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Linha Direta

Mesmo ausente, Trump está na pauta do 1° debate das primárias presidenciais do Partido Republicano

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Sem Donald Trump, primeiro debate entre os candidatos às primárias presidenciais do Partido Republicano acontece na noite desta quarta-feira (23) em Milwaukee, Wisconsin, nos Estados Unidos. 

Sem Trump, primeiro debate entre candidatos às primárias republicanas acontece na noite desta quarta-feira (23), em Milwaukee, EUA.
Sem Trump, primeiro debate entre candidatos às primárias republicanas acontece na noite desta quarta-feira (23), em Milwaukee, EUA. © Alex Brandon / AP
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Por Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York

Mesmo ausente, o ex-presidente dos EUA deve roubar a cena no primeiro evento oficial da campanha que deve decidir quem representará o partido nas eleições de 2024. Isso, porque todos os holofotes estão voltados para o estado da Geórgia, onde Donald Trump deve se apresentar à Justiça nesta quinta-feira (24) respondendo ao seu quarto indiciamento.

Esta tem sido uma campanha muito particular para o Partido Republicano, já que quem tem ditado a agenda não são necessariamente os comícios, ou mesmo este primeiro debate organizado pela Fox News. O ritmo do discurso eleitoral até o momento está sendo conduzido pelos seguidos indiciamentos de Donald Trump, que é o favorito para representar o partido em novembro de 2024 contra o candidato democrata.

No noite do último domingo (20), Trump anunciou que não iria participar do debate que acontece nesta quarta (23) em Milwaukee. Segundo ele, os americanos já o conhecem o suficiente e não há necessidade de um confronto público com os outros rivais pela Casa Branca.

Como de costume, ele utilizou a plataforma Truth Social, para justificar sua ausência, dizendo que sua gestão como presidente foi um "enorme sucesso" que mantém sua popularidade com o povo americano até hoje.

"Por isso, não farei os debates!", disse.

A ausência de Trump, será a oportunidade para que seus concorrentes debatam entre si sem a necessidade de se posicionar em relação ao ex-presidente e, assim, não irritar a ala do partido que segue o apoiando.

O governador da Flórida, Ron DeSantis, promete ser o centro das atenções. Mas, a lista de participantes inclui também o governador da Dakota do Norte, Doug Burgum, o ex-governador de Nova Jersey, Chris Christie, a ex-governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, o ex-governador do Arkansas, Asa Hutchinson, o ex-vice-presidente Mike Pence, o empresário Vivek Ramaswamy e o Senador pela Carolina do Sul, Tim Scott.

Para chegar à primeira fase do debate, o Comitê Nacional do Partido exigiu que os candidatos atraíssem pelo menos 40 mil doadores individuais e registrassem pelo menos 1% de apoio em três sondagens nacionais ou em duas sondagens nacionais e duas primeiras sondagens estaduais.

Todos os candidatos assinaram um termo de compromisso que obriga a apoiar o eventual vencedor das primárias republicanas, independentemente de quem seja. Não está claro se Trump também assinou esse termo.

Trump deve ser um dos temas do debate

Trump será certamente um tema difícil de evitar. Até o momento, seus adversários o têm defendido ou evitado comentar seus recentes problemas com a justiça. Alguns têm preferido, até mesmo, apontar os indiciamentos como uma retaliação política do Partido Democrata.

Diante da ausência de Trump, o governador da Flórida deve ser o principal foco de atenção, já que ele é o segundo em intenções de voto de acordo com as últimas pesquisas. Sendo assim, estas duas horas de debate podem, sim, ser decisivas para o candidato Ron DeSantis, que permanece em segundo lugar nas pesquisas.

Segundo uma pesquisa realizada pela CBS News divulgada no último domingo, 62% dos entrevistados seguem apostando por Donald Trump apesar de seus quatro indiciamentos e 16% disseram que DeSantis é o mais indicado para representar o partido. O restante dos adversários está em um dígito.

Sentindo que Trump segue muito à frente na preferência dos eleitores, DeSantis reduziu e reorganizou sua campanha nas últimas semanas. O debate da Fox News poderia ser sua grande oportunidade para reverter essa situação.

Conforme a equipe de campanha do governador da Flórida, ele vai se concentrar em "sua estratégia para derrotar Joe Biden" e não tanto em atacar os outros candidatos de seu partido.

"Todo mundo deveria debater. Todo mundo tem a responsabilidade de conquistar os votos do povo. Ninguém tem privilégios neste mundo e menos ainda na indicação republicana para presidente", disse DeSantis à Fox News na segunda-feira (21), quando perguntado sobre a ausência de Trump.

Trump prepara arsenal midiático

A equipe do ex-presidente tem um bombardeio midiático preparado para ser lançado durante o debate, que terá início às 20h de Milwaukee (22h de Brasília). Entre os conteúdos mais relevantes, está uma entrevista pré-gravada do republicano com o ex-apresentador da Fox News, Tucker Carlson, que será publicada nas redes sociais durante a transmissão do debate.

O ex-presidente republicano confirmou, na segunda-feira à noite, que vai se entregar à justiça comparecendo à prisão de Fulton County em Atlanta.

Na plataforma Truth Social, Trump escreveu: "Podem acreditar? Vou para Atlanta, Geórgia, na quinta-feira, para ser preso por uma Procuradora Distrital de Esquerda Radical, Fani Willis, que está supervisionando um dos maiores desastres de Assassinatos e Crimes Violentos da História dos Estados Unidos", dando destaque às palavras 'preso' e 'desastres' ao confirmar sua apresentação à justiça.

Trump é acusado de comandar uma “empresa criminosa” que fazia parte de uma ampla rede conspiratória cujo objetivo era reverter sua derrota eleitoral no estado da Geórgia durante as eleições de 2020. Atualmente, o ex-presidente enfrenta 91 acusações em quatro processos criminais distintos. Dois dos co-conspiradores já se apresentaram à justiça, são eles Scott Hall e John Eastman.

Eastman era advogado de campanha de Trump e é considerado uma das peças-chave na tentativa de interferir nas eleições de 2020.

Para evitar a prisão preventiva, Trump teve que desembolsar US$ 200 mil (aproximadamente R$1 milhão) no pagamento de fiança. Por isso, Trump não será preso nesta quinta, mas terá uma foto sua tirada para o registro policial no formato 'mug shot', as famosas fotos de presos com o rosto do suspeito e o número do caso.

O ex-presidente está proibido de intimidar os coacusados ou as testemunhas, inclusive por meio das redes sociais.

O ex-presidente americano Donald Trump lançou sua própria rede social, Truth Social, em fevereiro de 2022, após ser vetado no Twitter e no Facebook devido ao violento ataque de seus seguidores ao Capitólio, em janeiro de 2021.
O ex-presidente americano Donald Trump lançou sua própria rede social, Truth Social, em fevereiro de 2022, após ser vetado no Twitter e no Facebook devido ao violento ataque de seus seguidores ao Capitólio, em janeiro de 2021. AFP - CHRIS DELMAS

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