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Radar econômico

Paris sedia salão Vivatech em contexto de queda de investimentos em startups; Brasil marca presença

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Uma das maiores feiras de tecnologia do mundo abriu nesta quarta-feira (14) em Paris. A Vivatech, com mais de 2,4 mil startups, acontece num momento em que o setor busca superar o desafio da queda dos investimentos em novas empresas de tecnologia.

Durante os quatro dias de evento, 100 mil visitantes são esperados na sétima edição do Vivatech, em Paris.
Durante os quatro dias de evento, 100 mil visitantes são esperados na sétima edição do Vivatech, em Paris. © Lúcia Müzell/ RFI
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Alguns dos maiores nomes mundiais da área, como Elon Musk, participam da sétima edição do evento – que se tornou um rendez-vous obrigatório para as gigantes da área, como Meta, Google ou Microsoft. Prova de que cada vez menos as empresas convencionais podem ignorar a tecnologia e a inteligência artificial, as principais marcas francesas também apresentam suas inovações nos corredores da Vivatech – da líder do luxo LVMH à referência em equipamentos de Defesa Dassault, passando pela gigante de cosméticos L’Oréal, todas promovem lançamentos no salão.

Quanto às jovens empresas, o evento é uma ocasião preciosa para fazer novos contatos e buscar potenciais investidores. Num pequeno estande bem posicionado no centro do pavilhão principal, o Brasil apresenta sete startups, nas áreas de educação, saúde, esportes, finanças e inteligência artificial.

"Já dei uma passadinha nos nossos competidores e o Brasil não deixa a dever nada. Estamos mostrando como a gente pode se desenvolver mais nessa área e crescer mais no Brasil”, disse a secretária nacional de Ciência e Tecnologia, Marcia Barbosa. "E, acima de tudo, mostrar para as startups brasileiras que elas têm condições de virem para o exterior, competirem, trazerem os seus produtos aqui para a Europa, porque a Europa está esperando por elas."

Startups brasileiras

Alexandre Barral, cofundador da Portal Telemedicine, está de olho na internacionalização da plataforma, especializada em atendimento e diagnóstico médico à distância, em regiões remotas. A iniciativa surgiu há 10 anos atendendo comunidades na Amazônia, e hoje está presente em todo o Brasil. Mas os chamados desertos médicos, principalmente nas regiões rurais, também dificultam o acesso à saúde nos países desenvolvidos.

"A gente começou conectando pacientes na Amazônia a cardiologistas em São Paulo, portanto temos uma experiência muito grande. Mas os desertos médicos acontecem também na Europa, na França, inclusive na periferia de Paris, onde há regiões com falta de cardiologistas e radiologistas”, relata.

Ronaldo Cohin, da Jade (esq.) e Antoine Barral, da Portal Telemedicine, participam do estande do Brasil no Vivatech 2023..
Ronaldo Cohin, da Jade (esq.) e Antoine Barral, da Portal Telemedicine, participam do estande do Brasil no Vivatech 2023.. © Lúcia Müzell/ RFI

Expandir-se no exterior também é o objetivo de Ronaldo Cohin, CEO da Jade, plataforma de educação para crianças com necessidades especiais como autismo, TDH e Síndrome de Down. "A gente atualmente atende 160 mil crianças em 180 países. Estamos baseados no Brasil e na Inglaterra, mas buscamos um outro país aqui na zona do euro para termos uma terceira sede”, conta.

Fim do dinheiro fácil 

A Vivatech deste ano acontece num contexto de queda mundial nos financiamentos de startups a partir de 2021, em que o dinheiro fácil e a proliferação de unicórnios ficaram cada vez mais raros. Na França, por exemplo, os números despencaram 55% no primeiro semestre de 2023 em relação ao mesmo período do ano passado, conforme um estudo do fundo britânico Atomico revelado na semana passada.

No Brasil, o cenário não é diferente. O último relatório trimestral da Distrito, plataforma brasileira especializada neste mercado, indicou que os aportes caíram 86% na comparação com o primeiro trimestre de 2022. As fintechs e as supply chain seguem no topo das atenções dos investidores. Alexandre Barral observa que a área da saúde também continua relativamente preservada.

"Para podermos passar de 30 milhões de pacientes – o que é muito grande no mercado de health tech – para o nosso grande objetivo de ajudar 1 bilhão de pessoas no mundo, a gente precisa de investimentos, claro, e de novos parceiros, seja aqui na França, na Índia ou onde for”, sublinha. "O mercado de investimentos está um pouco mais frio atualmente, mas se tem um setor que está resistindo é o da saúde, depois que tudo que a gente passou com o Covid e de vermos tudo que a tecnologia pode trazer para as populações”, analisa.

Ronaldo Cohin ressalta que os governos têm ampliado os programas de apoio às startups – uma alternativa que pode compensar a conjuntura atual, de maior precaução dos fundos de investimentos.

"Eu sempre digo que o melhor investidor que a empresa pode ter é o cliente, a pessoa que paga para acessar o seu serviço. Quando você é muito jovem, muito novo na sua startup, e busca investimentos, acaba tendo uma disparidade grande de interesses e tendo de ceder muito da sua empresa, muitas vezes para receber pouco – principalmente nesse momento”, indica. "É muito legal estar aqui porque a gente acaba tendo acesso a algumas outras empresas e fundos de investimento, que às vezes não estão nos outros eventos. Acho que você tem que estar em todos os lugares que você puder”, recomenda.

Durante os quatro dias de evento, 100 mil visitantes são esperados. O presidente francês, Emmanuel Macron, esteve na feira no fim da tarde desta quarta e anunciou um plano subvenções para projetos de inteligência artificial no país. Macron sonha em transformar o país em “campeão desta nova revolução industrial”.

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