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Linha Direta

Reino Unido: custo de vida sobe com guerra na Ucrânia e pode faltar óleo para 'Fish and Chips'

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A guerra da Rússia na Ucrânia agravou a crise da alta do custo de vida das famílias no Reino Unido e já afeta até a situação dos pubs — uma instituição e paixão nacional — pelo país. A disparada dos preços do gás, da gasolina e dos alimentos pesa na conta política do primeiro-ministro, Boris Johnson, que perde popularidade a um mês das próximas eleições regionais.

Guerra na Ucrânia influencia alta de preços no Reino Unido
Guerra na Ucrânia influencia alta de preços no Reino Unido REUTERS - PETER NICHOLLS
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Vivian Oswald, correspondente da RFI em Londres

O impacto da guerra tem consequências diretas no bolso do consumidor. Os recordes históricos nos preços dos combustíveis na bomba e a disparada nas contas de gás apavoram as famílias, que já vinham tentando se readaptar à realidade pós-pandêmica.

O índice de preços ao consumidor bateu 6,2% nos 12 meses encerrados em março. A meta de inflação para 2022 é de 2%. Já se fala em desabastecimento de um conjunto de itens de primeira necessidade, como o óleo de girassol, usado para fritar o tradicional prato da culinária britânica, o "fish and chips” (peixe empanado com batata frita).

A Rússia e a Ucrânia são responsáveis por metade da produção de derivados de girassol do mundo. Distribuidores dizem que os estoques de óleo podem durar até dois meses. O item é fundamental na mesa do britânico e dos pubs. Até as batatinhas fritas em sacos, que acompanham as 'pints', a famosa medida britânica dos copos de cerveja, também correm perigo. Fornecedores poderão recorrer a outros ingredientes, se a crise apertar.

O custo do gás também afeta as despesas de pubs, bares e restaurantes — um dos segmentos mais afetados pela crise sanitária da Covid-19 nos últimos dois anos. Aproximadamente 40% do gás consumido pela Europa é russo. Na Alemanha, o percentual chega a 55%. O Reino Unido importa apenas 5% do que utiliza, mas as faturas de gás cada vez mais altas também estão por trás da perda de popularidade do primeiro-ministro, Boris Johnson.

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson disse que os "crimes da Rússia na Ucrânia não ficariam impunes" e prometeu mais ajuda aos ucranianos.
O primeiro-ministro britânico Boris Johnson disse que os "crimes da Rússia na Ucrânia não ficariam impunes" e prometeu mais ajuda aos ucranianos. AP - Matt Dunham

Eleições regionais

No próximo dia 5 de maio acontecem as eleições regionais no Reino Unido. Na Inglaterra, o que se espera é que as urnas evidenciem a insatisfação da população em relação a Johnson.

O pleito será o termômetro para que o partido conservador do primeiro-ministro avalie a sua sobrevida política. Desde o final do ano passado, o premiê enfrenta a polêmica desencadeada por vários escândalos. Entre eles, a reforma da sua residência oficial e as festas que os integrantes de seu gabinete organizaram durante o período de lockdown no país.

O inquérito policial indica que 20 pessoas podem ser multadas e os detalhes da investigação ainda não foram divulgados. Outro relatório da corregedoria do governo deve ser publicado em breve. Com a guerra da Rússia na Ucrânia estampada nas primeiras páginas dos jornais no último mês, a polêmica envolvendo Johnson e seu partido acabaram sendo esquecidas nas últimas semanas.

Mas agora, a mesma guerra que ajudou a população a "esquecer" a polêmica em torno do premiê, o coloca novamente em uma siuação delicada. Crises econômicas não costumam passar despercebidas pelos eleitores e essa não parece dar sinais de trégua no curto prazo.

Impacto do Brexit

Além dos efeitos mais distantes da crise financeira global de 2008, e os mais imediatos da pandemia e desta guerra em plena Europa — que também afetam outros países mundo afora —, o Reino Unido ainda se vê sob o impacto do Brexit.

Neste ponto, será difícil diferenciar o que é efeito exclusivo do divórcio da União Europeia (UE) do restante. A indústria automobilística no país, diretamente envolvida com o mercado de consumidores e fornecedores europeus, avisa que teve o pior março dos últimos 24 anos, com uma queda nas vendas de pouco mais de 14%.

A produtividade da mão de obra no Reino Unido cresceu apenas 0,4% de 2007 a 2019, um dos menores percentuais entre as nações ricas, de acordo com dados oficiais. Trata-se de uma queda e tanto em relação aos 12 anos anteriores, quando registrou 2%.

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