Presença dos EUA na segunda rodada de diálogos entre ELN e Colômbia é fundamental, diz especialista
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A próxima etapa das negociações de paz entre representantes do governo da Colômbia e integrandes do Exército de Libertação Nacional (ELN) ocorrerá no México e terá participação dos Estados Unidos. A decisão foi anunciada na segunda-feira (12) em Caracas, onde ambas as partes retomaram os diálogos após quatro anos de pausa.
Elianah Jorge, correspondente da RFI na Venezuela
O convite à participação dos Estados Unidos na rodada mexicana do diálogo entre o ELN e o governo colombiano é "uma cartada audaz" no tabuleiro do xadrez dessas negociações, avalia o analista político Jose Aristimuño.
"Como em toda negociação, os pontos de encontro são complexos e às vezes os acordos não são alcançados por ambas as partes. A presença dos Estados Unidos na segunda rodada de negociações no México será fundamental, pois os Estados Unidos têm um enorme interesse em acabar com o narcotráfico que continua afetando este país”, disse à RFI.
A participação de Washington também serve para pressionar a redução da colheita de folhas de coca e reforçar o cerco ao tráfico internacional de drogas. Atualmente a Colômbia é um dos países que mais produzem cocaína no mundo.
Quebra de gelo com Venezuela
A presença de representantes americanos na mesa de negociações os colocará diante de países com políticas antagônicas, como é o caso de Cuba, um dos mediadores dos diálogos. O convite aceito por Washington também pode resultar em uma possível quebra de gelo com os representantes do governo venezuelano.
Há poucos dias a administração de Joe Biden renovou o contrato da petroleira Chevron na Venezuela. A decisão foi vista como uma sugestiva manobra para forçar o presidente Nicolás Maduro a negociar com a oposição.
Deste jogo também fazem parte os interesses políticos do presidente colombiano, Gustavo Petro. Desde sua posse, em agosto passado, o líder vem ensaiando um protagonismo regional e até mundial. Estabelecer a paz com o ELN, estabilizar a situação na Colômbia e, de quebra, reaproximar Estados Unidos e Venezuela seria a jogada de mestre de Petro que o consolidaria no cenário político internacional.
Venezuela comemora mediação
Já o presidente Nicolás Maduro divulgou um comunicado informando que “para o nosso país, foi um acontecimento de transcendental importância ter podido servir de sede inicial a este ciclo de trabalho, que termina com resultados altamente positivos, contribuindo para o desenvolvimento dos Diálogos para a Paz”.
Após tantos anos isolado, é um júbilo para o governo venezuelano mediar e sediar o processo de paz com uma das mais violentas guerrilhas da região. Para a gestão de Maduro, isso representa ser reconhecido internacionalmente, tirando-o do limbo político e o posicionando como um gestor da pacificação. Apesar das acusações em esferas internacionais sobre o desrespeito dos direitos humanos na Venezuela, o líder bolivariano vai ganhando espaço, protagonismo e sedimentando caminho para as eleições presidenciais de 2024.
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