que o casal tem tempo para ficar a sós, e por isso esse componente erótico, um tempo privilegiado entre o casal", avalia Koch.

Vinho x pandemia

Koch ressalta que, de acordo com a Organização Internacional do Vinho, o consumo da bebida no Brasil cresceu 19% durante o ano de 2020, em plena pandemia de coronavírus. "Comparado com outros países, é um aumento fenomenal", analisa o professor. "Na minha pesquisa, percebi que houve uma adequação com o imaginário. Os entrevistados me diziam que quando saíam, preferiam tomar um coquetel. Mas se estão em casa, preferem tomar um vinho", revela. 

Ele observou ainda que o espumante, associado a momentos festivos com amigos, ficou de lado, em oposição ao vinho tinto, mais consumido em casa em meio à situação sanitária delicada. "Talvez essa seja uma interpretação possível para esse aumento do consumo de vinho durante a pandemia: uma adequação do consumo com a ideia que a gente faz do vinho", frisa Koch.

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