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Radar econômico

França aperta o cerco para conter variante Delta e manter retomada econômica do país

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Depois de todo o desgaste e as perdas econômicas geradas por sucessivos lockdowns para conter a epidemia de coronavírus, a retomada na França é ameaçada pela desaceleração da vacinação contra a Covid-19 no país e o avanço da variante Delta.

O desafio é impedir que a variante Delta, já majoritária no país, desencadeie uma quarta onda de Covid-19 e leve a novos fechamentos da economia.
O desafio é impedir que a variante Delta, já majoritária no país, desencadeie uma quarta onda de Covid-19 e leve a novos fechamentos da economia. REUTERS - SARAH MEYSSONNIER
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Desde o começo de junho, o ritmo de injeções caiu pela metade, para menos de 200 mil por dia, levando o governo a adotar providências para forçar os franceses a se imunizar.

O desafio é impedir que a Delta, já majoritária no país, desencadeie uma quarta onda de Covid-19 e leve a novos fechamentos da economia. Esta cepa, identificada pela primeira vez na Índia, é 60% mais contagiosa que a versão chamada “selvagem” do vírus.

"Temos um vigor, temos um clima de negócios positivo nas empresas. As famílias se mostram confiantes e consomem. Temos um alinhamento favorável dos planetas para a retomada, mas tudo isso foi antes da chegada da variante Delta. Ela pode mudar tudo”, analisa o economista Mathieu Plane, diretor-adjunto do Observatório Francês de Conjuntura Econômica (OFCE), em entrevista à RFI. "A dinâmica da economia hoje é muito dependente das escolhas sanitárias que poderão ser feitas."

Em nome da preservação da saúde, mas também da retomada, o presidente Emmanuel Macron anunciou na segunda-feira (12) um pacote de medidas para incitar ou obrigar a população a tomar a vacina. Até o momento, 57%  dos franceses já receberam ao menos uma dose do imunizante.

“Inferno" do lockdown à vista

Em entrevista à emissora FranceInfo, o ministro da Economia, Bruno Le Maire, defendeu a obrigação de apresentação de um passaporte vacinal para a entrada em shoppings, bares, restaurantes e estabelecimentos culturais. A medida entra em vigor a partir da semana que vem.

"Todos estamos com vontade de acabar com as restrições. Eu não gosto de impor condições a um restaurante, um teatro ou um cinema que acaba de reabrir”, explicou. "Mas nós estamos fazendo porque é o que vai nos permitir não voltarmos ao inferno de ter que fechar tudo de novo e voltarmos ao lockdown, como os que conhecemos nos últimos meses.”

Depois de sofrer uma queda de 8% do PIB em 2020, Paris se surpreende positivamente com a alta do consumo e da atividade econômica, graças à saída progressiva do lockdown, em maio. A expectativa de crescimento acaba de subir de 5 para 6% neste ano e o instituo francês de estatísticas (Insee) aposta em um retorno ao normal da economia em outubro, à condição que a variante Delta não atrapalhe os planos nos próximos meses.

"A retomada é mais forte do que o previsto. Os números do consumo são melhores do que os registrados no mesmo período em 2019, antes da crise. Mas quero ser muito claro: nós só chegaremos a esses 6% de crescimento, um índice extremamente elevado, se formos todos responsáveis em relação à vacinação”, ressaltou o ministro Bruno Le Maire. "A única coisa que pode nos impedir de chegar aos 6% é o retorno brutal e em massa da pandemia.”

Escassez de matérias-primas

Na Europa, as restrições começam, pouco a pouco, a voltar a ser impostas em países como a Espanha e a Holanda, em pleno verão no continente. No fim de semana, os ministros das Finanças do G20 advertiram que as variantes do coronavírus ameaçam a economia mundial.

Outro impacto, desta vez indireto, da pandemia sobre a volta do crescimento econômico é a escassez mundial de matérias-primas cruciais para a indústria, como madeira, aço e alumínio. O ministério francês da Economia indica que um terço das atividades estão afetadas pela penúria e os altos preços dos materiais, que atrasam projetos pelo país.

"É um problema, mas não é o principal. O problema número 1 é garantir que a atividade retome nos setores mais atingidos, como restaurantes, comércio, transportes, turismo, eventos e lazer, que são muito importantes para as economias locais”, avalia Mathieu Plane.

"A questão da falta de matérias-primas hoje atinge principalmente o setor de obras. Devemos ter atrasos nos projetos – o que ilustra, por outro lado, que estamos tendo bastante demanda. Mas as cadeias mundiais de produção foram muito afetadas pela crise e agora não dão conta de atender todos os planos de retomada por todo o lado, já que as economias voltaram a crescer", complementa o economista. 

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