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Linha Direta

OTAN e EUA adotam tom cauteloso para desescalar tensão sobre míssil que caiu na Polônia

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Dois dias após a explosão provocada por um míssil na Polônia, OTAN e EUA adotam tom cauteloso para desescalar a tensão sobre o incidente que matou duas pessoas. Enquanto isso, o governo ucraniano assegura que a posição de Kiev é transparente e insiste em fazer parte da investigação internacional sobre o episódio.

Após a reunião convocada em caráter de emergência com os 30 embaixadores da aliança militar, o secretário-geral da organização, Jens Stoltenbeg, disse em coletiva de imprensa na quarta-feira, em Bruxelas, que não há sinais de que a Rússia esteja preparando um ataque aos países da OTAN.
Após a reunião convocada em caráter de emergência com os 30 embaixadores da aliança militar, o secretário-geral da organização, Jens Stoltenbeg, disse em coletiva de imprensa na quarta-feira, em Bruxelas, que não há sinais de que a Rússia esteja preparando um ataque aos países da OTAN. REUTERS - YVES HERMAN
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Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas

Tanto o presidente da Polônia, Andrzej Duda, quanto o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, declararam que a explosão que matou duas pessoas na cidade polonesa de Przewodow, a seis quilômetros da fronteira com a Ucrânia, foi provavelmente causada por um míssil de defesa aérea ucraniano lançado para interceptar um ataque russo. “Nada indica que foi um ataque intencional à Polônia”, informou Andrzej Duda. Mais cedo, à margem da Cúpula do G20 em Bali, o presidente americano, Joe Biden, afirmou que é “pouco provável que o míssil tenha sido disparado pela Rússia”. O Secretário de Estado de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse ter total confiança na investigação das autoridades polonesas e ressaltou não ter “nenhum sinal que contrarie a análise preliminar feita pelo presidente Duda”. As declarações dos aliados ocidentais de que o míssil era ucraniano foram contestadas pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Zelensky afirmou não ter dúvidas de que o míssil era russo, baseado em informações de relatórios militares do país. Em seguida, Kiev solicitou acesso imediato ao local da explosão e adiantou que pretende integrar um grupo de investigação internacional sobre o incidente.

Artigo 4 da aliança militar

O fato de que não há indícios que o míssil foi disparado pela Rússia pode isentar a Polônia de invocar o artigo 4 do Tratado do Atlântico Norte, que convoca os países integrantes da OTAN para discutir se a integridade territorial, a independência ou segurança política de um país estão ameaçada. Segundo o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, o governo de Varsóvia ainda está analisando se vai acioná-lo, mas as chances são remotas. Após a reunião convocada em caráter de emergência com os 30 embaixadores da aliança militar, o secretário-geral da organização, Jens Stoltenbeg, disse em coletiva de imprensa na quarta-feira, em Bruxelas, que não há sinais de que a Rússia esteja preparando um ataque aos países da OTAN. No entanto, deixou claro que o incidente não foi culpa da Ucrânia pois o país se defende da agressão russa. “A Rússia tem a responsabilidade final ao continuar com sua guerra ilegal contra a Ucrânia”, frisou. Stoltenberg fez questão de deixar claro que “a OTAN não faz parte desta guerra” e que o foco da aliança militar é continuar a ajudar a Ucrânia a fortalecer o seu sistema de defesa aéreo.

Um por todos, todos por um

O que aconteceria se em um futuro próximo a Polônia ou outro país membro da OTAN sofrer uma ação deliberada da Rússia?  A resposta é o artigo 5 do Tratado do Atlântico Norte, que diz que um ataque contra um dos integrantes da aliança militar é considerado um ataque contra todos. É o chamado princípio da defesa coletiva, que garante proteção militar a qualquer nação do bloco. Isso é crucial para os países com menor poder bélico, que teriam a proteção de potências militares como os EUA. No entanto, o artigo 5 só pode ser acionado se houver a aprovação de todos os integrantes da organização. Desde a criação da OTAN, em 1949, o artigo 5 só foi acionado uma vez, no dia após os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001 ao World Trade Center e ao Pentágono, nos EUA. O jornal britânico The Guardian questiona até que ponto um país membro da OTAN pode alegar que precisa invocar a proteção do artigo 5, quando a integridade territorial da aliança for violada. O Guardian lembra que recentemente a Rússia violou o espaço aéreo escandinavo – dinamarquês e sueco – em inúmeras ocasiões. “Mas as linhas vermelhas supostamente intransponíveis da OTAN parecem mutáveis quando um conflito global com armas nucleares está em jogo”, analisa o jornal.

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