Acessar o conteúdo principal
A Semana na Imprensa

"Juventude dilacerada": revista francesa investiga dependência de adolescentes às redes sociais

Publicado em:

Com o título “Uma juventude dilacerada”, a revista francesa L’Express aborda a dependência dos adolescentes às redes sociais e os prejuízos dessa compulsão ao uso de smartphones para a saúde dos jovens. A reportagem investiga a jurisprudência existente e analisa as chances de as grandes empresas de tecnologia serem responsabilizadas pelos malefícios que eventualmente causarem, assim como aconteceu com a indústria do cigarro, nos anos 1990.

A Justiça britânica considerou que as redes sociais contribuem para que adolescentes se fechem em uma bolha, acentuando casos de depressão e suicídio.
A Justiça britânica considerou que as redes sociais contribuem para que adolescentes se fechem em uma bolha, acentuando casos de depressão e suicídio. Pixabay
Publicidade

A L’Express conta a história da família Russell, de Londres, cuja filha adolescente se suicidou, há pouco mais de cinco anos, depois de entrar em uma espiral depressiva. De acordo com as conclusões do juiz que atuou no caso, “os algoritmos do Instagram, Snapchat, Twitter e Pinterest encheram a jovem de conteúdos sobre suicídio e automutilação, contribuindo para que ela se fechasse numa bolha mortal”.

De acordo com a revista, essa decisão da Justiça britânica pode ser a primeira brecha para a formação de uma jurisprudência internacional que permita a abertura de processos coletivos sobre os possíveis danos provocados pelas redes sociais.

Para especialistas, a situação é parecida com a que aconteceu com a indústria tabagista, que mesmo sabendo dos malefícios do cigarro para a saúde dos fumantes, preferiu ignorar essa informação. Segundo a L’Express, a comparação não é exagerada. “Durante décadas, os produtores de cigarros acrescentaram substâncias aditivas ao tabaco. Da mesma maneira, as redes sociais são construídas sob um sistema de dependência”, diz a matéria.

“Descida ao inferno”

No caso de Molly Russel, que se enforcou no próprio quarto, em 2017, “a descida ao inferno durou menos de um ano”, segundo a reportagem. “Ao longo de seis meses antes de sua morte, a jovem foi submetida a 16.300 publicações, sendo 2.100 explicitamente sobre depressão, entre as quais havia 138 vídeos sobre o tema”.

Questionada pelas autoridades britânicas, Elisabeth Langone, responsável do bem-estar e da saúde junto à Meta Inc. (organização que reúne Facebook, Instagram, WhatsApp e Messenger), defendeu a empresa, argumentando que “os conteúdos em questão eram seguros” e serviam para ajudar na tomada de consciência dos jovens.

O pai de Molly, no entanto, considera que “se as publicações fossem efetivamente inofensivas, sua filha ainda estaria viva”.  

Uma pesquisa na base de dados de artigos acadêmicos aponta, também, uma forte relação entre a degradação da autoestima dos jovens e o uso das redes sociais. Vários estudos apontam que os adolescentes são confrontados a estereótipos e críticas, e também “são alvo de publicidade que tem como resultado a culpabilidade e a insegurança” sobre o próprio corpo.  

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.