Revista francesa considera Caetano Veloso tão importante quanto Amazônia para patrimônio mundial
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A revista francesa L'Obs traz em sua edição semanal uma crítica extremamente elogiosa sobre o novo disco de Caetano Veloso, "Meu coco". Em 30 linhas, o autor do texto, Fabrice Pliskin, diz que "devemos zelar por Caetano Veloso como zelamos pela Amazônia".
"Pela beleza de suas melodias, pela voz frágil e sutil de um anjo sentimental, o baiano não faz parte do patrimônio mundial?", sugere o crítico em uma interrogação, encantado com a "força irresistível" de Caetano e sua "pop de coco".
Aos 79 anos, "o Paul McCartney, o Bob Dylan ou o Bob Marley do hemisfério sul", como o leitor preferir chamar o brasileiro, está de volta com um novo álbum. A letra de "Anjos tronchos" recebe menção especial da publicação francesa, "não por criticar as novas tecnologias, mas pela ditadura que elas exercem sobre as consciências humanas".
"Nós encontramos nesse disco o estilo plural e multicolorido do filho da bossa-nova e do tropicalismo, movimento que conseguiu canibalizar o pop anglo-saxão da década de 1960, que representou para a juventude contestadora da época um guia de revolta global", assinala o texto.
A L'Obs recorda que essa "fantasia psicodélica" fez com que Caetano fosse preso pela ditadura militar, condenado ao ostracismo pela esquerda nacionalista e forçado ao exílio em Londres. Hoje, o mesmo compositor denuncia o "fascismo" de Jair Bolsonaro. No entanto, lutar contra “líderes estúpidos”, como diz o compositor, não basta para ter talento, nota a revista francesa.
"A força irresistível do novo disco de Caetano está nos arranjos de flautas e cordas, na percussão delicada, nas baladas milagrosas, nos violinos inebriantes e acordeões tristes, nas guitarras de rock e nos leves efeitos de bateria eletrônica que formam um tesouro de crioulização e graça à brasileira", assinala a crítica. "Tudo isso embalado em uma elegância eterna ao estilo de Fred Astaire", conclui a L'Obs, comentando os passos de Caetano nos clipes de divulgação das novas músicas.
Além do novo CD de Caetano, a L'Obs dedica dez páginas a Paul McCartney, que acaba de lançar o livro "As letras". Em dois volumes, o box traz 154 canções escritas por Paul e comentadas pelo ex-Beatles. O projeto se tornou realidade graças à mediação de um cunhado de Paul, John Eastman, irmão de Linda McCartney, morta precocemente de câncer, conta a revista francesa. O poeta e jornalista irlandês Paul Muldoon fez as entrevistas com o músico e o texto final, a pedido do editor americano Robert Weil. A obra monumental, segundo a L'Obs, merece ser lida "sem moderação".
Emmanuel e Brigitte Macron lamentam morte de Nelson Freire
A imprensa francesa ainda faz uma homenagem ao pianista brasileiro Nelson Freire, morto no início da semana no Rio de Janeiro, "um dos maiores pianistas do mundo", segundo a revista Le Point.
O Palácio do Eliseu publicou uma nota de pesar assinada pelo presidente Emmanuel Macron e pela primeira-dama, Brigitte, com elogios "à genialidade discreta de um dos maiores intérpretes internacionais do repertório romântico". "O presidente francês e sua esposa saúdam este intérprete excepcional de Debussy, que frequentemente honrou nosso país com sua presença", conclui o longo comunicado dedicado ao falecimento de Nelson Freire.
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