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Linha Direta

Entenda por que Biden escolheu visitar a Polônia na semana em que guerra na Ucrânia completa um ano

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O presidente americano, Joe Biden, está na Polônia nesta terça-feira (21) para sua segunda viagem ao país em apenas 11 meses e um dia após ter visitado Kiev pela primeira vez, desde o começo da invasão russa à Ucrânia. Uma visita histórica à capital ucraniana é seguida de outra considerada também simbólica, para demonstrar solidariedade e apoio aos países do Leste Europeu.

O presidente dos EUA Joe Biden chega a um aeroporto militar, em Varsóvia, Polônia, 20 de fevereiro de 2023.
O presidente dos EUA Joe Biden chega a um aeroporto militar, em Varsóvia, Polônia, 20 de fevereiro de 2023. REUTERS - POOL
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Marcio Damasceno, correspondente da RFI em Berlim

A visita de dois dias do presidente americano à Polônia tem o objetivo, segundo a Casa Branca, de enviar uma mensagem forte de solidariedade, não só em relação aos poloneses, que são os aliados mais próximos da Ucrânia, mas também aos parceiros do flanco leste da Otan.

Biden quer transmitir a esses países a segurança de que o apoio dos Estados Unidos e do Ocidente na luta da Ucrânia contra a Rússia continuará pelo tempo que for necessário. Ao mesmo tempo, ele envia a Moscou um sinal de que os aliados de Kiev continuam mais unidos do que nunca e que um ataque contra o território de um membro da Otan será considerado um ataque à aliança como um todo.

Nove de Bucareste

Joe Biden se encontra com o presidente polonês, Andrzej Duda, e, na quarta-feira (22), se reúne com líderes de países do Leste Europeu membros Otan, o grupo chamado de os "Nove de Bucareste", que inclui Polônia, Bulgária, Romênia, Eslováquia, Hungria, Lituânia, Letônia, Estônia e República Tcheca.

Segundo o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, entre os temas a serem discutidos com Biden, está um possível fortalecimento das tropas americanas na Polônia. Atualmente, os Estados Unidos mantêm cerca de 10 mil soldados em solo polonês.

O presidente americano faz nesta terça-feira (21) um discurso em Varsóvia, a dois dias do primeiro aniversário do começo da invasão russa à Ucrânia. O pronunciamento também ocorre no mesmo dia em que Putin faz em Moscou seu tão aguardado discurso do estado da nação. Há um simbolismo nessa escolha de Biden em visitar a capital polonesa nesse momento.

Centro logístico para armamentos da Ucrânia

A Polônia foi estrategicamente escolhida porque o país é um importante parceiro da Otan para os Estados Unidos. Além de abrigar soldados americanos, o país serve de centro de transferência para os fornecimentos de armamentos a Kiev. Por sua posição geográfica, com fronteiras tanto com a Ucrânia como com Belarus, a Polônia está praticamente na linha de frente.

Há um ano que a Polônia tem ajudado a Ucrânia praticamente de forma irrestrita. É o país que mais recebeu refugiados ucranianos: 1,5 milhão desde o início da guerra. O país também está entre os maiores fornecedores de armas e ajuda humanitária e que mais tem feito pressão pelo aumento do apoio militar do Ocidente a Kiev.

A visita de Biden é recebida como um sinal do fortalecimento da posição da Polônia na Europa e no contexto da guerra na Ucrânia. Vale lembrar que a população está tendo um papel muito ativo nessa crise, passando por limitações para acolher o grande número de refugiados, abrigando pessoas muitas vezes em suas casas. Muitos poloneses têm parentes do outro lado da fronteira. O país tem fortes vínculos culturais com a Ucrânia.

País duramente afetado pela crise

A Polônia também tem sido castigada duramente com uma alta inflação por causa da crise energética e da instabilidade econômica. Sobretudo, existe o medo constante de que a Rússia não pare na Ucrânia e que a guerra chegue também ao país. Por isso, os poloneses esperam dos Estados Unidos reconhecimento pelos sacrifícios da população e uma garantia de segurança.

Na última visita de Biden, há pouco menos de um ano, em março de 2022, o presidente americano fez um discurso que ficou marcado por causar um certo desconforto diplomático.

Biden fez um pronunciamento pomposo em Varsóvia e saiu do roteiro ao terminar sua fala, dizendo, se referindo ao presidente russo, Vladimir Putin que "por Deus, esse homem não pode permanecer no poder". A frase obrigou a Casa Branca a vir a público, logo depois, deixar claro que o presidente americano não tinha a intenção de provocar uma "mudança de regime" em Moscou.

O discurso de Biden desta terça-feira também foi programado para ser um dos pontos altos da visita dele a Varsóvia. Mas desta vez o esperado é que o presidente americano tome mais cuidado com as palavras.

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