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Planeta Verde

Presentes de segunda mão e decoração feita em casa são ideias para Natal ecologicamente correto

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O Natal é uma das festas mais consumistas do ano e isso não é nada bom para o planeta. Entre presentes, ceia e viagens, milhões de toneladas de gases do efeito estufa e de lixo são produzidas para abastecer nossas mesas e pinheiros. Mas cada vez mais pessoas vêm tentando mudar essa regra e fazer um Natal diferente.

Gabriela e Julien Campocasso com a árvore de Natal. Eles fabricam os presentes com material reciclado.
Gabriela e Julien Campocasso com a árvore de Natal. Eles fabricam os presentes com material reciclado. © Arquivo pessoal
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Decorar a casa com enfeites reciclados, comprar presentes de segunda mão e escolher produtos regionais para a ceia são algumas ideias que vem sendo colocadas em prática para um Natal mais ecologicamente correto.

Para diminuir o impacto ambiental das festas de fim de ano, a franco-brasileira Joanna Guillaume, que mora em Toronto, no Canadá, decidiu abrir mão do tradicional pinheiro natural e fabricar ela mesma a árvore de Natal com pedaços de madeira.

“Esse ano, minhas filhas ficaram me pedindo uma árvore de verdade, com cheiro de árvore, mas aí eu falei para elas que não faz sentido plantar uma árvore, deixá-la crescer, cortar, colocá-la dentro de casa, deixá-la morrer e jogar no lixo. Então a árvore de madeira está lá”, conta Joanna que também utiliza uma técnica japonesa e tecidos para embalar os presentes, inclusive os das duas filhas, Anne e Luise, de cinco e oito anos.

“No primeiro ano, eu embrulhei todos os presentes com um cobertor. Não era muito bonito, acho que a família não gostou muito. Era azul com branco, ficou muito feio” se diverte Joanna, que este ano preferiu evitar as caras feias e comprar tecidos usados estampados. “Bem, não é sempre perfeito, mas esse ano, todos os presentes estão embrulhados desse jeito. Eu falei que o papai Noel tinha pensado em uma nova maneira de dar os presentes. Já anunciei a coisa para as minhas filhas.”

Joanna Guillaume com as filhas Anne (e) e Louise (d) e a árvore de Natal de madeira construída em casa.
Joanna Guillaume com as filhas Anne (e) e Louise (d) e a árvore de Natal de madeira construída em casa. © Arquivo pessoal

Criatividade

Envolver as crianças e dar ares de brincadeira às novidades foi a opção do engenheiro informático parisiense Julien Campocasso, que dá sua contribuição para o meio ambiente fabricando, com a filha Gabriela, de oito anos, presentes de Natal com material reciclado.

“Primeiro é uma maneira para mim, como pai, de passar tempo com a Gabriela, e fazer uma construção é também uma reutilização”, diz. “A gente faz presentes nós mesmos porque é bom e não é a mesma coisa que quando a gente vai comprar”, explica Gabriela.

Ideias não faltam para os dois: flores feitas com cápsulas usadas de café, espantalhos com CDs velhos e até um buquê de flores com rolos de papel higiênico. Este ano eles estão fabricando um livro de fotos personalizado para a mãe de Gabriela.

“É uma maneira de pensar no outro por muito tempo e reutilizar as fotos que não olhamos, porque hoje estamos numa época que tudo é muito rápido. Então, olhar as fotos da Gabriela na infância, quando bebê, é uma maneira de pensar o tempo que passa e também de reutilizar coisas, é o mesmo princípio. ”

A reciclagem vira passa-tempo. Eles explicam que as vezes podem ficar meses fazendo um presente. “Todo esse processo de criação é importante para a Gabriela e para mim também”, diz.

Reduzir e Reutilizar

Uma das regras ecológicas primordiais, além de reduzir o consumo, é reutilizar sempre que possível. O engenheiro Yannick Broutel, pai de dois meninos de onze e quatro anos, desenvolveu o hábito de comprar objetos de segunda mão e o costume será mantido, também, para os presentes de Natal. Para ele, essa é também uma maneira de educar as crianças.

“A gente já tem essa maneira de comprar de segunda mão, de comprar perto, de ter uma consciência mais ecológica e também de dizer para os meninos como funcionam as coisas. Não é comprar por comprar, comprar barato e só isso. Mas não comprar um novo para não gastar mais água, energia, gás carbônico, por exemplo. A gente quer educar”, afirma.

Ainda que não seja o objetivo principal, ele reconhece que a economia não é irrelevante. “É verdade que é mais barato, sobretudo brinquedos, porque o preço de um novo de boa qualidade, de uma marca conhecida, pode chegar a €100. Comprando de segunda mão, eu gastei cinco vezes menos”, diz.

Reduzir o consumo de objetos novos e dar mais espaço aos usados também é o ideal de Joanna. Mas este ano a pandemia de Covid-19 obrigou as lojas de segunda mão a fechar e dificultou o comércio entre particulares. “Neste Natal, conseguimos que pelo menos 20% de nossos presentes fossem de segunda mão”, afirma.

O engenheiro Yannick Broutel, que com bom humor mostra os brinquedos comprados de segunda mão.
O engenheiro Yannick Broutel, que com bom humor mostra os brinquedos comprados de segunda mão. © Arquivo pessoal

Festas e Covid-19

Mas a realidade da pandemia e de festas de fim de ano atípicas fez com que os presentes deixassem de ser prioridades. “Nesse contexto de Covid, acho que o melhor presente de Natal seria estar com minha família”, diz Joanna. “A gente está longe e acho que o melhor presente seria estarmos todos reunidos. Mas estarmos todos reunidos, não é nada ecológico, porque tem que pegar avião, e aí acho que é o pior dos presentes se você pensar no planeta”, diz. “Então, não sei qual é o melhor né? Eu acho que o melhor é o que eu tenho, uma família maravilhosa. Porque a gente está junto, a gente tem saúde e eu acho que só isso importa na verdade”, diz.

Apesar dos esforços feitos para mudar hábitos de consumo arraigados, Julien se mantém realista em relação ao impacto de atitudes individuais. “Cuidar e usar todos os anos as mesmas decorações de Natal, não é suficiente. Tem muita coisa que deve ser corrigida e não é minha reutilização de caixas que vai mudar as coisas. É necessário que medidas sejam tomadas pelos governos também”, afirma.

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