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Linha Direta

Presença dos EUA na segunda rodada de diálogos entre ELN e Colômbia é fundamental, diz especialista

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A próxima etapa das negociações de paz entre representantes do governo da Colômbia e integrandes do Exército de Libertação Nacional (ELN) ocorrerá no México e terá participação dos Estados Unidos. A decisão foi anunciada na segunda-feira (12) em Caracas, onde ambas as partes retomaram os diálogos após quatro anos de pausa.

Pablo Beltran (no centro), representante da guerrilha colombiana Exército de Libertação Nacional (ELN), durante uma entrevista coletiva após a primeira rodada dos diálogos de paz com o governo colombiano, em Caracas, Venezuela, segunda-feira, 12 de dezembro de 2022.
Pablo Beltran (no centro), representante da guerrilha colombiana Exército de Libertação Nacional (ELN), durante uma entrevista coletiva após a primeira rodada dos diálogos de paz com o governo colombiano, em Caracas, Venezuela, segunda-feira, 12 de dezembro de 2022. AP - Matias Delacroix
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Elianah Jorge, correspondente da RFI na Venezuela

O convite à participação dos Estados Unidos na rodada mexicana do diálogo entre o ELN e o governo colombiano é "uma cartada audaz" no tabuleiro do xadrez dessas negociações, avalia o analista político Jose Aristimuño. 

"Como em toda negociação, os pontos de encontro são complexos e às vezes os acordos não são alcançados por ambas as partes. A presença dos Estados Unidos na segunda rodada de negociações no México será fundamental, pois os Estados Unidos têm um enorme interesse em acabar com o narcotráfico que continua afetando este país”, disse à RFI

A participação de Washington também serve para pressionar a redução da colheita de folhas de coca e reforçar o cerco ao tráfico internacional de drogas. Atualmente a Colômbia é um dos países que mais produzem cocaína no mundo. 

Quebra de gelo com Venezuela

A presença de representantes americanos na mesa de negociações os colocará diante de países com políticas antagônicas, como é o caso de Cuba, um dos mediadores dos diálogos. O convite aceito por Washington também pode resultar em uma possível quebra de gelo com os representantes do governo venezuelano. 

Há poucos dias a administração de Joe Biden renovou o contrato da petroleira Chevron na Venezuela. A decisão foi vista como uma sugestiva manobra para forçar o presidente Nicolás Maduro a negociar com a oposição. 

Deste jogo também fazem parte os interesses políticos do presidente colombiano, Gustavo Petro. Desde sua posse, em agosto passado, o líder vem ensaiando um protagonismo regional e até mundial. Estabelecer a paz com o ELN, estabilizar a situação na Colômbia e, de quebra, reaproximar Estados Unidos e Venezuela seria a jogada de mestre de Petro que o consolidaria no cenário político internacional.    

Venezuela comemora mediação

Já o presidente Nicolás Maduro divulgou um comunicado informando que “para o nosso país, foi um acontecimento de transcendental importância ter podido servir de sede inicial a este ciclo de trabalho, que termina com resultados altamente positivos, contribuindo para o desenvolvimento dos Diálogos para a Paz”. 

Após tantos anos isolado, é um júbilo para o governo venezuelano mediar e sediar o processo de paz com uma das mais violentas guerrilhas da região. Para a gestão de Maduro, isso representa ser reconhecido internacionalmente, tirando-o do limbo político e o posicionando como um gestor da pacificação. Apesar das acusações em esferas internacionais sobre o desrespeito dos direitos humanos na Venezuela, o líder bolivariano vai ganhando espaço, protagonismo e sedimentando caminho para as eleições presidenciais de 2024.   

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