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Brasil-Mundo

Brasileiros em campanha pelo Oscar revelam expectativas e trabalho para conquistar uma vaga

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Diretores, produtores e músicos brasileiros disputam vagas no maior prêmio de Hollywood, em diversas categorias. "Marte Um" é o indicado oficial do país para tentar a estatueta como Melhor Filme Internacional. Outras produções foram qualificadas e concorrem como Melhor Documentário e Curta-Metragem de ficção e documental.

Diretores, produtores e músicos brasileiros disputam vagas no maior prêmio de Hollywood, em diversas categorias.
Diretores, produtores e músicos brasileiros disputam vagas no maior prêmio de Hollywood, em diversas categorias. © Fotomontagem RFI Divulgação
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Cleide Klock, correspondente da RFI em Los Angeles

Compositores brasileiros tentam uma indicação e estão de olho nas principais datas da grande peneira: no próximo dia 21 de dezembro, será divulgada a primeira lista dos 15 pré-selecionados em dez categorias; em 8 de fevereiro, conheceremos os cinco finalistas em cada uma das 23 categorias; e 27 de março é o dia da festa que revela os grandes vencedores.

Gabriel Martins, que assina a direção e o roteiro de "Marte Um", esteve em Hollywood fazendo campanha para o seu filme. O drama conta a história de uma família da periferia de Belo Horizonte e mostra o cotidiano simples de trabalhadores que se equilibram entre a dura realidade e os sonhos. Sensível e dolorida, a trama expõe alguns dos problemas mais profundos do Brasil.

Cartaz de "Marte Um", drama sobre o cotidiano de uma família da periferia de Belo Horizonte.
Cartaz de "Marte Um", drama sobre o cotidiano de uma família da periferia de Belo Horizonte. © Cleide Klock

"Foi completamente uma novidade, acho que têm sido meses que têm durado anos. E, ao mesmo tempo, um aprendizado ótimo para entender como funciona a indústria, como funciona um prêmio dessa magnitude, desse tamanho. Tem sido um aprendizado bem difícil, muito tempo correndo atrás, mas, ao mesmo tempo, muito gratificante", contou o diretor.

A produção foi escolhida pela Academia Brasileira de Cinema para concorrer como Melhor Filme Internacional, a única categoria que precisa de indicação oficial do país. Desde 1999, o Brasil não aparece na lista dos indicados a Melhor Filme Internacional, antes chamada Melhor Filme Estrangeiro. A última vez foi com o longa "Central do Brasil", uma coprodução com a França, de Walter Salles.

SUS e Amazônia no Oscar

Na categoria de Melhor Documentário, as indicações de produções brasileiras têm sido mais recorrentes. A última foi em 2020, com "Democracia em Vertigem", de Petra Costa. Agora, para 2023, as irmãs Helena e Ana Petta se qualificaram para levar "Quando Falta o Ar" para a premiação. O filme, que venceu o Festival É Tudo Verdade, acompanha o trabalho das funcionárias do Sistema Único de Saúde (SUS), durante a pandemia da Covid-19. Helena, que também é médica, conversou com a RFI.

"Quando Falta o Ar" acompanha o trabalho de funcionárias do SUS, durante a pandemia da Covid-19.
"Quando Falta o Ar" acompanha o trabalho de funcionárias do SUS, durante a pandemia da Covid-19. © Cleide Klock

"Várias pessoas queriam muito registrar esse momento de uma narrativa que mostrasse exatamente o ponto de vista de quem estava ali, lutando em defesa da vida das pessoas. Para a gente, já foi uma surpresa o "É Tudo Verdade" e quando a gente soube que estava na lista do Oscar, muito mais, uma coisa muito grande, muito importante", conta Helena Petta.

Já "O Território" leva os problemas mais profundos da Amazônia à premiação, a luta incansável contra as queimadas, a exploração e o desmatamento. Dirigido pelo americano Alex Pritz, o filme foi coproduzido pelos indígenas da comunidade uru-eu-wau-wau. O fotógrafo brasileiro Gabriel Ushida foi um dos produtores locais e a ativista Txai Suruí, filha de Neidinha, uma das personagens do filme, assina a produção-executiva do documentário, junto com o cineasta Darren Aronofsky.

