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A Semana na Imprensa

Revista francesa visita o Rio de Janeiro, “um mundo onde a pandemia nunca existiu”

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A revista francesa Le Point traz em sua edição desta semana uma longa reportagem realizada no Rio de Janeiro. O enviado especial da publicação conta que as praias continuam lotadas e as festas incitam aglomerações em uma cidade que não parece enfrentar uma pandemia.

A revista Le Point trás reportagem sobre as praias lotadas no Rio de Janeiro
A revista Le Point trás reportagem sobre as praias lotadas no Rio de Janeiro © Fotomontagem RFI/Adriana de Freitas
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Com o título “No Brasil, o samba contra a Covid”, a reportagem tenta explicar o modo carioca de lutar contra a Covid-19. “No Brasil é verão e faz mais de 30 graus, enquanto a Europa treme de frio e se confina. No momento em que o resto do mundo se tranca, os cariocas se amontoam nas praias”, compara o texto.

A reportagem relata que na areia de Ipanema se forma um verdadeiro mar de guarda-sóis, no qual praticamente ninguém usa máscara nem respeita o distanciamento social. É como estar em “um mundo onde a pandemia nunca existiu”, resume.

A revista ressalta que a cidade anulou seu carnaval, mas não parece ter abandonado sua alma festiva. O enviado especial visitou uma festa na Pedra do Sal, local tradicional de samba, onde milhares de pessoas transpiram, dançam e se beijam, coladas umas às outras, sem máscara.

“Pensávamos que esse tipo de festa de rua gigante tinha desaparecido da face da terra desde o início da pandemia, ou que aconteciam de forma clandestina. Mas aqui, estamos em pleno centro da cidade, a polícia garante a segurança e os nomes dos artistas que se apresentam são anunciados há dias nas redes sociais”, espanta-se o jornalista. “A Pedra do Sal dança na total legalidade”, constata o texto.

A reportagem explica que essa vontade de manter uma vida normal é reproduzida em todas as categorias socioeconômicas: os bailes funk continuam nas periferias e “o lado mais chique do Rio também se recusa a dormir cedo”. No Leblon, por exemplo, mesmo se a música toca mais baixo e as aglomerações são menos densas que nos bairros periféricos, os bares também estão lotados e as calçadas repletas de mesas.

Seguir a vida normal: um motivo de orgulho

“O fato de não ceder e manter seu modo de vida normal diante da Covid é motivo de orgulho para os moradores do Rio, tanto pobres quanto ricos”, avalia o texto, que compara a situação carioca com a da vizinha Niterói. Do outro lado da ponte, o acesso às praias é restrito, as festas clandestinas são perseguidas pelas autoridades e o uso de máscaras faz parte da paisagem. “Nós levamos a pandemia a sério”, resume o prefeito de Niterói, Axel Schmidt Grael.

O prefeito do Rio também foi entrevistado. “Os cariocas deveriam se dar conta da sorte que têm”, disse Eduardo Paes. “Nós não os impedimos de sair de casa ou praticar esportes. Eles levam uma vida praticamente normal”, afirma o prefeito. “Mas alguns acham que podem aproveitar o verão como se nada tivesse mudado. Eu digo claramente: deixem de ser idiotas, vocês estão matando pessoas”, irrita-se Paes, que assumiu o mandato em janeiro.

Enquanto isso, lembra Le Point, o Brasil segue como um dos países mais atrasados em termos de campanha de vacinação. E, para completar, Brasília optou pelo imunizante chinês Sinovac, “um produto cuja eficácia é contestada”, afirma a revista francesa, ressaltando que o país já ultrapassou 200 mil vítimas do coronavírus e que 17 mil óbitos foram registrados apenas no Rio de Janeiro.

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