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Linha Direta

UE entra em nova era ao financiar compra de armas à Ucrânia e punir "sistema" Putin

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A guerra na Ucrânia entra no seu quinto dia sem sinais de trégua. Enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, coloca as forças de dissuasão em alerta máximo, a União Europeia eleva o tom e endurece ainda mais as sanções contra Moscou.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou uma terceira rodada de duras sanções contra a Rússia no domingo. 27/02/2022
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou uma terceira rodada de duras sanções contra a Rússia no domingo. 27/02/2022 © 路透社图片
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Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas

Pela primeira vez, a União Europeia vai financiar a compra e a entrega de armas e equipamento militar a um país sob ataque, a Ucrânia, anunciou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. A estimativa é de que Bruxelas gaste € 450 milhões dos fundos emergenciais comunitários em armamentos para Kiev, e € 50 milhões adicionais para a aquisição de insumos não letais, como material médico, por exemplo. “Este é um divisor de águas”, afirmou Von der Leyen, após comunicar a iniciativa inédita do Executivo europeu, que ainda precisa da aprovação dos 27 países do bloco.

A União Europeia também informou o fechamento do seu espaço aéreo para aviões e companhias russas, registrados na Rússia ou controlados por russos, incluindo os jatos privados dos oligarcas que não poderão pousar, decolar ou sobrevoar o território europeu. O Reino Unido adotou medidas semelhantes. Várias companhias ocidentais estão suspendendo seus voos sobre o território russo. Os EUA e a França estão pedindo para que seus cidadãos deixem a Rússia imediatamente, enquanto os voos estão disponíveis.

Ainda sobre as novas sanções, Bruxelas decidiu banir a “máquina de propaganda do Kremlin”, proibindo a TV estatal Russia Today (RT) e a agência de notícias Sputnik, bem como suas filiais, de contribuir para a desinformação na Europa.

Este é o terceiro pacote de medidas contra a Rússia imposto pela UE desde a semana passada.

Putin coloca armas nucleares em alerta

A Otan reagiu rapidamente ao anúncio feito pelo presidente russo, Vladimir Putin, de colocar as forças de dissuasão nuclear em alerta, em resposta às “declarações agressivas” dos países da aliança militar ocidental. O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que “esta é uma retórica perigosa e irresponsável". “E, é claro, se você combinar essa retórica com o que eles estão fazendo na Ucrânia, travando uma guerra contra uma nação soberana e independente, conduzindo uma invasão total no país, isso aumenta a gravidade da situação", adicionou.

Depois de informar que Bruxelas poderia fornecer caças de combate à Ucrânia, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borell, ressaltou que “a guerra de Putin" não é apenas contra a Ucrânia. "Temos que compreender a gravidade para nós, europeus, e para a segurança global", enfatizou Borell. Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a Ucrânia "pertence à União Europeia" e o bloco gostaria de ver a adesão do país um dia. “Na verdade, com o tempo, eles (os ucranianos) nos pertencem. Eles são um de nós e nós os queremos”, explicou.

Oligarcas russos ameaçados

Os ministros das Relações Exteriores do bloco chegaram a um acordo para bloquear transações financeiras do Banco Central da Rússia, limitando o acesso às reservas internacionais ou aos ativos financeiros que a instituição mantém no exterior.

Para especialistas, o novo pacote de sanções deve atingir em cheio a economia da Rússia, além de trazer inflação e aumento dos preços no Ocidente. As exportações de petróleo, fertilizantes e grãos, entre outras commodities, serão interrompidas depois que alguns bancos russos foram bloqueados para operar por meio do Swift. O Swift é o sistema global de comunicações bancárias e financeiras que os bancos utilizam para realizar transações transfronteiriças seguras e rápidas.

Para a ONG anticorrupção Transparência Internacional, “o acesso a este sistema é crucial para que o modelo de negócio da cleptocracia de Putin funcione”. De acordo com a ONG, “Putin tem conseguido se manter à frente de um Estado mafioso, durante os últimos 20 anos, porque tem feito seus oligarcas felizes: capazes de saquear a Rússia e esconder os seus bens em contas offshore (paraísos fiscais)".

Com o corte no acesso ao Swift, os oligarcas russos terão dificuldades para manter o estilo de vida luxuoso, o que poderia significar uma perda de apoio para Putin.

Em entrevista ao jornal britânico The Sunday Times, a secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss, disse que o governo britânico irá endurecer as sanções contra os oligarcas russos com bens em Londres. “Nós temos que tornar (as represálias) profundamente dolorosas para os oligarcas que apoiam Putin". De acordo com Truss, há cerca de cem bilionários russos em Londres, inclusive um dos apelidos da cidade é Londongrad, devido ao número excessivo de residentes russos.

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