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Reportagem

Deputada brasileira na Suíça fala sobre condenação do país na área ambiental

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A Suíça foi condenada por falta de iniciativas no combate às mudanças climáticas após um grupo de vovós entrar com uma ação contra o país num tribunal da Europa. A associação "Idosas pelo clima” é formada por 2.500 mulheres com idade média de 73 anos. A RFI conversou com uma deputada brasileira no país, que acompanhou de perto essa decisão histórica.

Carine Carvalho está há 25 anos na Suíça. Ela já foi vereadora e atualmente é deputada estadual no cantão de Vaud.
Carine Carvalho está há 25 anos na Suíça. Ela já foi vereadora e atualmente é deputada estadual no cantão de Vaud. © Divulgação
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Valéria Maniero, correspondente da RFI em Lausanne, na Suíça

Carine Carvalho mora há 25 anos na Suíça e é deputada estadual no cantão de Vaud, onde atua em áreas ligadas à questão ambiental. Segundo ela, a condenação da Suíça é importante por várias razões. 

“Essa decisão estabelece um precedente jurídico muito interessante no direito europeu", afirma a deputada. Além disso, "a Corte considera claramente a questão ambiental como sendo uma questão de direitos humanos também, o que é muito importante. Ela também exige dos Estados uma ação significativa para lutar contra as mudanças climáticas e responsabiliza os governos locais, os Estados, para criarem medidas coerentes para a retomada da situação", avalia. Carine Carvalho lembra ainda que "a decisão responsabiliza um país, como a Suíça, que é um centro financeiro importante em nível mundial, um país industrializado, onde as pessoas têm alto poder aquisitivo" e que essa condenação "vai responsabilizar países como a Suíça pelo aquecimento global”, diz.

“Pela primeira vez um país é condenado pela inação em relação ao aquecimento global, às mudanças climáticas. A Suíça foi criticada pela Corte por não agir de maneira apropriada e coerente diante da urgência climática", afirma a deputada

Repercussão na Suíça

Segundo ela, a repercussão da decisão na Suíça foi grande. “As associações ambientais e os partidos de esquerda comemoraram uma decisão histórica, que dá razão às suas críticas contra a política do governo federal que hoje é considerada muito lenta, muito pouco significativa para mudar”.

No entanto, ela destaca que o principal partido de extrema direita está criticando a decisão, de maneira feroz, por considerarem uma interferência dos tribunais e dos juízes estrangeiros na política suíça. “Eles consideram isso como um ataque à soberania do país. Então, há hoje um debate político entre o respeito da vontade do povo, conforme expresso nas urnas, e o respeito às convenções internacionais”.

Carine lembra que, em breve, será votada na Suíça um projeto da extrema direita para limitar o número de habitantes no país, “uma iniciativa que eles camuflam como ecológica, ligando a questão demográfica à questão ambiental”. Na mesma data, ela diz, será votada também uma nova lei sobre energia renovável. “No fim, o povo vai ter a palavra final e vamos ver se a decisão dessa semana terá impacto sobre como as pessoas veem a questão ambiental e o papel da Suíça”.

Participação ativa em áreas ligadas à questão ambiental

Há dez anos Carine atua na política pelo Partido Socialista. Ela começou como vereadora e depois se tornou deputada.“Nosso partido tem uma plataforma ecológica também, se preocupa com a questão ecológica, energética, como desenvolver energias renováveis, mudar a maneira de consumo", explica. 

A brasileira também é diretora da Secretaria de Igualdade de Gênero da Universidade de Lausanne e participa de maneira ativa de ações de conscientização na área ambiental. "Eu me preocupo bastante com a questão da saúde: como é que as mudanças climáticas vão atingir a saúde das pessoas numa situação em que a saúde custa muito caro aqui na Suíça. Essas são preocupações que eu tenho na minha ação política”, conta.

Sensibilizar com a música

Ela também faz parte de um coral criado recentemente para sensibilizar as pessoas sobre a questão ambiental por meio da música. O grupo está ensaiando para vários concertos no dia 11 de maio, pelas ruas de Lausanne. "Nós vamos cantar um repertório para sensibilizar as pessoas sobre como consumimos, sobre a responsabilização das pessoas – será que estamos consumindo de maneira sustentável para o meio ambiente?”, pergunta.

Ela explica que a escolha do 11 de março é ligada ao “jour du dépassement", nome em francês dado ao "dia em que nós vamos ter consumido todos os recursos naturais que poderíamos consumir em um ano”.

“Tudo o que vamos consumir depois de 11 maio estamos tirando do meio ambiente. Não vamos conseguir renovar mais. É para conscientizar as pessoas sobre esse problema. A Suíça é um país que consome mal e consome muitos recursos naturais”.

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