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A Semana na Imprensa

Guerra na Ucrânia inaugura nova era geopolítica inflada pelo rearmamento, diz revista francesa

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O rearmamento do planeta. É sobre esse tema que se debruça a revista francesa L’Obs nesta semana, citando gastos militares crescentes em todos os continentes que explodiram na Europa desde a eclosão da guerra na Ucrânia. Segundo o jornal, os produtores franceses do setor já observam um aumento da demanda. L’Obs analisa também os riscos dessa escalada para a sobrevivência e a qualidade de vida das populações mundiais.

Soldados ucranianos recebendo armas norte-americanas em 11 de fevereiro de 2022.
Soldados ucranianos recebendo armas norte-americanas em 11 de fevereiro de 2022. AP - Efrem Lukatsky
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Bloqueadores antidrone, cartuchos e coletes à prova de balas. Mas também telescópios gêmeos, drones de reconhecimento, armas antiaéreas, radares de vigilância e, é claro, tanques e lançadores de mísseis. "Desde o início da guerra na Ucrânia, foram incontáveis os bilhões de dólares liberados pelo Ocidente para ajudar Kiev a resistir à agressão russa, e somente os Estados Unidos forneceram mais de US$ 43 bilhões em equipamentos militares até o momento", revela a revista francesa L'Obs.

"Em toda a Europa, onde os orçamentos militares estão explodindo, mas também na Rússia, que teve de revisar seus investimentos para cima, o conflito ucraniano agiu como um ponto de virada e um catalisador", analisa L'Obs. E esse novo frenesi por parte dos europeus se junta à corrida armamentista de outras grandes potências, como a China, que não para de se remilitarizar constantemente. "Com esse novo rearmamento do mundo, o parêntese do fim da Guerra Fria acaba e começa uma nova era geopolítica repleta de novos perigos", diz L'Obs.

A revista destaca um relatório do Sipri (Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo, publicado em abril), que confirma essa tese: os valores investidos nas forças armadas do mundo em 2022 aumentaram pelo oitavo ano consecutivo, atingindo um nível recorde de US$ 2,2 bilhões. Para fins de registro, no auge da Guerra Fria foram usados US$ 1,5 bilhão. Esse aumento sem precedentes demonstraria, de acordo com os pesquisadores, "que estamos vivendo em um mundo cada vez mais inseguro", publica a revista.

Efeito bola de neve

Os Estados estão intensificando seu poder militar em resposta à deterioração da situação de segurança, que provavelmente não vai melhorar no futuro próximo. Por exemplo, a Europa está gastando cerca de US$ 480 bilhões em armamentos, um aumento de 13%, o maior dos últimos 30 anos. "A invasão da Ucrânia teve um efeito direto sobre a inflação dos orçamentos militares na Europa", diz um dos autores do relatório. 

Conflitos que podem tornar o confronto inevitável, segundo a L'Obs. Especialmente porque o resultado da guerra na Ucrânia é tudo menos previsível, e Putin parece determinado a arrastar a luta pelo menos até as eleições de novembro de 2024 nos Estados Unidos, na esperança de que um presidente republicano se mostre menos intratável do que Joe Biden. "O mundo está dançando em um vulcão, mas será que ele tem escolha? Tem, e vai custar caro", conclui a revista francesa.

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