Acessar o conteúdo principal
Reportagem

2° turno: Lula faz festa na Paulista mas eleitores se questionam se há motivo para comemorar

Publicado em:

Luiz Inácio Lula da Silva cumpriu a promessa feita durante a última semana de campanha, quando disse que, qualquer que fosse o resultado das urnas, iria festejar na Avenida Paulista. Logo que a apuração foi concluída, o candidato foi para um palanque montado diante do Masp e falou com seus partidários. No entanto, a celebração foi breve e muitos eleitores se questionavam se havia realmente razão para comemorar.

Lula durante discurso diante do Masp, após a divulgação dos resultados do primeiro turno da eleição. Em 2 de outubro de 2022.
Lula durante discurso diante do Masp, após a divulgação dos resultados do primeiro turno da eleição. Em 2 de outubro de 2022. AP - Matias Delacroix
Publicidade

Silvano Mendes, enviado especial a São Paulo

Logo que cerca de 90% das urnas haviam sido apuradas, as equipes de comunicação do PT informaram que um problema havia impossibilitado a instalação de um trio elétrico previsto para os jornalistas, e que uma área específica seria montada para a imprensa diante do parque Trianon. A mudança de última hora foi vista pelas más línguas como um indício da adaptação da equipe de campanha após o resultado das urnas, que confirmaram um segundo turno para a eleição presidencial após uma diferença entre Lula e Bolsonaro bem inferior ao que as pesquisas anunciavam.

Fora isso, a celebração aconteceu como previsto. Lula agradeceu a mobilização dos eleitores, foi aplaudido, fez piada sobre o fato de que teria que adiar ainda mais a lua de mel com sua mulher Janja, e lembrou que sempre teve que passar pelo segundo turno para vencer eleições. “É apenas uma questão de tempo. Apenas uma questão de esperar alguns dias, para que a gente converse mais, que a gente aprimore nosso programa e convença outras pessoas”, disse o ex-presidente. “Vamos ganhar porque o Brasil precisa de nós”, insistiu.

Mas a festa não parecia completa, pois muitos eleitores de Lula sonhavam com uma vitória já neste domingo. “Eu estava esperando que a gente fosse ganhar no primeiro turno. Era a expectativa que estava rolando nas pesquisas. Mas isso não aconteceu”, reclama Amanda, entrevistada logo após o final do evento. Seu amigo Lucas pensa que houve migrações de votos, o que provocou esse segundo turno. “O resultado que a gente recebeu foi devido às pessoas terem mudado de voto”, avalia.

Os amigos Amanda e Lucas ficaram decepcionados com o resultado da eleição presidencial no Brasil.
Os amigos Amanda e Lucas ficaram decepcionados com o resultado da eleição presidencial no Brasil. © Silvano Mendes/RFI

Em um bar diante do Masp, Lohany também não sabe se tem algo para comemorar. “Não me sinto muito feliz, principalmente com a bancada que a gente elegeu para o Senado. A gente teve mais de 100 deputados eleitos pelo PSL, e isso foi um ponto muito negativo. Então a gente tem que ficar feliz pelo segundo turno, mas preocupados, pois, nada está ganho”.

Festa durou pouco

Talvez por essa razão a tão esperada celebração durou pouco. Antes de meia noite as equipes da prefeitura já haviam desmontado o palanque e a avenida já estava limpa novamente, como se nenhum evento tivesse acontecido.

Lohany, que estava na avenida Paulista após o discurso de Lula, chama a atenção para o número de deputados do partido de Jair Bolsonaro que foram eleitos.
Lohany, que estava na avenida Paulista após o discurso de Lula, chama a atenção para o número de deputados do partido de Jair Bolsonaro que foram eleitos. © Silvano Mendes/RFI

Alguns eleitores, como a mineira Tatiana, de passagem por São Paulo, acompanhavam o final da celebração. a jovem não escondia a decepção com o resultado e conta que ficou praticamente sem ação quando a realização do segundo turno foi anunciada.

Além disso, ela teme que o resultado provoque um aumento da violência entre os eleitores, lembrando que a campanha do primeiro turno já havia sido marcada por agressões e até assassinatos.

A prova dessa preocupação veio logo após seu testemunho, quando um carro passou diante dos bares da avenida Paulista simulando apontar uma arma para a multidão, aos gritos de “morre Lula”. O que mostra que, apesar da vontade de celebrar, o clima também está longe de ser pacífico.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.