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Para enfrentar a China, EUA relançam campo de aviação do bombardeio de Hiroshima

Foi de uma pequena ilha perdida no Pacífico que partiu o avião que lançou a bomba atômica sobre Hiroshima na manhã de 6 de agosto de 1945. O campo de aviação militar de Tinian, destruído durante décadas pela selva, está agora sendo renovado pelo Exército americano.

A base aérea americana na ilha de Guam, no Pacífico, em 2006.
A base aérea americana na ilha de Guam, no Pacífico, em 2006. Navy/Handout/File Photo via REUTERS
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Para combater a crescente influência da China na Ásia-Pacífico, os Estados Unidos estão investindo milhões de dólares em novos locais estratégicos, como bases militares alternativas que podem ser utilizadas em caso de ataque às suas principais infraestruturas.

Esta política, aplicada com “um sentido de urgência”, de acordo com Washington, responde à semelhante estratégia de Pequim, que durante anos transformou ilhotas em bases militares nas águas altamente disputadas do Mar do Sul da China.

Mas enquanto a China precisa construir suas pistas do zero, com os pés na água, “a reabilitação dos aeródromos da Segunda Guerra Mundial deu à Força Aérea no Pacífico um meio de rápida implementação de infraestruturas na região”, declarou um porta-voz de uma filial do Pentágono.

Assim, em Tinian, território americano perto de Guam, o histórico campo de aviação no norte da ilha “tem uma grande área coberta sob a selva”. “Vamos limpar esta vegetação até o próximo verão” para fazer uma “grande” base, afirmou recentemente ao jornal Nikkei o general Kenneth Wilsbach, comandante da Força Aérea americana no Pacífico.

O aeroporto mais importante do mundo

Se, por um lado, a Força Aérea dos EUA já iniciou obras perto do atual aeroporto civil, por outro, também irá renovar aquele que era, em 1945, o aeroporto mais importante do mundo, onde, há 2,3 mil quilômetros ao sul do Japão, dezenas de B-29 se revezaram em seis pistas de decolagem e pouso para bombardear incansavelmente o império inimigo.

Construída às pressas depois que a ilha foi tomada dos japoneses, esta base avançada foi então escolhida para as primeiras bombas nucleares. Foi desta ilhota do arquipélago de Mariana que, nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, decolaram os aviões que lançaram “Little Boy” e “Fat Man” sobre Hiroshima e depois Nagasaki, matando mais de 200 mil pessoas e colocando o Japão de joelhos.

Quase 80 anos depois, as escavadeiras estão de volta a Tinian – desta vez com Pequim na mira. “O empreendimento coercitivo e cada vez mais agressivo da China para remodelar a região Indo-Pacífico” representa “o maior e mais sério desafio à segurança nacional dos Estados Unidos”, observou em 2022 o documento que define a estratégia do Exército americano para os anos seguintes.

Um confronto de poder que leva Washington a investir alto para fortalecer suas posições na região. Nos últimos três anos, o orçamento anual atribuído à construção militar americana na Ásia-Pacífico dobrou, passando de US$ 1,8 bilhão em 2020 para US$ 3,6 bilhões em 2023, de acordo com um relatório do centro de pesquisas do Congresso americano.

Filipinas e Austrália

A abordagem do Pentágono é clara: multiplicar as bases para ser mais flexível e poder operar fora das grandes bases americanas existentes no Japão, na Coreia do Sul e na ilha de Guam. Desde 2011, observa ainda este relatório do Congresso, “os Estados Unidos negociaram o acesso a 12 novos locais de defesa nas Filipinas e na Austrália”, incluindo muitos da Segunda Guerra Mundial.

“Uma grande parte da nossa estratégia é retomar os campos de aviação da Segunda Guerra Mundial”, revelou o chefe da Força Aérea dos EUA no Pacífico em setembro, durante uma conferência. “Estamos limpando a selva e temos um campo de aviação.”

“Não construímos bases enormes”, insistiu Kenneth Wilsbach. “Queremos apenas um lugar onde haja combustível, armas, talvez algo para comer, tirar uma soneca, para que possamos decolar novamente”, continuou.

É exatamente este o modelo aplicado em Tinian, onde as obras de renovação começaram em fevereiro de 2022, primeiro perto do atual aeroporto, antes de se estenderem em direção ao antigo campo de aviação da Segunda Guerra Mundial, a partir do norte da ilha.

“Um sentimento de urgência”

É principalmente “um sentimento de urgência” que permitiu ao exército americano, com estas novas instalações, “melhorar a postura de dissuasão” na região, acrescentou o porta-voz da Força Aérea no Pacífico.

Dentro de dois anos deverá ser concluída a reabilitação de enormes áreas para manobras aéreas e a construção de reservas de combustível, a fim de "garantir a capacidade de cumprir os objetivos da missão no caso de a base aérea de Andersen (em Guam) ou em outros locais no Pacífico ocidental se tornarem inacessíveis”, como apontam documentos financeiros militares dos EUA, com orçamento de pelo menos US$ 162 milhões.

(Com informações da AFP)

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