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O Mundo Agora

Ala do Partido Republicano tenta impedir candidatura de Donald Trump em 2024

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O Republican Accountability Project, grupo de membros do Partido Republicano que, entre outras coisas, repudia veementemente a candidatura do ex-presidente Donald Trump à Casa Branca, busca, de todas as formas, aumentar o apoio e solidificar uma rede nacional para impedir que Trump ganhe a nomeação do partido para a eleição presidencial do próximo ano. 

Apesar de erros grotescos de política externa, o ex-presidente Donald Trump se mantém popular entre americanos de baixa escolaridade, baixa renda e suscetíveis à desinformação.
Apesar de erros grotescos de política externa, o ex-presidente Donald Trump se mantém popular entre americanos de baixa escolaridade, baixa renda e suscetíveis à desinformação. AP - Sue Ogrocki
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Thiago de Aragão, analista político

O grande problema é que o Partido Republicano não tem nomes suficientemente fortes para contrapor a Trump. Por mais que a enorme maioria dos republicanos tradicionais, como George W. Bush, Dick Cheney e Mike Pence (ex-vice-presidentes), John Bolton (assessor de Segurança Nacional de Trump), Mike Pompeo (ex-diretor da CIA) e mais dezenas e dezenas de membros do Partido Republicano argumentem que Trump não representa (e nunca de fato representou) os posicionamentos históricos do partido, o ex-presidente americano segue como favorito para conquistar a candidatura em 2024.

É público que Trump enfrenta uma grande dificuldade em angariar votos em parcelas da população com nível de escolaridade mais elevado. Naturalmente, exemplos contrários sempre serão encontrados, mas o fato é que Donald Trump possui um grande apelo ante americanos de baixa escolaridade, baixa renda, suscetíveis a teorias da conspiração ou ameaças simplistas relacionadas com o comunismo e imigrantes. 

Perante esse público (e claro que existem exemplos de cidadãos de alta renda que também se identificam com muitas dessas narrativas), Trump segue sendo um exímio encantador de serpentes, tirando da cartola, comício após comício, explicações confusas para justificar sua recente condenação pela Justiça (tudo orquestrado para tirá-lo da disputa) ou como irá transformar os EUA em um país grandioso de novo, mesmo sem jamais explicar como fará isso. 

Durante seu governo, Trump rompeu, unilateralmente, o acordo do P5 + 1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança mais a Alemanha) com o Irã, resultando numa aliança entre Irã e China e o renascimento do Hezbollah, via financiamento de Teerã. Esse erro grotesco, por si só ameaçaria sua candidatura, mas certamente não é de conhecimento de grande parte do seu eleitorado.

Entre outras coisas, Trump foi um forte defensor da retirada dos EUA da OTAN (e do próprio fim da OTAN). Caso isso tivesse ocorrido, a Rússia estaria com um sorriso de orelha a orelha ocupando não só a Ucrânia, mas certamente a Moldávia, Geórgia, Lituânia, Letônia e Estônia. A lembrança da coletiva de imprensa de Trump ao lado de Putin, absolutamente controlado pelo colega russo, foi algo constrangedor, apesar de quase esquecido durante a disputa partidária pela nomeação. 

Empobrecimento da vida política americana

No entanto, a força de Trump não parte apenas da sua capacidade de manter seus eleitores focados em outras coisas, mas também nas dificuldades e fraquezas do próprio Partido Democrata. A partir do momento em que os democratas não conseguem gerar novos candidatos, forçando-os a necessitar de Joe Biden para salvar o partido, isso demonstra que a política partidária americana precisa urgentemente de uma renovação e calibrar seus objetivos.

Quando o Partido Republicano saiu do campo da moderação e mergulhou na desorganização que gerou um candidato como Trump, a resposta quase que automática dos democratas foi a de imitar a narrativa mais radical dos Republicanos, mas para o outro lado do espectro político. O resultado foi que a moderação – o forte da política americana que catapultou o país para a liderança global absoluta desde o fim da Guerra Fria – ficou esquecida e tem sido evitada pelos dois lados.

Hoje, com tantos nomes do Partido Republicano contra Trump, há um esforço maior para que ele não seja o candidato. Porém, a falta de alternativas viáveis entre nomes que não empolgam (Ron DeSantis, Nikki Haley, Mike Pence etc.) faz com que Trump, com sua inconfundível narrativa simplista, seduza novamente o eleitor que vê nele o exemplo a ser seguido.

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