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O Mundo Agora

E se Putin detonar uma bomba nuclear tática na Ucrânia?

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O discurso de Vladimir Putin na última semana inaugurou uma nova fase na guerra da Ucrânia. Após 6 meses de conflitos entre os dois países, a Ucrânia conseguiu avançar e recuperar território. Nas últimas duas semanas, mais de 6 mil quilômetros quadrados ocupados pelos russos foram recuperados por tropas ucranianas. Muito desse sucesso se deve ao fornecimento constante de armamentos às tropas, fornecidos por países da OTAN, em especial EUA, Reino Unido, França e Alemanha. 

Após o anúncio de Putin de que os reservistas devem ficar a postos e que homens entre 18 e 55 anos de idade devem ficar de alerta sem poder sair do país, uma série de protestos ocorre no país. Na foto torcedores da Liga das Nações da UEFA em 21 de setembro de 2022
Após o anúncio de Putin de que os reservistas devem ficar a postos e que homens entre 18 e 55 anos de idade devem ficar de alerta sem poder sair do país, uma série de protestos ocorre no país. Na foto torcedores da Liga das Nações da UEFA em 21 de setembro de 2022 Action Images via Reuters - LEE SMITH
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Thiago de Aragão, analista político

Percebendo que a maré estava se virando contra a Rússia, Vladimir Putin resolveu fazer uma aparição na televisão russa, dizendo que tudo está sob controle, que a Rússia tem capacidade e possibilidade de usar armamentos mais modernos, não descartou nenhum tipo de armas e anunciou que 300 mil reservistas ficarão de prontidão. Esse discurso teve o impacto de uma bomba, pois reacendeu todos os temores especulados nas primeiras semanas de guerra: de que Putin poderia usar armas nucleares. 

O uso de armas nucleares pela Rússia vem sendo debatido semanalmente em Washington e nas principais capitais europeias. Sabe-se que esta seria a porta para uma eventual III Guerra Mundial. Por mais que Putin faça ameaças veladas, dificilmente ele utilizaria uma bomba nuclear na Ucrânia. Isso desencadearia um processo impossível de ser contido. O risco da utilização de uma arma nuclear tática (menos potência) é mais real, e a pergunta que fica é: A OTAN responderia da mesma forma caso a Rússia detonasse uma bomba nuclear tática na Ucrânia?

Sinal de desespero 

Usar uma arma desse calibre seria um sinal máximo de desespero. Putin odeia demonstrar desespero ou descontrole. Para ele, vale mais a pena esticar a corda da guerra por mais 6 meses ou um ano, do que tomar uma ação abrupta. Por outro lado, a capacidade da Ucrânia aguentar mais 6 meses ou um ano de guerra parece real, devido à força de seus soldados e cidadãos. O ponto crítico, no entanto, é a capacidade de manter o fluxo de fornecimento de armas para que o exército ucraniano capitalize nessa vantagem que vimos nas últimas semanas. 

Após o anúncio de Putin de que os reservistas devem ficar a postos e que homens entre 18 e 55 anos de idade devem ficar de alerta sem poder sair do país, uma série de protestos ocorre no país. A Finlândia chegou a fechar sua fronteira para evitar o êxodo de jovens russos que querem fugir da convocação obrigatória. 

Nas últimas semanas, uma nova figura vem ganhando cada vez mais proeminência na Rússia. Para vários analistas em Washington e Londres, Nikolai Patrushev parece estar dando as cartas com quase a mesma intensidade que Vladimir Putin. Há uma aposta semi-oficial entre vários diplomatas com os quais conversei em Nova York nessa semana (durante a reunião na ONU), de que Patrushev é o favorito para, um dia, ser o substituto de Vladimir Putin. 

Putin não irá usar armas nucleares. Pelo menos não agora. O mais relevante da sua fala, no entanto, é a disposição de lutar por muito tempo. Isso diminui ainda mais a importância das sanções e mostra que a dinâmica russa é completamente diferente da dinâmica ocidental. Estamos apenas no início. 

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