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Com apoio do Hamas, grupos armados protegem entrega de ajuda humanitária em Gaza

Vários grupos armados e clãs familiares começaram a proteger comboios de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. O Hamas dá apoio aos grupos como uma forma de manter sua influência dentro do enclave palestino. A crescente influência de grupos que asseguram a proteção dos caminhões de ajuda humanitária frustra os planos de Israel de criar um sistema administrativo e de segurança independente do Hamas na Faixa de Gaza, devastada há mais de cinco meses por bombardeios e combates.

Ajuda humanitária para a população de Gaza enviada pelo Marrocos chega ao aeroporto de Tel Aviv, em 11 de março de 2024.
Ajuda humanitária para a população de Gaza enviada pelo Marrocos chega ao aeroporto de Tel Aviv, em 11 de março de 2024. © Maghreb Arabe Presse / AFP
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A agência de notícias Reuters afirma que um vídeo, ao qual teve acesso, mostra cerca de seis homens mascarados e armados com rifles de assalto AK-47 protegendo caminhões que transportam ajuda humanitária, no meio da noite, enquanto outros afastam a multidão com armas e bastões para evitar saques.

A distribuição de ajuda à população faminta e desfavorecida tornou-se particularmente perigosa em Gaza. Várias dezenas de civis foram mortos no norte do território durante uma entrega supervisionada pelo Exército israelense, que abriu fogo contra a multidão.

Os combatentes do Hamas são caçados por soldados israelenses, por isso, a distribuição da ajuda tem sido confiada, dependendo da localização, a poderosos clãs familiares ou outros grupos armados, incluindo alguns ligados ao Fatah, do presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas , rival do Hamas, explicaram fontes palestinas.

A segurança de comboios por parte de grupos, na prática, não tem influência na crise humanitária no enclave, devido à falta de ajuda suficiente. Mas sua organização demonstra a influência do Hamas, apesar dos ataques incessantes de Israel.

Além de seu ramo militar, considerado por muitos palestinos como uma organização de resistência, o Hamas estabeleceu durante anos sua popularidade oferecendo serviços sociais, programas educativos e outras obras de caridade em benefício dos residentes mais pobres de Gaza.

Devido ao colapso do sistema administrativo de Gaza desde o início da guerra e à recusa dos agentes da polícia em fornecer segurança aos comboios humanitários por medo de serem alvo do Exército israelense, o desafio da distribuição de ajuda se tornou central para os habitantes de Gaza.

Facções pró-Hamas

De acordo com o jornal Israel Hayom, os líderes israelenses chegaram a considerar confiar a civis armados a proteção dos comboios, como parte de uma reflexão mais ampla sobre formas de controlar a entrega de ajuda no final da guerra.

“O plano israelense de confiar nos clãs para distribuir ajuda para substituir o Hamas falhou”, disse um responsável palestino, que insistiu em permanecer anônimo.

"Este fracasso mostrou que as facções de resistência palestinas são inevitáveis. A esperança de Israel de encontrar pessoas dispostas a trair o seu povo é um sonho sem futuro. Todos sabem o que acontece aos traidores", disse ele.

Um porta-voz do Exército israelense se recusou a comentar o assunto.

Uma autoridade israelense, falando à Reuters sob condição de anonimato, disse que Israel apoiava, em princípio, a criação de uma força policial armada em áreas da Faixa de Gaza de onde o Hamas teria sido expulso.

“Mas este é um projeto de longo prazo, não algo que possamos implementar agora. Seria necessário garantir que os recrutas não tenham ligações com o Hamas e que não sirvam direta ou indiretamente os interesses do Hamas”, sublinhou.

Enquanto a União Europeia acusou, na segunda-feira (18), Israel de usar a fome como arma de guerra, vários funcionários da ONU disseram que não estavam em articulação com grupos armados em Gaza."Tentamos envolver novamente a polícia, mas houve alguns incidentes em que policiais foram alvo do Exército israelense, porque ele os considera parte da infraestrutura do Hamas", disse James McGoldrick, coordenador de ajuda da ONU nos territórios palestinos.

“Portanto, estamos tentando encontrar a melhor maneira de entregar ajuda ao norte e a outras partes da Faixa de Gaza", disse.

Ilustrando as tensões em torno da ajuda, Israel disse ter matado um alto funcionário da polícia de Gaza, o general Faiq Abdoulraouf al Mabhouh, durante sua recente operação militar no hospital al-Chifa, na cidade de Gaza.

Num comunicado, o Hamas acusou imediatamente Israel de ter lançado este ataque para “aumentar o caos” no enclave, tendo o general, segundo o movimento islâmico, supervisionado nos últimos dias a entrega e distribuição de farinha em várias cidades do norte de Gaza, uma novidade desde o início da guerra, mesmo que a quantidade continue muito insuficiente.

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