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Haiti: premiê Ariel Henry renuncia, deixando um país mergulhado na violência de gangues

O primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, renunciou ao posto na madrugada de segunda para terça-feira (12), ao mesmo tempo que desafiava e enfrentava uma onda de violência de gangues no país. O anúncio foi feito pelo presidente da Comunidade do Caribe (Caricom) e uma autoridade norte-americana.

O primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, aceitou renunciar ao cargo e ceder o poder a um governo de transição no país caribenho, assolado pela violência das gangues, segundo um anúncio na madrugada de terça-feira (12) em um vídeo publicado nas redes sociais do governo.
O primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, aceitou renunciar ao cargo e ceder o poder a um governo de transição no país caribenho, assolado pela violência das gangues, segundo um anúncio na madrugada de terça-feira (12) em um vídeo publicado nas redes sociais do governo. AP - Andrew Kasuku
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“Tomamos nota da renúncia do primeiro-ministro Ariel Henry”, disse Mohamed Irfaan Ali, presidente da Guiana e da Caricom, em conferência de imprensa após uma reunião na Jamaica sobre a crise no Haiti.

Ele disse estar "feliz" em anunciar "um acordo para um governo transitório que abre caminho para uma transição pacífica de poder, continuidade da governação, um plano de ação de segurança a curto prazo e eleições livres e justas".

Os países caribenhos reuniram-se em caráter de urgência na segunda-feira na Jamaica, por iniciativa da Caricom, com representantes da ONU e de vários países, incluindo a França e os Estados Unidos, para tentar avançar numa solução para o Haiti.

Porto Príncipe continuou neste fim de semana a afundar-se na violência ligada a gangues que exigiam a renúncia de Ariel Henry. Parte da população também se manifestava pela saída do premiê.

A decisão da renúncia 

Preso no território americano de Porto Rico após ser impedido de retornar à capital haitiana, Henry conversou remotamente com membros da Caricom durante a reunião.

Henry confirmou a renúncia durante uma conversa telefônica na segunda-feira com o secretário de Estado americano Antony Blinken, que estava na Jamaica, segundo uma autoridade dos EUA.

Ele pode ficar em Porto Rico, acrescentou o funcionário.

Sem presidente ou parlamento – o último chefe de Estado, Jovenel Moïse, foi assassinado em 2021 – o Haiti não tem eleições desde 2016. Henry, nomeado por Moïse, deveria ter deixado o cargo no início de fevereiro.

No início de março, assinou um acordo em Nairóbi para permitir o envio de agentes da polícia quenianos para o Haiti e desde então procurou regressar ao seu país.

O presidente da Guiana alertou há poucos dias que a Caricom pretendia ajudar a restaurar a “estabilidade e normalidade” no Haiti, descrevendo a situação lá como “desesperadora”. 

Estado de emergência e recolher obrigatório  

A capital haitiana é palco de confrontos entre policiais e gangues armadas, que atacam locais estratégicos como o palácio presidencial, delegacias e prisões.

O último sinal da crise de segurança é a saída, na segunda-feira, de todo o pessoal da União Europeia presente no Haiti.

Durante a noite de sábado para domingo, os americanos tiraram seu pessoal diplomático não essencial de helicóptero.

As autoridades haitianas declararam há uma semana o estado de emergência, acompanhado de um toque de recolher obrigatório noturno, no departamento oeste, que inclui a capital, mas não controlam totalmente este território.

O toque de recolher foi prorrogado de segunda a quinta-feira, de acordo com um comunicado de imprensa das autoridades.

Segundo vários diplomatas, a reunião de Kingston pretendia formalizar uma proposta a Ariel Henry, para que este cedesse o poder a um conselho de transição composto por um amplo painel da sociedade civil haitiana.

Na segunda-feira, o Conselho de Segurança da ONU apelou a todos os atores políticos haitianos para “negociações sérias” para “restaurar as instituições democráticas” do país.

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, anunciou após a reunião na Jamaica que os Estados Unidos forneceriam US$ 133 milhões adicionais para resolver a crise, incluindo US$ 100 milhões para a força multinacional a ser enviada ao Haiti, e US$ 33 milhões em ajuda humanitária.

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, presente virtualmente durante as discussões, havia oferecido pouco antes cerca de US$ 91 milhões.

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