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Março completa dez meses recordes de calor global, alerta Observatório Europeu Copernicus

Com novo recorde de temperatura em março, os últimos dez meses foram os mais quentes já registrados no mundo, com uma média de 1,58°C a mais que o clima do planeta no século XIX, antes de se sentir o efeito da queima de combustíveis fósseis, do desmatamento ou da agricultura intensiva. O Observatório Europeu Copernicus divulgou esses dados nesta terça-feira (10).

Vista aérea de praia no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, em 17/03/24, durante forte onda de calor.
Vista aérea de praia no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, em 17/03/24, durante forte onda de calor. © TERCIO TEIXEIRA / AFP
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Seguindo uma série ininterrupta de dez recordes mensais, o calor de março de 2024 constitui um novo sinal de um ano marcado pelo aquecimento global crescente devido à ação humana, acentuado pelo fenômeno El Niño, que aumentou os desastres naturais.

Se julho de 2023 se tornou o mês mais quente já medido no mundo, desde junho passado todos os meses também bateram o próprio recorde.

Março de 2024 continua a série, com uma temperatura média de 1,68°C superior a um mês normal de março no clima da era pré-industrial (1850-1900), anunciou o serviço de alterações climáticas (C3S) do Observatório Europeu Copernicus.

Nos últimos doze meses, a temperatura global foi 1,58°C superior à da era pré-industrial, ultrapassando o limite de 1,5°C estabelecido pelo Acordo de Paris. A anomalia deve, no entanto, ser observada em média ao longo de “pelo menos 20 anos” para considerar que o clima, e não a meteorologia anual, atingiu esse limite, recorda o observatório.

Recorde absoluto para os oceanos

Já faz mais de um ano desde que a temperatura dos oceanos, principais reguladores climáticos que cobrem 70% da Terra, está mais quente do que nunca. O mês de março de 2024 estabelece um novo recorde absoluto entre todos os meses, com uma média de 21,07°C medida na sua superfície (excluindo áreas próximas dos polos) pelo Copernicus.

“É muito incomum”, diz Samantha Burgess, chefe-adjunta do Serviço de Mudança Climática do Copernicus. O superaquecimento ameaça a vida marinha e traz mais umidade para a atmosfera, o que significa condições climáticas mais instáveis, como ventos fortes e chuvas torrenciais. Também reduz a absorção das emissões de gases com efeito de estufa nos mares, sumidouros de carbono que armazenam 90% do excesso de energia causado pela atividade humana.

Secas e inundações   

“Quanto mais a atmosfera global aquece, mais os eventos extremos serão numerosos, severos e intensos”, lembra a cientista Burgess, citando a ameaça de “ondas de calor, secas, inundações e incêndios florestais”.

Entre os exemplos recentes está a grave escassez de água que atingiu o Vietnã, a Catalunha e África, ameaçando outras regiões. O Zimbábue declarou estado de catástrofe nacional. Bogotá acaba de racionar água potável e o receio de escassez paira sobre a campanha eleitoral no México.

Por outro lado, a Rússia, o Brasil e a França sofreram grandes inundações. A influência das alterações climáticas continua a ser analisada por estudos científicos. Mas já se sabe que o aquecimento global, ao acentuar a evaporação e aumentar a umidade potencial do ar, influi na intensidade de determinados episódios de precipitação.

Fim do El Niño, mas não de recordes

Desde junho, o clima global tem sido afetado pelo fenômeno climático natural El Niño, sinônimo de temperaturas mais elevadas. Ele atingiu o seu pico em dezembro, mas ainda deve resultar em temperaturas continentais acima do normal até maio, conforme a Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Segundo a OMM, há chances de que o fenômeno oposto – La Niña – se desenvolva “ainda este ano”.

Emissões crescentes   

As concentrações atmosféricas de dióxido de carbono (CO₂), metano e óxido nítrico – os três principais gases com efeito estufa provocados pelo homem – aumentaram ainda mais em 2023, segundo estimativas da agência norte-americana Oceanic and Atmospheric Observation (NOAA), publicadas na semana passada. 

A concentração média de CO₂ foi de 419,3 partes por milhão (ppm) em 2023, um aumento de 2,8 ppm desde 2022.

(Com AFP)

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