Cena de "O Território", produção sobre a incansável luta para preservar a Amazônia.
Cena de "O Território", produção sobre a incansável luta para preservar a Amazônia. © Cleide Klock

Curtas

Pelo menos cinco curtas-metragens de diretores brasileiros também se qualificaram para entrar na lista dos inscritos ao Oscar. Para chegar nesta fase, é necessário seguir uma série de pré-requisitos, entre eles ter destaque em premiações de renome pelo mundo.

"Sideral", por exemplo, passou por mais de 120 festivais e ganhou mais de 50 prêmios, entre eles o do Festival de Chicago, que garante a possibilidade de concorrer a uma vaga ao Oscar. A ficção científica foi dirigida por Carlos Segundo.

Carlos Segundo, diretor do curta-metragem "Sideral".
Carlos Segundo, diretor do curta-metragem "Sideral". © Cleide Klock

"Esse é um projeto que começou pequeno e foi ganhando espaço, literalmente. É um misto de ansiedade de estar com o filme em um dos eventos mais importantes do mundo, mas, ao mesmo tempo, entendemos que o filme tem sua potência. A gente chega aqui com um sentimento de uma jornada completa; agora, o que vier é lucro", disse Segundo.

Já "Ousmane", dirigido pelo brasileiro Jorge Camarotti, é sobre a luta de imigrantes que sofrem de Alzheimer. O curta é canadense, porque o cineasta brasileiro mora há 19 anos no país, e foi com o olhar de imigrante que ele escreveu essa emocionante história sobre esse grupo invisível para a sociedade.

"Ousmane", curta-metragem de Jorge Camarotti, enfoca a doença de Alzheimer entre imigrantes.
"Ousmane", curta-metragem de Jorge Camarotti, enfoca a doença de Alzheimer entre imigrantes. © Cleide Klock

"A gente ganhou tantos prêmios, agora o filme está na plataforma da New Yorker, que é uma revista conceituadíssima. Para mim, fazer um filme que é a respeito da imigração, de pessoas com Alzheimer, e que pessoas que entendem bem o assunto estão dando valor ao filme já é uma vitória", afirmou Camarotti.

Ainda qualificado para concorrer a uma vaga na categoria de curta de ficção está “Infantaria”, da realizadora alagoana Laís Santos Araújo. Os curtas documentais "Sinfonia de um Homem Comum", dirigido por José Joffily, e "Vagalumes'', de Léo Bittencourt, também estão na corrida.

Músicas e produtores

Mas a lista de brasileiros que podem subir ao palco do teatro Dolby, no dia 27 de março, inclui também produtores de filmes estrangeiros, como Daniel Dreifuss, produtor do longa alemão "Nada de Novo no Front", que acaba de ser indicado ao Globo de Ouro; e Rafael Thomaseto e Helena Sardinha, que assinam a produção do curta-metragem "Antes do Amanhecer, Hora de Cabul", inspirado em uma história real.

Os compositores Heitor Pereira e Marcelo Zarvos também tentam levar a estatueta dourada para o Brasil e se tornarem, oficialmente, os primeiros brasileiros a subir ao palco nessa categoria. Pereira assina a trilha sonora de "Gato de Botas 2: O Último Pedido", enquanto Zarvos compôs a trilha do novo filme de Will Smith, "Emancipation: Uma História de Liberdade". 

Marcelo Zarvos assina a trilha sonora do filme "Emancipation: Uma História de Liberdade".
Marcelo Zarvos assina a trilha sonora do filme "Emancipation: Uma História de Liberdade". © Cleide Klock

Zarvos falou um pouco sobre sua expectativa. "De todos os filmes em que trabalhei, esse eu ficaria muito feliz, por ter mais elementos brasileiros do que qualquer outro, fora, claro, os filmes realmente brasileiros", disse. "Seria muito legal ter esse reconhecimento fazendo parte disso, ficaria muito orgulhoso. Mas, no final das contas, o mais importante é a história que está sendo contada e ser parte dela", concluiu.

Oficialmente, o Brasil nunca ganhou um Oscar, mas são várias as histórias que ficaram no "quase deu Brasil". Entre elas está a de Luciana Arrighi, que nasceu no Rio de Janeiro, mas sua nacionalidade é australiana. Como diretora de arte, ela concorreu três vezes ao Oscar e venceu em 1993, com o filme “Retorno a Howards End”.

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