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Reportagem

Freixo lidera missão diplomática brasileira para desconstruir estereótipos sobre o país no exterior

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Nova campanha de turismo da Embratur lançada em Paris nesta sexta-feira (6) leva o título de "“Découvrez un Brésil Spectaculaire” ("Descubram um Brasil espetacular", em português) e visa imprimir conteúdos de ecorresponsabilidade, inclusão e respeito às minorias na "nova imagem da marca Brasil", segundo o presidente da Embratur, Marcelo Freixo. No evento, também estiveram presentes o embaixador brasileiro em Paris, Ricardo Tavares, o ex-jogador de futebol Raí e o músico Alceu Valença.

Marcelo Freixo, presidente da Embratur, participou da inauguração da Galeria Visit Brasil em Paris em 6 de outubro de 2023. No evento, o embaixador do Brasil na França, Ricardo Tavares, e Freixo, discutiram as estratégias do país para desenvolver um turismo mais sustentável e inclusivo.
Marcelo Freixo, presidente da Embratur, participou da inauguração da Galeria Visit Brasil em Paris em 6 de outubro de 2023. No evento, o embaixador do Brasil na França, Ricardo Tavares, e Freixo, discutiram as estratégias do país para desenvolver um turismo mais sustentável e inclusivo. © RFI/Marcia Bechara
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Adeus ao país das "mulatas" e do turismo sexual e de olho nas interfaces do terceiro milênio com o público e mercado europeus: assim pode se definir a nova maneira de se comunicar da Embratur, o Instituto Brasileiro de Turismo, segundo seu presidente, Marcelo Freixo. "Acho que estamos no século 21 e não podemos mais olhar para o mundo e aceitar certas coisas como supostamente naturais a partir de uma mudança tão profunda que o mundo passou, né?", acredita.

"O Brasil é um país exuberante, mas as suas pessoas, principalmente as suas mulheres, não são exóticas. Um país exuberante é um Brasil rico na sua cultura, na sua diversidade, na sua identidade cultural. Então, quando a gente traz o afroturismo para ser uma peça chave que amanhã terá um lançamento junto com a Central Única das Favelas (CUFA) aqui na galeria Visit Brasil estamos dizendo que não só a gente não aceita mais o racismo como a gente faz da nossa história africana um produto de identidade, de valorização e que a gente quer que o mundo venha visitar a história africana que o Brasil tem", argumenta Freixo. "O Brasil não é um país que se submete mais a ideia de uma exploração sexual misturada com turismo", martela o presidente da Embratur durante o lançamento da nova campanha em Paris. 

Turismo sustentável

Incluir a sustentabilidade no discurso do turismo seria uma maneira de se aproximar dos europeus? Para Freixo, a estratégia vai além. "Esse é um bom debate. O presidente Lula tem muita autoridade no mundo quando chama um debate sobre responsabilidade climática. Quando coloca a Marina Silva na frente de uma pasta importante com o Meio Ambiente. Não só ele diz que o Brasil voltou, mas ele faz esse Brasil se comportar de forma diferente", acredita Freixo. "O debate climático hoje na América é muito marcado pela questão das queimadas, pela questão do desmatamento, mas o debate climático ele é também fundamentalmente do mundo. Um debate sobre produção de energia. O Brasil tem muito mais condição de produzir energia limpa, então acho que a gente precisa fazer esse debate como um todo", afirma.

"Esse modelo de desenvolvimento, compatível com o século 21, precisa ter no turismo uma grande engrenagem estrutural. O turismo hoje no Brasil corresponde a 8% do PIB Brasil, o que é muito significativo. A economia de óleo e gás, que tem mais de um século de exploração com empresas estatais funcionando responde por 12% do PIB, mas o turismo não é finito como o petróleo, ele é infinito. O turismo é muito capaz de fazer algo que gere emprego, renda com sustentabilidade", disse.

Assassinato do irmão de Sâmia: a violência e a imagem brasileira

Nenhum país é só a sua tragédia. Nenhum país é só o seu problema. Nenhum país marcado por uma ação terrorista é só isso.

Marcelo Freixo, que perdeu um irmão assassinado pelas milícias cariocas em 2006, comentou sobre o possível impacto do assassinato de Diego Bonfim, irmão da deputada Sâmia Bonfim nas mesmas condições, para a imagem do Rio e do Brasil. "Foi um episódio muito grave. Nós não podemos é fingir que foi menor. É um episódio grave, e não pelo fato de ser alguém conhecido ou não, mas por se tratar de vidas que a gente perdeu. É claro que o sentimento eu tenho, a deputada Sâmia é minha amiga. É um fato grave, marcante, mas nenhum país é só a sua tragédia. Nenhum país marcado por uma ação terrorista é só isso. Nenhum país é só o seu problema. Eu acho que a gente tem um problema, estamos enfrentando esse problema, temos solucionado parte dele. Agora temos que dar uma resposta o mais rápido possível. Esse caso teve uma resposta, está tendo uma resposta, mas é muito grave e tem que ser tratado como tal", defende Freixo.

"Turismo é a solução"

O presidente da Embratur lembrou que esses são problemas comuns a grandes cidades. "Todas as grandes cidades têm problemas de segurança. Todas as grandes cidades vão poder passar por situações e fatos graves", lembrou Freixo. "Eles precisam ser enfrentados. Eles não podem ser escondidos, eles não podem ser tratados como se não existissem. A gente tem que dar trato a eles. Agora, temos também que entender que o turismo não é impeditivo ou não é impedido por uma ação dessa [o assassinato de Diego Bonfim e amigos], pelo contrário. O turismo é a solução. O turismo é que pode gerar emprego e renda. O turismo é aquilo que a gente precisa acreditar e trabalhar o Brasil. A gente está aqui para isso, para colocar esse Brasil diverso, esse Brasil que soluciona as coisas agora, enfrentar os problemas que nós temos, que todos têm", finalizou.

Brasil: "país humano em busca de direitos"

Em seu discurso durante a abertura da galeria Visit Brasil, no centro histórico de Paris, o ex-jogador de futebol Raí, presidente da Fundação Gol de Letra, sublinhou que o Brasil é um país "humano, em busca de direitos". "É uma frase na busca de resumir também essa relação entre França e Brasil, que eu acredito tanto, e a França é o país dos direitos humanos e o Brasil é um país humano, uma riqueza humana em busca dos seus direitos", resumiu Raí.

"A gente tem muito ainda a melhorar, muito ainda a colaborar com o futuro do planeta, com o futuro das relações humanas, fortes e verdadeiras. Eu acho que a riqueza do Brasil é essa mistura com a riqueza da sua natureza, com a sua diversidade cultural, que acaba expressando, através das artes e do futebol, toda a nossa riqueza cultural. É um modo de expressão, na riqueza da sua biodiversidade, a brasilidade é resultado dessa mistura de raças e de culturas", afirmou à RFI.

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