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Em meio à crise na saúde, Coreia do Sul começa a demitir médicos grevistas

O governo da Coreia do Sul está endurecendo sua resposta a jovens médicos grevistas e promovendo demissões em massa. O movimento social foi criado em oposição ao aumento do número de alunos nas faculdades de medicina. Nesta segunda-feira (11) as autoridades informaram ter enviado uma ordem de suspensão aos contratos de quase 5.000 jovens médicos, prometendo clemência para quem concordar em voltar ao trabalho.

Equipe médica do Hospital Universitário de Gwangju, Coreia do Sul, 19 de fevereiro de 2024.
Equipe médica do Hospital Universitário de Gwangju, Coreia do Sul, 19 de fevereiro de 2024. © Yonhap / AFP
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Com informações do correspondente da RFI em Seul, Nicolas Rocca.

Confrontado com a intensificação da crise hospitalar, o governo sul-coreano aposta em incentivos e também castigos. Jun Byung-wang, vice-ministro da Saúde, anunciou que as ameaças de suspensão aos médicos grevistas foram concretizadas: “O governo está gradualmente enviando avisos de demissão aos médicos que violaram a ordem de regresso ao trabalho. Até 8 de março, 4.944 pessoas haviam sido notificadas", afirmou.

"Inaceitável"

Os médicos têm até 25 de março para dar uma resposta ao governo sul-coreano se voltarão aos seus postos. Este domingo (10), o ministro da Saúde e Assuntos Sociais, Cho Kyoo-hong, lamentou que grevistas estivessem impedindo os seus colegas de voltarem ao hospital. “É absolutamente inaceitável atacar quem trabalha dia e noite no hospital e forçá-los a participar nessa ação coletiva", afirmou.

Ao mesmo tempo, as autoridades garantem o perdão a quem concordar em voltar ao trabalho antes do final dos procedimentos administrativos de demissão. Uma leniência que pode ser explicada pela preocupação do governo diante da crise hospitalar no país.

Esta segunda-feira, mais de 150 médicos militares e responsáveis ​​de saúde pública foram mobilizados para tentar evitar adiamentos de operações e procedimentos urgentes que se acumulam há quase três semanas nos hospitais sul-coreanos.

Aumento das vagas 

Os grevistas protestam contra um projeto governamental que visa aumentar em 65% o número de admissões nas faculdades de medicina a partir do próximo ano, ou cerca de 2.000 pessoas por ano. Esta é uma medida considerada essencial para fazer face à escassez de pessoal de saúde e ao envelhecimento da população na Coreia do Sul.

Contudo, os médicos se opõem veementemente ao projeto, acreditando que a admissão de mais estudantes nas faculdades de medicina resultará numa queda no nível dos futuros profissionais e que a qualidade dos cuidados será prejudicada. Os defensores da reforma, por sua vez, acusam os grevistas de estarem apenas preocupados com a possibilidade de verem o seu rendimento diminuir e o seu estatuto social se deteriorar diante da concorrência. 

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