Grupo de ONGs denuncia controles discriminatórios feitos pela polícia francesa
Cinco organizações não-governamentais francesas e internacionais denunciaram que os controles faciais executados pela polícia francesa violam o direito internacional dos direitos humanos, em comunicado apresentado nesta quarta-feira (11) ao Comitê das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação Racial (CERD).
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Jovens negros e árabes são as principais vítimas desse tipo de controle, inclusive crianças de apenas dez anos. “Esses controles de identidade abusivos e ilegais, disseminados por todo o país e profundamente enraizados nas práticas policiais, constituem uma discriminação racial sistêmica”, diz o comunicado. Os dados são corroborados com inúmeros documentos científicos, relatórios de instituições independentes e testemunhos de vítimas e policiais.
O documento lembra que embora o Conselho de Estado, órgão que atua tanto como consultor jurídico do poder executivo quanto como tribunal supremo para a justiça administrativa, tenha reconhecido em outubro de 2023 que os controles faciais não se limitam a "casos isolados" na França, o Estado não tomou medidas para lidar com o problema. Por isso, o grupo de ONGs decidiu acionar o comitê da ONU que supervisiona o cumprimento da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, da qual a França é signatária.
O comunicado foi elaborado pela Maison Communautaire pour un Développement Solidaire (MCDS), Pazapas, Réseau Egalité, Antidiscrimination, Justice Interdisciplinaire (Reaji), Amnesty International France e Human Rights Watch.
Controles mais objetivos
O grupo apela à ONU para explicitar medidas específicas que o governo francês deve tomar para acabar com esses tipos de controle. As associações sugerem que os controles tenham motivos objetivo e individualizados, por exemplo, além de promover uma rastreabilidade desses controles e verificações de identidade pela polícia.
Outras medidas apresentadas seriam o reforço dos direitos das vítimas por recurso junto a uma entidade independente e mudança dos objetivos institucionais, diretrizes e formação da polícia, incluindo as interações com o público.
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